UNIVERSO O que vi do universo até hoje foi pouco mas, se penso em quanto meço, posso dizer que foi muito. Sei, de ler, que o universo é de tais dimensões que a própria luz só o atravessa depois de bilhões e bilhões de anos, e que nele há multidões de galáxias e sóis que talvez já morreram, antes de chegar sua luz até nós. Deste modo, é correto dizer que o céu que ora espio é passado e que até pode ser que o universo que vejo já se tenha acabado. Mas, de fato, não vejo a não ser nas revistas de astronomias: o lampejo espantoso de infinitas constelações a brilhar num abismo espectral e difuso de gases e poeira estelar que me deixa confuso. E assim, assustado e mudo, bem menor que um ínfimo grão de poeira, contudo, sou capaz de apreender, no meu íntimo, essas incontáveis galáxias, esses espaços sem fim, essa treva e explosões de lava. Como tudo isso cabe em mim? O fato é que qualquer vasta nuvem prenhe de sóis já mortos ou futuros não possui consciência, esse obscuro fenônemo s...