FAVELÁRIO NACIONAL São 200, são 300, são mil as favelas paulistas? O tempo gasto em contá-las é tempo de outras surgirem. 1.000.000 de favelados ou já passa de 2 milhões? Enquanto se contam, ama-se em barraco e a céu aberto, novos seres se encomendam ou nascem à revelia. Os que mudam, os que somem, os que são mortos a tiro são logo substituídos. Onde haja terreno vago, onde ainda não se ergue um caixotão de cimento esguio (mas vai-se erguer) surgem trapos e tar ecos, sobe fumaça de lenha em jantar improvisado. Urbaniza-se? Remove-se? Extingue-se a pau e fogo? Que fazer com tanta gente brotando do chão, formigas de formigueiro infinito? Ensinar-lhes paciência, conformidade, renúncia? Cadastrá-los e fichá-los para fins eleitorais? Prometer-lhes a sonhada, mirífica, róseo-futura distribuição (oh!) de renda? Deixar tudo como está para ver como é que fica? Em seminários, simpósios, comissões, congressos, cúpulas de alta vaniloquência elaborar a perfeita e div...