Gestão: Sanguessugas Corporativos
Artigos Científicos
Sanguessuga:
- “verme do filo dos anelídeos, da classe dos hirudíneos, que habita as águas doces e tem ventosas com que se liga aos animais a fim de sugar-lhes o sangue
- (...) pessoa que explora outra pedindo-lhe constantemente dinheiro; chupa-sangue.”(Dicionário Aurélio).
Por Nelson Vieira (*)
Lembro-me de quando ainda trabalhava como Gerente de Desenvolvimento Organizacional em uma empresa de grande porte com forte atuação nas regiões norte e nordeste do país somando com vários profissionais e executivos oriundos de vários outros estados do Brasil, sobretudo das regiões sul e sudeste.
Foi um período muito importante em minha vida, porque tive a oportunidade de trocar experiências ensinando e aprendendo acerca do trabalho, do mundo corporativo com todas as suas riquezas e mazelas, e mesmo da vida cotidiana.
Foi um período muito importante em minha vida, porque tive a oportunidade de trocar experiências ensinando e aprendendo acerca do trabalho, do mundo corporativo com todas as suas riquezas e mazelas, e mesmo da vida cotidiana.
Sempre tive uma forte característica de ser bastante entusiasta em minhas atividades, sou movido à adrenalina, gosto disso, acho que está no sangue, jamais faço algo simplesmente por fazer, tudo o que faço é com muita satisfação, desde um simples bom dia até a minha presença de palco para uma palestra, um bate-papo ou qualquer outra coisa.
Assim, certa vez, lembro-me de ter visitado um certo departamento e os cumprimentei como o fazia desde que fora contratado por essa Empresa em todas as áreas, com um cordial bom dia, acompanhado de um sorriso de orelha a orelha e duas palmas com as mãos, até o cumprimento individualizado, como o faço ainda hoje em minha Empresa.
Posteriormente, qual foi a minha surpresa, fui chamado pelo gestor da área – meu par – que me indagou com todo o seu “carioquês” de raiz: – Oh bichão, e aê, não entendi. Qual o intuito daquelas palmas? O que você pretendia com aquilo?
Ao que respondi, à época, ainda atônito pela abordagem do colega, a quem tanto admirava e tinha profunda estima e consideração: – Como assim? Apenas fiz o que sempre faço! E ele prosseguiu: – Pois eu deixo aqui registrada a minha indignação e de toda a minha equipe. Que isso não se repita na minha área!
Essas palavras me atingiram em cheio, bem no fundo da alma. Jamais pensei em desrespeitá-lo, minha intenção era tão somente a de compartilhar mais um dia, mais um pouco da minha alegria e da minha satisfação em estar ali, trabalhando, fazendo o que gosto, compartilhando momentos agradáveis com aquelas pessoas, quem sabe até ajudando a alegrar o dia de alguém e óbvio, me retroalimentando de toda aquela energia.
Porém, ocorreu o inverso, depois daquela conversa fiquei completamente sem ânimo, desgastado, apático, triste, sem forças sequer para teclar, daquele momento em diante tudo o que eu precisava era de uma boa cama pra dormir um sono profundo de uma semana. Confesso que levei um longo tempo até me recuperar, foi um golpe traiçoeiro em minha auto-estima enquanto estava distraído e “entre amigos”, desferido pelas costas.
No entanto, me recuperei e aprendi com a situação:
- Os sanguessugas corporativos não sugam, à priori, o sangue de outras pessoas, tampouco dinheiro, eles sugam o que você tem de mais precioso, sugam o seu espírito, seu entusiasmo, sua alegria, seu talento.
- E detalhe, eles não precisam necessariamente ocupar cargos de liderança nas organizações; aliás, empiricamente falando, eles estão em menor escala ocupando cargos importantes.
- A maior parte deles ocupa cargos de média gerência e supervisão, mas também pode ser o porteiro, o inspetor, o faxineiro, ou mesmo aquela secretária da presidência, analistas administrativos e outros profissionais exercendo outros cargos de menor expressão, embora não menos importantes.
E o que é mais interessante: os sanguessugas não estão apenas nas empresas, eles podem estar em qualquer lugar: dentro de casa, na vizinhança, na escola, na faculdade ou mesmo na igreja. Suas ventosas estão ocultas sobre os recônditos da sua frustração, do seu auto-desconhecimento, da sua inveja e amargura.
Então aí vão algumas dicas para essas pessoas:
- Descubram-se,
- dêem vazão para o seu talento,
- deixe o seu verdadeiro potencial se manifestar,
- use e abuse da sua criatividade,
- respeite-se,
- perdoe-se,
- acredite que você é uma fonte inesgotável de recursos.
Você não precisa da energia dos outros e nem apagar o brilho de quem quer que seja. Procure acreditar mais em si mesmo e por fim, use suas ventosas para transfundir-se, compartilhando coisas boas, abstraindo o que há de melhor na outra pessoa, sem sugar-lhe, e ao mesmo tempo transmitindo o que você tem de melhor.
Desse modo, você vai descobrir um mundo de possibilidades, rico e abundante, com espaço para todos.
(*) Nelson Vieira é psicólogo, master coach e palestrante comportamental, pós-graduado em Gestão de Pessoas pela FGV e facilitador do Empretec (ONU-SEBRAE).
Fonte: www.nelsonvieira.com.br
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