Homenagem ao dia do Índio

“O que importa perceber é: o que é que as imagens dos jornais fazem? Provavelmente dirá que elas informam. Mas, de certo modo, não é assim. Elas sublinham ou reforçam o que já sabemos.”
(Fotógrafo Tim Hetherington no jornal português Público em 12 de abril)




O caminho mais curto para o fracasso

Das muitas reflexões acerca do colapso do sistema neoliberal, três despontam com claridade. A primeira é que para salvar o Titanic afundando não bastam correções e regulações no sistema em naufrágio. Precisa-se de uma outra rota que evite o choque com o iceberg: uma produção que não se reja só pela ganância nem por um consumo ilimitado e excludente.

A segunda, não valem rupturas bruscas na ilusão de que já nos transportariam para um outro mundo possível, pois seguramente implicariam no colapso total do sistema de convivência, com vitimas sem conta, sem a certeza de que das ruínas nasceria uma nova ordem melhor.

A terceira, a categoria sustentabilidade é axial em qualquer intento de solução. Isso significa: o desenvolvimento necessário para a manutenção da vida humana e para a preservação da vitalidade da Terra não pode seguir as pautas do crescimento até agora vigentes (olho no PAC de Dilma Rouseff). Ele é demasiado depredador do capital natural e parco em solidariedade generacional presente e futura.

Importa encontrar um sutil equilíbrio entre a capacidade de suporte e regeneração da Terra com seus diferentes ecossistemas e o pretendido desenvolvimento necessário para assegurar o bem viver humano e a continuidade do projeto planetário em curso que representa a nova e irreversível fase da história.

Esta diligência precisa acolher a estratégia da transição do paradigma atual que não garante um futuro sustentável para um novo paradigma a ser construído pela cooperação intercultural que signifique um novo acerto entre economia e ecologia na perspectiva da manutenção da vida na Terra.

Onde vejo o grande gargalo? É na questão ecológica. Ela é citada apenas en passant nas agendas políticas visando a superação da crise. Na reunião dos G-20 no dia 2 de abril em Londres, o tema não influiu na formulação dos instrumentos para ordenar o caos sistêmico. Não se trata apenas do mais grave de todos, o aquecimento global, mas também do degelo, da acidez dos oceanos, da crescente desertificação, do desflorestamento de grandes zonas tropicais e do surgimento do planeta-favela em razão da urbanização selvagem e do desemprego estrutural.

E mais ainda: a revelação dos dados que mostram a insustenbilidade geral da própria Terra, cujo consumo humano ultrapassou em 30% sua capacidade de reposição.

Uma natureza devastada e um tecido social mundial dilacerado pela fome e pela exclusão anulam as condições para a reprodução do projeto do capital dentro de um novo ciclo. Tudo indica que os limites da Terra são os limites terminais deste sistema que imperou por vários séculos.

O caminho mais curto para o fracasso de todas as iniciativas visando sair da crise sistêmica é esta desconsideração do fator ecológico. Ele não é uma “externalidade” que se pode tolerar por ser inevitável. Ou lhe conferimos centralidade em qualquer solução possível ou então teremos que aceitar o eventual colapso da espécie humana. A bomba ecológica é mais perigosa que todas as bombas letais já construídas e armazenadas.

Desta vez teremos que ser coletivamente humildes e escutar o que a própria natureza, aos gritos, nos está pedindo: renunciar à agressão que o modelo de produção e consumo implica. Não somos deuses nem donos da Terra mas suas criaturas e seus inquilinos. Belamente termina Rose Marie Muraro um livro a sair em breve pela Vozes”Querendo ser Deus, por quê? “Quando tivermos desistido de ser deuses, poderemos ser plenamente humanos o que ainda não sabemos o que é, mas que já intuíamos desde sempre”.


Leonardo Boff é autor de “Virtudes para um outro mundo possível” - Ed. Vozes, 2008.


Comentário:
Olha, vê e repara antes que seja tarde.

Comentários

Martin disse…
Parabéns, parabéns...

Já estamos passando do ponto em que qualquer decisão governamental deveria vir acompanhada de um link associado analisando seu IMPACTO AMBIENTAL...

Por exemplo: Em 09/01/2009 o Banco do Brasil comprou, por R$ 4,2 BILHÕES, 49,9% das ações do Banco Votorantim, porque visava "fortalecer o setor de financiamentos de veículos, mercado em que o Banco Votorantim atuou com rápido crescimento"...

Péssimo negócio sob todos os pontos de vista, sendo o principal o fato de injetar dinheiro PÚBLICO no setor privado SEM exigir o CONTROLE => 51% das ações seriam suficientes !!

A vergonheira continua => Alguns dias após, em 21/01/09, o Grupo Votorantim anunciou a compra da Aracruz Celulose, por R$ 5,6 BILHÕES, graças a ESSA capitalização prévia,
citada acima, e MAIS uma ajuda de R$ 2,4 BILHÕES do "nosso" BNDS...

MAIS UM PÉSSIMO NEGÓCIO P/ OS BRASILEIROS (não os da família Ermírio de Morais e Lula da Silva) !!

Vejamos: As montadoras estão em crise e poderiam demitir...O Banco Votorantim é fomentador do mercado de carros usados, com seus financiamentos, e indiretamente promove a indústria dos novos...Estava em crise por causa de maus negócios atrelados ao dólar...Itaú e Bradesco queriam comprá-lo...Pronto !! Por quê se atravessar (o Lula) e dar dinheiro público SEM ficar dono do negócio ??

E, sob o ASPECTO ECOLÓGICO, vejamos:

- Economizaríamos R$ 6,4 BILHÕES (num primeiro momento).
- Os funcionários demitidos do setor automobilístico seriam RELOCADOS para o setor FERROVIÁRIO, aonde o PAC já deveria estar investindo COM FIRMEZA, para recuperar e desenvolver esse meio de transporte, tanto entre cidades, como entre centros produtores, portos e cidades !

Isso ainda aliviaria nosso trânsito nas cidade e, principalmente, nas estradas, enquanto DIMINUIRIA O CUSTO BRASIL (preço final de nossas exportações)...

- Investiríamos esse valor (e empregos!) em NOVAS fontes de energia => Eólica, Solar, Biodigestores Rurais e em Lixões municipais, e num projeto chamado AEROMÓVEL, que REVOLUCIONARÁ o trânsito das grandes metrópoles (desde que nossos mandatários não se rendam a seus financiadores de campanha), mas que há décadas sofre com o bloqueio - lobby (!!) das grandes montadoras...

IMPERDÍVEL !!! Veja abaixo:

- http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=4312

- http://www.skyscraperlife.com/infra-estrutura-e-transporte/14562-porto-alegre-rs-aeromovel-estacao-aeroporto-ao-novo-terminal-2.html


Att.

Martin
Unknown disse…
Parabéns Tato! Que post sensacional !
Boff sabe tudo e um pouco mais.

Abrs
Anônimo disse…
Parabéns, parabéns...

Já estamos passando do ponto em que qualquer decisão governamental deveria vir acompanhada de um link associado analisando seu IMPACTO AMBIENTAL...

Por exemplo: Em 09/01/2009 o Banco do Brasil comprou, por R$ 4,2 BILHÕES, 49,9% das ações do Banco Votorantim, porque visava "fortalecer o setor de financiamentos de veículos, mercado em que o Banco Votorantim atuou com rápido crescimento"...

Péssimo negócio sob todos os pontos de vista, sendo o principal o fato de injetar dinheiro PÚBLICO no setor privado SEM exigir o CONTROLE => 51% das ações seriam suficientes !!

A vergonheira continua => Alguns dias após, em 21/01/09, o Grupo Votorantim anunciou a compra da Aracruz Celulose, por R$ 5,6 BILHÕES, graças a ESSA capitalização prévia,
citada acima, e MAIS uma ajuda de R$ 2,4 BILHÕES do "nosso" BNDS...

MAIS UM PÉSSIMO NEGÓCIO P/ OS BRASILEIROS (não os da família Ermírio de Morais e Lula da Silva) !!

Vejamos: As montadoras estão em crise e poderiam demitir...O Banco Votorantim é fomentador do mercado de carros usados, com seus financiamentos, e indiretamente promove a indústria dos novos...Estava em crise por causa de maus negócios atrelados ao dólar...Itaú e Bradesco queriam comprá-lo...Pronto !! Por quê se atravessar (o Lula) e dar dinheiro público SEM ficar dono do negócio ??

E, sob o ASPECTO ECOLÓGICO, vejamos:

- Economizaríamos R$ 6,4 BILHÕES (num primeiro momento).
- Os funcionários demitidos do setor automobilístico seriam RELOCADOS para o setor FERROVIÁRIO, aonde o PAC já deveria estar investindo COM FIRMEZA, para recuperar e desenvolver esse meio de transporte, tanto entre cidades, como entre centros produtores, portos e cidades !

Isso ainda aliviaria nosso trânsito nas cidade e, principalmente, nas estradas, enquanto DIMINUIRIA O CUSTO BRASIL (preço final de nossas exportações)...

- Investiríamos esse valor (e empregos!) em NOVAS fontes de energia => Eólica, Solar, Biodigestores Rurais e em Lixões municipais, e num projeto chamado AEROMÓVEL, que REVOLUCIONARÁ o trânsito das grandes metrópoles (desde que nossos mandatários não se rendam a seus financiadores de campanha), mas que há décadas sofre com o bloqueio - lobby (!!) - das grandes montadoras...

IMPERDÍVEL !!! Veja abaixo:

- http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=4312

- http://www.skyscraperlife.com/infra-estrutura-e-transporte/14562-porto-alegre-rs-aeromovel-estacao-aeroporto-ao-novo-terminal-2.html

Att.

Martin

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