De Masi: "Baixo crescimento econômico do Brasil é preocupante"

De Masi: "O universo corporativo é masoquista"

"Se o trabalho for repetitivo, cansativo, chato, de subordinação, 
reduz-se a uma escravidão, a uma tortura, a um castigo bíblico"
(Domenico De Masi - Sociólogo)

Do chão do Home Office
O sociólogo italiano Domenico de Masi, autor dentre outros livros como O Ócio Criativo e O Futuro do Trabalho, participou de sabatina organizada pelo jornal Folha de S. Paulo terça-feira (19/3). 

No evento, de Masi defendeu que pessoas que trabalham com atividades criativas poderiam se tornar mais produtivas se tivessem mais tempo para se dedicar ao lazer e à família.

De Masi sempre defendeu a flexibilização do trabalho e a redução de jornadas como formas de se trabalhar melhor, com mais qualidade. Em passagem pelo Brasil, o professor da universidade romana de La Sapienza disse que:
  • “O Brasil não é o melhor dos mundos possíveis, mas é o melhor dos mundos existentes”. 
O sociólogo acredita que, depois de copiar os modelos de trabalho europeu e americano, ambos em pleno declínio, chegou a hora de o Brasil mostrar uma formatação inovadora. (difícil com a baixa qualidade de ensino diagnosticada tanto no fundamental, quanto no médio e superior engendrada, propositadamente, pelo atual governo petista - aparte nosso)
  • "Tele-aprenderemos, tele-trabalharemos, tele-amaremos e tele-divertiremo-nos. O trabalho ocupará apenas um décimo de toda a vida dos trabalhadores. As mulheres estarão no centro do sistema social. O mundo será mais rico, mas continuará desigual. A estética dos objetos e a cortesia nos serviços (serviço legendário) interessarão mais do que sua evidente perfeição técnica. A homologação global prevalecerá sobre a identidade local."
Segundo De Massi, "a força de trabalho atual é composta apenas por um terço de operários, outro terço de trabalhadores intelectuais em funções executivas (bancário, recepcionista etc.) e um último terço de funcionários com atividades criativas (jornalista, profissional liberal, cientista, etc.). 

Se o trabalho for repetitivo, cansativo, chato, de subordinação, reduz-se a uma escravidão, a uma tortura, a um castigo bíblico. Nesse caso, a única defesa consiste em trabalhar o menos possível, pelo menor número de anos possível. 

Mas se, em vez disso, for uma atividade intelectual e criativa – que corresponde à nossa vocação e ao nosso profissionalismo -, então ocupa toda nossa inteligência e satisfaz nossas necessidades de auto-realização. Nesse caso confunde-se o trabalho com o estudo e com o lazer, transformando o trabalho em ócio criativo. 

Na vida pós-industrial, organizada para produzir principalmente ideias, não existe trabalho e não existe horário. Existe apenas ócio criativo, que dura 24 horas, mesmo quando se dorme e se produz ideias sonhando."

Para De Masi, "as empresas ainda não se deram conta deste novo momento global. A oferta de trabalho diminui nos países desenvolvidos e a procura por trabalho cresce, mas as empresas não reduzem a carga horária. Poderíamos trabalhar todos e pouco, mas alguns trabalham dez horas por dia enquanto seus filhos estão desempregados.

As tecnologias da informação possibilitam o teletrabalho, mas todos continuam a trabalhar nas empresas. A produção de ideias precisa de autonomia e de liberdade, mas as empresas tornam-se cada vez mais burocráticas. 

As distâncias culturais entre os chefes e os funcionários diminuem, mas as das faixas salariais aumentam. As empresas pregam colaboração, mas estimulam competitividade. 

O universo corporativo é masoquista", assertou o respeitável sociólogo italiano.

Fonte: Folha de S. Paulo

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