PIIGS: Banco mais antigo do mundo pode quebrar
O banco mais antigo do mundo , fundado em 1472 em Siena (Toscana,
Itália), quem diria, vive outro capítulo constrangedor da sua trágica história
recente, amigo navegante.
A sobrevivência do pobrezinho Banco Monte dei Paschi di Siena (BMPS), terceiro maior do país, depende de uma ajuda de 3,9 bilhões de euros do governo italiano, mas esqueletos de operações com produtos financeiros avançados começaram a emergir nos últimos dias e colocaram em xeque o resgate. (espera-se que Diogo Mainardi, aquele mesmo do Anauê Conection, tenha investido toda sua fortuna, de novo rico, em ações do bancão italiano)
A sobrevivência do pobrezinho Banco Monte dei Paschi di Siena (BMPS), terceiro maior do país, depende de uma ajuda de 3,9 bilhões de euros do governo italiano, mas esqueletos de operações com produtos financeiros avançados começaram a emergir nos últimos dias e colocaram em xeque o resgate. (espera-se que Diogo Mainardi, aquele mesmo do Anauê Conection, tenha investido toda sua fortuna, de novo rico, em ações do bancão italiano)
O jornal Il Fatto Quotidian revelou na semana passada que o BMPS se
envolveu em 2009 numa operação com derivativos financeiros, batizada de
“Alexandria”, com o banco japonês Nomura e que resultará em uma
importante perda que afetará o balaço de 2012. Além disso, a Bloomberg
revelou outra operação mal feita, chamada de “Projeto Santorini”,
realizada em 2008 com o Deutsche Bank e que escondeu perdas antes do
primeiro pedido de ajuda feito ao governo no ano seguinte.
O BMPS confirmou em um comunicado as duas transações e disse que também
está revisando uma outra operação mal sucedida chamada de “Nota
Italia”, que têm sido apontadas por novos executivos da instituição
financeira. As revelações jogaram lenha no ardente debate político
italiano, que têm esquentado com a proximidade das eleições
legislativas de 24 e 25 de fevereiro. Os adversários do
primeiro-ministro italiano, Mario Monti, o acusam de “defender os
oligarcas contra o povo". Entre eles está o ex-premiê, Silvio
Berlusconi.
O ministro das Finanças, Vittorio Grilli, foi ao Parlamento para
defender a ajuda do governo ao banco, enquanto os legisladores o
questionam se após os escândalos o banco ainda merece os recursos. Os
problemas também causaram um embaraço no atual presidente do Banco
Central Europeu, Mario Draghi, e que à época das operações secretas e
fraudulentas comandava o BC italiano.
Grilli disse ao Parlamento que o dinheiro não será enviado na forma de
um resgate, mas sim emprestado inicialmente com juros de 9% pagos ao
governo. A taxa subiria depois para 15% durante o período da
assistência financeira. Se o banco não conseguir pagar a dívida, os
empréstimos serão convertidos em ações, dando ao governo uma
participação direta no banco.
O incomum e recém-criado (tem apenas 3 anos) partido político italiano
Movimento Cinco Estrelas (M5S), que nasceu de um blog criado pelo
humorista Beppe Grillo e que já se firma como um dos principais do
país, também se envolveu nas discussões sobre a ajuda ao combalido
banco. Ele ressalta em um post em seu blog nesta terça-feira que o
início da derrocada do MPS aconteceu em 2007.
À época, o Santander tinha comprado o holandês ABN Amro em um consórcio
com o Royal Bank of Scotland e o Fortis, e levou com a operação o
italiano o Antoveneta (e o Banco Real no Brasil) como parte do acordo.
O banco italiano tinha sido avaliado na época da compra pelo Santander
em cerca de 6,6 bilhões de euros. É aí que o BMPS aparece na jogada.
O espanhol decidiu vender o Antoveneta e quem levou o banco foi o BMPS.
E com uma oferta 36% maior. O banco já era uma espécie de batata quente
no setor financeiro. O novo dono era o terceiro a assumir as rédeas do
banco em apenas 18 meses. O problema, segundo Grillo, é que o BMPS não
realizou uma fiscalização apurada da situação do banco e também levou
para casa cerca de 7,9 bilhões de euros em dívidas.
E pagá-las foi quase impossível quando o inglês Northern Rock faliu. O
banco foi o primeiro a colapsar na crise, o que gerou filas de ingleses
nas portas dos bancos nas até então quase inimagináveis corridas
bancárias, e financiou parte da compra do Antoveneta. O acionista
majoritário, a Fondazione MPS, precisou de 2 bilhões de euros.
Depois, no ano passado, quando a Autoridade Bancária Europeia descobriu
que o banco tinha um déficit de capital de 3,2 bilhões de euros, a
Fondazione precisou vender 15% da instituição.
O banco foi então
forçado a pedir ajuda ao governo italiano. Uma espécie de "proer" à italiana.
Fonte: Il Fatto Quotidian
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