Greve dos bancários: Xibom Bombom
"A loucura é um troço engraçado que só se enxerga no outro,
nunca em si mesmo"
(Pinel, no séc XVIII)
Direto de vidas passadas
Um amigo navegante (auto-imagem ilustrativa ao lado), de outras vidas inclusive, cobra deste bloguista vulgar uma postura à altura da luta que se trava por melhores salários, condições de trabalho e de vida para a classe bastarda dos bancários contra a abastada dos banqueiros, privilegiada desde sempre. Encaminhou-me ele, então, uma mensagem do além com o seguinte versinho, sucesso monstruoso da nossa matriz do norte:
"Strangers in the night.."
Em realidade, se se parassem de vislumbrar a realidade pelas windows da vida e olhassem, de quando em vez que fosse, pelo buraco da fechadura das Doors, perceberiam de pronto que "People are strange" seria a música mais apropriada para essa galerinha tão meiga que faz o joguinho dos sindigatos de forma tão pueril.
Houve época que uma conceituada autoridade, em berne, desabafou :
- "É a política, estúpido!"
Nossa época não é muito diferente daquela; ou seja:
- "Façam as contas, estúpidos!"
- Inflação (oficial) dos últimos 12 meses: 5,2405% (*)
- Proposta da fenaban: 6% (adido de ajustamento, portanto, de 0,75%)
- Inflação projetada para os 12 meses seguintes, nos quais o "aumento histórico" que os sindigatunos empurrarão goela abaixo desses pregos: 5,5%
Sendo extremamente otimista e considerando que a inflação aí medida contempla, num mesmo saco, tanto quem ganha míseros R$ 540,00/mês até quem ganha, pasmem, R$ 22.000,00/mês, quando até os chifres do Aique sabem que não a inflação, mas o aumento relativo dos preços sobre a cesta básica, o transporte, a saúde, a educação e o vestuário, etc., pesa muito mais para os pobres (rotundas camadas inferiores que compõem a pirâmide social das organizações) que para os ricos (cume da pirâmide organizacional, composta por asseclas energúmenos e alienados da realidade).
Pergunto: quanto será mesmo vosso suposto "aumento real"?
Lembro aos incautos da geração Y(diotas), ás nos games que repetem o refrão "Escravos de Jobs, jogavam..." que aumento real significa, a não ser que as espertíssimas quadrilhas ora instaladas no Poder Central tenham mudado, aumento de poder de compra.
Pergunte-se, pois, caro amigo navegante, se sua nova "conquista histórica" terá mesmo um "aumento real" verificável nos 12 meses - forward - após um ajustamento monetário que não restabelece o seu poder de compra anterior?
A resposta, desconfio, é óbvia, e receio que até um chimpanzé com cinco anos de idade é capaz de respondê-la, mesmo se estiver chapado com doses cavalares de crack, cocaína, heroína ou maconha como este aí ao lado que se nos apresenta.
Pois bem, vamos tirar a lona e jogar holofotes no circo, antes que os sindigatunos ergam muros e encarcerem vossas mentes neste manicômio bancário.
- A proposta apresentada pelos sindigatunos dos bancários de 10,25% não deveria ser a inicial, mas a final. Nenhuma outra proposta abaixo desse índice mantém o poder de compra dos salários (da base).
- No atual estágio das intrigantes, nas aparências, mas concubináveis tratantes nos bastidores das mesas de negociações, a diferença está em 4%. Historicamente, os acordos só alcançam, no máximo, metade da diferença: 2%
Ou seja, a não ser que se fizesse um movimento tão virtuoso quanto o observado na Rússia dos Czares de 1917, no máximo, a greve malogrará tão somente mais 0,75% aos 0,75% já sinalizados pelos banqueiros (conforme imagem ao lado, do ano passado, que antecipa o fulcro da trairagem), que não abrirão mão de seus lucros institucionais e, principalmente, de suas participações em dividendos, bônus e distribuição de juros sobre capital próprio, dentre outras benesses tão bem conhecidas pelos sindigatunos.
Pero, voltando à mensagem encaminhada pela entidade de vidas passadas a qual perguntou:
- "O cavernoso, vulgar e mequetrefe (mas limpinho) Blog do Tato está mesmo boicotando a greve?"
E cantem, por favor, a música correta, entoada pelas Meninas certas e, principalmente, em língua nativa corrente:
Estão com medinho? Comam bombons!
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(*) IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - é o índice oficial do Governo Federal para medição das metas inflacionarias, contratadas com o FMI, desde julho/99, instituído no governo de FHC - O Príncipe dos Sociólogos - com a finalidade de corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas. O Sistema Nacional de Preços ao Consumidor - SNIPC - efetua a produção contínua e sistemática de índices de preços ao consumidor tendo como unidade de coleta estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionária de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio). A população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 (hum) e 40 (quarenta) salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões (isso equivale a aproximadamente 90% das famílias brasileiras).
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