Mundo: O drama da fome - Parte 4
Comércio global e biocombustíveis
Por Ulrike Mast-Kirschning
Muitos especialistas afirmam que a agricultura de larga escala não é uma alternativa para o combate à fome.
Eles temem problemas ainda maiores: as monoculturas e os adubos químicos destroem a biodiversidade e provocam o esgotamento do solo.
"O solo é o mais negligenciado dos recursos naturais", opina Joachim von Braun, diretor do Centro para Pesquisa em Desenvolvimento da Universidade de Bonn. As mudanças climáticas pioram a situação. Situações extremas, como secas prolongadas ou grandes cheias, destroem colheitas e a fertilidade do solo.
Outro problema: uma parte crescente da colheita no mundo não é mais destinada à produção de alimentos. Em vez disso, produtos como o milho e a cana-de-açúcar são usados na produção de biocombustíveis. Os países industrializados incentivam essa estratégia para se tornarem menos dependentes dos combustíveis fósseis. Mas a produção de biocombustíveis ocupa grandes áreas de terras agricultáveis no mundo.
- "Isso deu origem, na verdade, a uma competição entre alimentos e combustíveis", opina o biólogo suíço, Hans Herren, responsável pelo relatório Agriculture at a Crossroads, do Conselho Agrário Mundial.
A atual organização da economia mundial impede que todas as pessoas tenham o suficiente para comer, diz Windfuhr. "O comércio global cria situações absurdas." Ele cita o caso de rações animais produzidas na América Latina e transportadas para a Europa apenas porque o transporte com combustíveis fósseis é barato.
Na Alemanha, as rações vão parar em gigantescos estábulos para porcos. "O esterco líquido dos porcos polui a água subterrânea e deposita imensas quantidades de nitrogênio no solo". No final, essa carne é exportada de forma barata para a China ou para a Coreia do Sul. "O resultado é um saldo energético miserável quando o bife finalmente chega ao prato", critica Windfuhr.
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