Alerta: Bancos do brasil estão mais expostos à crise europeia que os dos EUA

 Foto: "bancos grandes demais para quebrar"

"O mundo só estará livre quando o último governante [corrupto]
for enforcado nas tripas do último banqueiro [avarento]" 
(parafraseando Voltaire)

De acordo com matéria publicada no insuspeito Semanário Oficial do Governo Dilma (), e melhor aprofundada, pasmem, em reportagem veiculada pela Foia da Chuiça (), quinta-feira(17), o sistema financeiro nacional está, sim, na rota de quebradeiras vinda do norte.

Lê-se no Semanário que:
  • "O Brasil terá sua própria lista de bancos grandes demais para quebrar, a exemplo da relação divulgada pela cúpula do G20 em 7 de novembro. O grupo das maiores economias do mundo tornou públicos os nomes de 29 instituições estrangeiras capazes de arrastar consigo todo o sistema financeiro internacional caso se tornem insolventes. Esses bancos serão obrigados a exibir maior solidez, o que equivale a manter um colchão de reservas extras.
Na avaliação do professor da FEA-USP Alberto Borges Matias, estudioso do setor bancário, ao menos três das nossas instituições seriam classificáveis como 'grandes demais para quebrar': Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco. O trio concentra cerca de 47% dos ativos do sistema financeiro nacional. Embora não creia que a capitalização, por si só, seja uma garantia de solvência em momentos de crise aguda."


Já de acordo com a Foia da Chuiça, "os bancos brasileiros têm US$ 16,4 bilhões em títulos públicos e privados dos países da zona do euro, diz relatório do BIS (BC dos BCs).

  • São papéis que, além de risco cambial (tem valor nominal em euro), oscilam ao sabor do aumento da probabilidade de calote nas economias europeias.

Só com Portugal, Espanha e Itália, os bancos brasileiros tinham 'a receber', respectivamente, US$ 1,542 bilhão, US$ 1,690 bilhão e US$ 525 milhões em junho deste ano, último dado do BIS.


Os três países fazem parte do grupo conhecido como Piigs (sigla para Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), que tiveram explosão na percepção de risco e nas taxas pedidas pelo mercado para rolar suas dívidas.


Só na Itália, os juros do governo oscilaram de 4,82% para 7,48% apenas neste ano. Na Espanha, as taxas saltaram de 5,453% para 6,336%. O aumento de juros dos 'títulos' costuma reduzir o valor nominal desses papéis, que só são vendidos no mercado com forte 'deságio'.

  • Com a Grécia, que terá calote de 50% de sua dívida, os bancos brasileiros têm só US$ 7 milhões. Somando todos os Piigs, os bancos do Brasil têm US$ 3,772 bilhões 'a receber'.

Esse montante, porém, é um fração de só 0,14% dos ativos totais dos bancos brasileiros - de R$ 4,024 trilhões (US$ 2,58 trilhões ao câmbio de junho), segundo o BC- e de 1,03% dos títulos públicos e privados nacionais em suas tesourarias - R$ 563 bilhões (US$ 360 bilhões).
Parte importante desses valores 'a receber' com os países da zona do euro diz respeito a transações entre a filial brasileira e a matriz do espanhol Santander.


No balanço do trimestre, o Santander brasileiro informava que tinha emprestado R$ 2,519 bilhões (US$ 1,614 bilhão, no câmbio da época) à matriz, ao mesmo tempo em que devia R$ 1,256 bilhão (US$ 805 milhões) aos espanhóis.

DEPENDÊNCIA EUROPEIA

Segundo o BIS, a maior exposição dos bancos brasileiros na zona do euro é com Luxemburgo, paraíso fiscal e sede de empresas multinacionais, de US$ 2,460 bilhões.
  • Na Europa como um todo, a exposição dos bancos brasileiros chega a US$ 25,469 bilhões - superando a dos EUA, de US$ 24,523 bilhões.
A conta soma a exposição nos países do euro (US$ 16,4 bi) com as posições de Suíça (US$ 1,836 bilhão), Suécia (US$ 334 milhões) e Reino Unido (US$ 8,693 bilhões)."

O Clipping do Tato, em contato, pelo twitter, quis saber a opinião do ex-governador do Rio Grande Sul, Germano Rigotto - respeitável especialista em sistema financeiro - sobre as inquietações manifestadas pela revista e jornalão paulistas.

Transcrevo abaixo a conversa com Rigotto, sempre atento ao que se passa na Eurozona:

CT - Sobre a possibilidade de bancos brasileiros virem a quebrar?

CT - Os valores citados na matéria são expressivos. Mas, obviamente, as tesourarias dos bancos não exporiam esses valores a descoberto. Qual a sua opinião?

CT - Eu também não acredito que os bancos brasileiros corram riscos de quebradeira. Mas nenhum país,  num sistema financeiro globalizado, está imune aos efeitos de uma crise sistêmica como esta. Ou não?

CT - Assim como em 2008...

PANO RÁPIDO: Lembremos que, num passado não muito distante, outros bancos brasileiros também já foram considerados “grandes demais para quebrar”
  • Banespa e Banco Nossa Caixa, por exemplo, quebraram! 
Fontes: Carta Capital e Folha de S. Paulo

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