Greve dos Bancários: Porque a proposta rebaixada do BB deve ser rejeitada

PORQUE REJEITAR A PROPOSTA REBAIXADA DO BB

Assim que terminou a reunião de negociação entre o Comando Nacional e os banqueiros, a imprensa começou a anunciar o fim da greve dos bancários. Mas como quem realmente deve decidir são os bancários em greve e não o Comando que negocia em nosso nome, nós, da Oposição Bancária, apresentamos abaixo os motivos pelos quais defendemos a rejeição da proposta e a continuidade da greve.

1) O índice de 9% sobre as verbas salariais e benefícios é a metade do que conquistamos no ano passado.Considerando a inflação do período, a proposta significa somente 1,5% de aumento real, contra 3,08% do acordo assinado em 2010. Segundo os números apresentados pela CONTRAF/CUT, a greve desde ano foi maior que a do ano passado. Também foi muito maior o aumento do lucro dos bancos. O do BB, por exemplo, cresceu 15,3% em 2010 e 23,9% no 1° semestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior.A economia do país também cresceu e o setor financeiro foi o que mais lucrou. Então, porque devemos aceitar reajuste inferior aos conquistados por categorias de setores menos lucrativos, como os metalúrgicos, cujos salários foram reajustados, em média, em 10% neste ano?

2) A proposta de aumento no piso apresentada pelo BB (10%) é, mais uma vez, menor que a da Fenaban (12%).

Para servir de comparação, os colegas dos Correios, que encerraram recentemente sua greve, conquistaram 16,78% de aumento no piso (6,87% mais uma parcela de R$ 80,00). Os bancários do BRB, sem fazer greve, conquistaram piso de R$ 1.900,00, o maior da categoria.

Por último, embora “nossos” negociadores tenham aparentemente se esquecido, é bom lembrar que o piso reivindicado pela categoria é o do DIEESE (R$ 2297,51), ou seja, não chegou nem perto. Fica a pergunta: será que chegaram a ler a nossa pauta?

3) Mais uma vez, os colegas oriundos de bancos incorporados, como a Nossa Caixa, são discriminados e prejudicados.

O BB continua discriminando estes colegas. A incorporação do VCPI ao salário, prometida desde o ano passado, também não aparece na proposta deste ano. Os que não migraram para o regulamento de pessoal do BB, terão reajuste de somente 9%. Os que migraram, terão 9% sobre o VCPI. As questões de Saúde e Previdência (Economus) seguem sem solução. Não aparecem sequer nas “mesas temáticas” propostas pelo BB.

4) A compensação dos dias parados, nos mesmos moldes dos anos anteriores, funciona como uma punição aos que fizeram a greve.

Não podemos nos contentar com a compensação tomando como parâmetro a ameaça feita pelo governo de descontar os dias parados. A compensação também é uma forma de punição e deixa o terreno preparado para que os gerentes pressionem os grevistas, impondo a reposição. Devemos manter nossa reivindicação de anistia destes dias, pois quem lutou pelo aumento de todos não merece ser punido!

5) Quanto às questões mais importantes da nossa pauta específica, como PCS e jornada de 6 horas, o BB propõe a instalação de Mesas Temáticas.

Mesmo perdendo várias ações na justiça por sua prática ilegal ao não aplicar a jornada de 6 horas, o BB tem a cara-de-pau de continuar nos enrolando. O desrespeito à jornada legal pelo BB leva ao adoecimento de grande parte de nossos colegas, assim como a falta de um PCS. Se recuperássemos nosso antigo PCS, com interstícios de 12%, deixaríamos de ser reféns das comissões e, consequentemente, do cumprimento das metas absurdas que nos impõem.

Mais uma vez, a resposta do BB é: vamos estudar. Como disse um colega no Blog da Negociação Coletiva do BB: “se o BB fosse uma pessoa, seria o cara mais estudioso que eu conheço!”

6) Os colegas da CABB, um dos setores com maior adesão à greve, não foram contemplados em suas reivindicações. Não existe a transformação de atendente B em A que era uma das reivindicações. Também não existe nenhuma melhoria no valor da comissão dos atendentes.

7) A retroatividade no mérito na carreira do PCR até 1998 significará aumento na remuneração recebida para um segmento muito pequeno dos funcionários: somente aqueles que já eram Assistentes antes de 2006 (prazo anteriormente considerado). Os demais comissionados somente incorporarão parte (muito pequena, por sinal) das comissões aos salários. Os escriturários e caixas continuam sendo considerados funcionários sem mérito, não sendo contemplados pelo PCR, e a vida funcional dos colegas de bancos incorporados continua sendo considerada somente a partir da incorporação ao BB.

Este PCR, conquistado na última campanha salarial nos foi vendido como uma grande conquista. Agora querem novamente usá-lo para nos iludir e acabar com a nossa greve. Não podemos cair nessa!

8) A proposta não garante a extensão dos 18 dias de licença prêmio aos pós-98 e oriundos do BNC.

A diferença em relação aos anos anteriores é que, desta vez, os colegas do Banpará acabam de conquistar 5 dias de licença-prêmio, após apenas 3 dias em greve . Portanto, ao contrário do que afirmam o BB e até mesmo os negociadores da CONTRAF/CUT, a licença prêmio não é uma reivindicação superada, mas uma conquista possível.

9) A trava de 2 anos persiste, sendo reduzida para 1 ano somente em caso de concorrência de posto efetivo para comissionamento. Mais uma vez, o BB demonstra que não dá valor algum aos escriturários e incentiva somente aqueles que querem entrar na briga por uma comissão.

O FANTASMA DO TST

Muitos colegas estão se sentindo pressionados a aceitar essa proposta, mesmo considerando-a rebaixada e bastante insuficiente, por medo de que nossa greve acabe sendo julgada pelo TST, acarretando um desfecho ainda pior.

Em primeiro lugar, é importante afirmar que, assim como estes colegas, acreditamos que o TST, como todos os órgãos da justiça, não estão do lado dos trabalhadores, e sim daqueles que detêm o poder político e econômico no país.

No entanto, é importante salientar que, na recente greve dos Correios, o TST impôs uma derrota aos trabalhadores, mas não por suas próprias mãos apenas. O TST apenas ratificou a decisão que já havia sido tomada pelo Governo Dilma de descontar os dias parados. 

No caso da greve dos bancários, tanto os bancos públicos quanto os privados resolveram apresentar uma proposta que, ao contrário, reafirma o acordo dos anos anteriores e não impõe nenhum desconto de dias parados.

Também é preciso deixar claro que não existe perspectiva de julgamento da greve dos bancários pelo TST até este momento. O processo de negociação ainda não foi encerrado e este é o momento de apostar no poder de mobilização da nossa greve . 

Os banqueiros e o Governo estão sofrendo com a greve. A cada dia de paralisação os seus lucros vão caindo, uma vez que não há trabalho humano suficiente para operacionalizar as grandes concessões e as vendas de produtos. Apostar no dissídio seria prolongar ainda mais a greve, pois ainda seria necessário um período para instaurar o processo desde a conciliação até o julgamento. E os banqueiros e o governo já se mostram preocupados, com a intenção de terminar o mais rápido possível com a greve.

Por isso, acreditamos que a força de nosso movimento ainda é suficiente para impor aos banqueiros e ao governo uma melhora nesta proposta. Este é o momento de intensificar a luta, radicalizar a greve e arrancar dos banqueiros e do Governo Dilma aquilo que é nosso!

QUEM DECIDE SOMOS NÓS: TODOS À ASSEMBLÉIA!

A aceitação da proposta pelo Comando de Negociação não é a palavra final dos bancários. Nós podemos e devemos manifestar nossa opinião na assembleia.

Nos últimos anos, temos visto se repetir um roteiro: o Comando anuncia que orientará a aceitação da proposta, marca assembleias às 18 ou 19 horas, separadas por bancos, divulgando locais e horários no próprio dia. Os bancos pressionam os administradores, que pressionam a gerência média, para que compareçam à assembleia e votem pelo fim da greve.

No entanto, mesmo com todo esse operativo, orquestrado conjuntamente pelos bancos e a direção do sindicato, a cada ano que passa a votação é mais apertada. No ano passado, a diferença foi de somente 63 votos, em uma assembleia com mais de 1000 presentes.

Tudo isso demonstra que podemos impor nossa vontade. Mas, para isso, precisamos comparecer à assembleia e convocar todos os colegas com quem temos contato para que façam o mesmo.

MNOB - Movimento Nacional de Oposição Bancária
CSP - Conlutas

Comentários

Aline disse…
Nossa, assino embaixo! Concordo 100%. O Sindicato nos decepcionou muito, parece que já estava tudo combinado! Primeiro faziam um discurso de que o banco deveria nos pagar melhor e que era possível sim os 12,8%. Agora já abaixaram para 9???? O que é isso? Parece que alguém da diretoria do Sindicato foi comprado, hein? Hmm, estranho.

NÃÃÃÃÃO ao fimd a greve!

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