Congresso: O eleitor, esse idiota

"A artimanha do financiamento público se destina a acabar 
com o caixa dois e o financiamento ilegal, dizem os picaretas. 
Mas só um demente acreditaria nisso"

Por Plácido Fernandes 

Parece inacreditável. Mas não é. Num país onde sempre falta dinheiro para a saúde, a educação, as estradas, o Congresso Nacional trama mais um assalto ao bolso dos brasileiros. 
  • O golpe da vez se chama financiamento público de campanha. 
Faz parte da reforma política ora em discussão na Câmara e no Senado. Em tese, a artimanha se destina a acabar com o caixa dois e o financiamento ilegal. Mas só um demente acreditaria nisso. E, como bem sabemos, não há tolos no Poder Legislativo em Brasília.
  • O mais bobo deles, costuma brincar um colega jornalista, é capaz de consertar relógio embaixo d’água usando luvas de boxe.
Pois é. Eles não se cansam de tripudiar sobre o dinheiro que pagamos via impostos. E qualquer piada serve de justificativa ao avanço sobre recursos que poderiam, por exemplo, serem usados para tirar o país das trevas no ensino fundamental e médio nas escolas públicas.

E vejam só: hoje, parte dos impostos arrecadados já banca a verba partidária. Só este ano, mais de R$ 400 milhões vão irrigar os cofres dos partidos. Sem contar outros R$ 200 milhões destinados à propaganda eleitoral no rádio e na TV, que nada tem de gratuita, pelo menos para a sociedade. Na verdade, trata-se de renúncia fiscal. É o Estado abrindo mão de receita para bancar proselitismo político.

Nos Estados Unidos, Obama pretende arrecadar US$ 1 bilhão para a campanha da reeleição. Mas terá de convencer os eleitores a doar a dinheirama. 

No Brasil, convencer o eleitor a doar? Nem pensar! Sem a sua permissão, eles pretendem usar seu dinheiro para fazer campanha e ainda terão a cara de pau de, mais uma vez, pedir seu voto. Mas prometem: daqui pra frente, nada de mensalão, recursos não contabilizados, caixa dois, doações ilegais... 

Até que um novo Durval prove o contrário.

Fonte: Correio Braziliense

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