Carreira: Há trabalho após a aposentadoria

No Brasil, em 2050, haverá 64 milhões de idosos (com mais de 65 anos), ante os atuais 19,6 milhões, uma mão de obra que será cada vez mais valiosa.

Por Adriana Gomes (*)
"Não há organização sem pessoas. Entender que um negócio competitivo é construído com e através das pessoas, torna o domínio da competência em gestão de pessoas estratégico e indispensável a todos os profissionais. 

As pessoas, quando adequadamente lideradas, podem representar o principal diferencial

Se Winston Churchill tivesse se aposentado aos 65 anos de idade, ele não teria se tornado o primeiro-ministro da Inglaterra em 1940 nem sido um dos ícones na vitória dos países aliados na Segunda Guerra Mundial. Diante do rápido processo de envelhecimento da população brasileira, hoje, se os profissionais quiserem aproveitar as oportunidades, eles deverão, a exemplo de Churchill, replanejar suas carreiras. Muito mais que estender sua temporada na vida ativa, eles terão a chance de escrever uma nova e bem-sucedida história.

No Brasil, em 2050, haverá 64 milhões de idosos (com mais de 65 anos), ante os atuais 19,6 milhões, uma mão de obra que será cada vez mais valiosa. Para especialistas em gestão de carreira, além de minimizar o rombo na Previdência Social — que apresenta um deficit anual da ordem de R$ 45 bilhões —, o alongamento do tempo do trabalho dos profissionais no país permitirá a eles desempenhar atividades que proporcionem mais prazer e qualidade de vida.

“Agora, a carreira não deve se encerrar entre os 55 e 60 anos de idade. Na faixa dos 45, por exemplo, eu posso começar a fomentar novos saltos ou rumos. Em função da maior expectativa de vida, nos países desenvolvidos as pessoas têm em mente a hipótese de continuar no mercado até os 70 anos”, afirma João Lins Pereira Filho, sócio responsável pela área de Consultoria de Recursos Humanos da Pricewaterhouse Coopers Brasil (PwC).

Tendência
Na avaliação do especialista, as possibilidades são infinitas. O trabalhador pode continuar no seu ramo de atividade, mudar completamente de área, aposentar-se e abrir um negócio ou ainda atuar em projetos sociais, entre outras opções. Em todos os casos, a regra de ouro é estar atento às mudanças em curso no país e no mundo, e se capacitar constantemente. A velocidade das inovações tecnológicas também impõe a necessidade de atualização.

Preconceito
Na opinião de Thaís Melo, sócia da empresa de Recursos Humanos Romancini Treinamento & Desenvolvimento, o preconceito ainda é uma das principais barreiras para a permanência dos profissionais maduros no mercado de trabalho. “É uma cultura que tende a mudar na medida em que essas pessoas se fizerem mais presentes nas companhias. Hoje, ainda há uma preferência pelos jovens. Mas esse grupo se tornará escasso ao longo do tempo”, prevê. Nos últimos cinco anos, a média da idade das pessoas que fazem cursos na Romancini passou da faixa de 20 a 25 anos para a de 30 a 35 anos.

Para Adriana Gomes, existe uma miopia em relação à “senhoridade” no mercado de trabalho. 
  • “As pessoas estão vivendo mais e é até leviandade achar que um profissional de 40 ou mais anos é velho para produzir. Mas a proposta, hoje, é que a educação seja contínua. Há muito tempo, apenas a graduação já não garante a qualificação de uma pessoa”, ressalta.

O sócio da PwC diz que as empresas não podem olhar o trabalho do futuro com os óculos do passado. Antes, grande parte das atividades exigia vigor físico. A partir de agora, tanto a atualidade quanto o futuro demandarão mais conhecimento do que força. E aí, diz Pereira Filho, entram as descobertas da neurociência e da psicologia. Trabalhadores mais experientes contarão com um bônus, por exemplo, para assumir cargos de chefia. 
  • “Apesar de o cérebro, a partir dos 40, começar a perder velocidade e capacidade de memória de curto prazo, ele mantém e até aprimora a capacidade de solução de problemas e o potencial criativo. Isso muda a lógica para se pensar em plano de carreira daqui para frente”, analisa.
Reinvente-se
  • Na hora de replanejar a carreira, o profissional deve tomar uma série de cuidados. Confira os passos importantes
Partida
  • Pense em quem você é, onde está e aonde quer chegar. O profissional deve fazer um trabalho de autoconhecimento para identificar seus valores, crenças e elaborar um novo projeto de vida.
Mapeamento
  • Levante informações sobre o mercado em que deseja atuar. Conheça as empresas, quem trabalha nelas, quais são os salários, as demandas, as dificuldades e o perfil exigido do profissional no setor. A partir disso, identifique suas fragilidades e trabalhe para se tornar mais competitivo.
Metas
  • Trace um plano de ação. Defina o que é preciso a curto, a médio e a longo prazo para começar a trabalhar na área, o que inclui finanças, contatos e capacitação. A transição não é simples: demora cerca de dois anos (quando não exige uma nova graduação) e deve ser bem pensada.
(*) Adriana Gomes - Mestre em Psicologia (UNIMARCO,) pós-graduada em Psicologia Clínica. É coordenadora do Centro de Carreiras da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP)

Fonte: ESPM

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Farwest: O Dólar Furado (filme dublado)

Eike Batista: Separados por um bombeiro

A dinastia Rothschild e a invenção do Capitalismo na linha do tempo