Admite-se: Alta rotatividade de bancários faz salários achatarem, diz pesquisa

Estudo sobre emprego no setor, feito pelo Dieese, também constatou que 49% dos funcionários que perderam uma vaga de trabalho pediram demissão

Mesmo que o saldo entre empregados e demitidos no setor bancário tenha crescido 5,2% no ano passado, a média de salário dos que conseguiram uma vaga de trabalho foi 37% menor que a dos que perderam o emprego. 

Tal desvalorização salarial é fruto da alta rotatividade principalmente nos postos de trabalho mais baixos. Essa é a conclusão da Pesquisa de Emprego Bancário, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), com base em dados do levantamento mensal Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego.

A remuneração média dos admitidos no ano passado foi de R$ 2.188,43 contra R$ 3.506,88 dos desligados. Segundo estudo, todas as faixas de pagamento superior a quatro salários mínimos apresentaram saldo negativo.

“Como tem muita gente entrando no mercado de trabalho com salário baixo, a média do setor não cresce. A rotatividade do setor está entre 8% e 9%, tem aumentado desde 2008, mas em comparação com outros setores da economia é menor”, diz o economista do Dieese e responsável pela pesquisa, Miguel Huertas, que associa a grande rotatividade profissional à pressão exercida sobre os bancários por cumprimento de metas de vendas e desempenho cada vez mais austeras, o que tem levado ao aumento do assédio moral nos bancos.

Essa grande saída de empregados é evidenciada num importante indicador da pesquisa do Dieese. Dos 33.418 bancários que perderam o emprego em 2010, 49% pediram demissão. 
  • Essa insatisfação é justificada por ofertas de emprego melhores, mas principalmente pela pressão de gerentes. 
Para o secretário geral da Contraf, Marcel Barros, a constante troca de bancários é usada como mecanismo pelos bancos para cortar despesas. 
  • “O banco prefere demitir funcionários mais experientes na casa dos 40, 50 anos de idade, e que recebem maiores salários, para contratar mais pessoas com vencimentos menores.”
Mercado de trabalho

O Contraf contabiliza que cerca de 400 mil bancários atuem hoje no Brasil. Contudo, na década de 1990, eles somavam aproximadamente 1 milhão. 

Para o pesquisador Huerta, do Dieese, essa redução ao longo dos anos deu-se por conta da automação pela qual viveu o setor nas últimas duas décadas, então todo o trabalho interno foi automatizado. “Antes a atividade bancária estava voltada sobretudo para o crédito e à aplicação de títulos públicos de dívida. A partir de 1995, os bancos começaram a cobrar tarifas e passaram a vender produtos, então precisaram de mais força de trabalho. Dessa forma, o emprego volta a crescer”, analisa ele.

A tendência do setor bancário para 2011 é incrementar a oferta de emprego no mesmo patamar do ano passado, já que a expectativa de crescimento para a concessão de crédito, principal produto bancário, é de 10% a 15% com relação a 2010, mesmo com as medidas do Banco Central de restrição ao crédito. No ano passado, as seis maiores instituições bancárias do país (Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú/Unibanco, Santander e HSBC) tiveram um lucro líquido de R$ 43 bilhões, o que representou um crescimento de 30% sobre o obtido em 2009.

“É positivo o fato de a geração de emprego crescer no Brasil, mas à medida que melhora a economia nacional, o sistema financeiro passa a demandar mais trabalhadores. No entanto, desde 2009, os bancos vêm trocando constantemente seus empregados”, afirma Barros, da Contraf. Ele acredita que a crescente corrida dos bancos em busca de maiores rentabilidades tenha afetado consideravelmente na relação de trabalho entre patrões e empregados.

A situação no Distrito Federal, porém, é um pouco diferente, como destaca o diretor do Sindicato dos Bancários do DF, Eduardo Araújo. Ele explica que na capital federal, como há uma maior incidência de empregos públicos, a maioria dos bancários estão alocados em bancos estatais como Banco de Brasília (BRB), Caixa e Banco do Brasil, onde a demissão ocorre em escala quase nula. O sindicato local estima em 25 mil o contingente de profissionais lotados em bancos.

“O efeito da rotatividade no DF é menor por conta da influência dos bancos públicos. Em 2009, ano de crise econômica mundial, a Contraf firmou um acordo coletivo com os dois principais bancos federais, segundo o qual o BB se comprometeu a contratar 10 mil bancários e a Caixa, outros 5 mil. Para este ano, apenas o BB anunciou uma expectativa de aumentar em 4% seu quadro nacional de funcionários.”

Fonte: Correio Braziliense - 25/03/2011

Comentários

Marilda Oliveira disse…
Tato,os banqueiros colocamuma auxiliar meio loquinha como sub-gerente e exige, exige com salário lá embaixo+prêmios,até o esgotamento. Fato qu infelizmente ocorre em todas as áreas veja:Sucatearam o ensino no Brasil entre os governos Collor/FHC através do Consenso de Washington, Lula continuou... enquanto o povo brasileiro não tiver formação e conhecimento suficiente para da maneira correta intervir e mudar o quadro político brasileiro, esta “fiscalização” que o povo pode vir a fazer é praticamente impossível, e se for, está anos luz à frente da realidade nacional. Com um setor de educação deficiente, a base educacional brasileira vem formando indivíduos que só sabem abaixar a cabeça e contribuir, na maior parte das vezes inconscientemente, com a corrupção crescente, sendo coniventes e esperando que alguma solução divina caia do céu.Leiam quando esta punição aos brasileiros iniciou:http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2010/07/o-periodo-em-que-o-ensino-no-brasil.html
Hoje 2011,os melhores gênios alunos brasileiros da Poli/Usp, FGV,UFRJ, poucas outras, são pré-escolhidos.. http://www.drclas.harvard.edu/brazil/seas-poli-usp-2010
País rico oferece mão de obra ao Brasil:http://www.videversus.com.br/index.aspSECAO=76&SUBSECAO=0&EDITORIA=30627
Viu Tato, porque nossos jovens são escolhidos e discriminados?
http://aguanectardivino.blogspot.com/2011/02/nao-privatizacao-das-reservas-hidricas.html

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