(di)Gestão: Se os tubarões fossem homens

 Uma imagem fala mais que mil palavras

Memória fotográfica. Eis um conceito de memória que arrepia até mesmo os mais letrados em direito criminal, quando se deparam com este fenônemo que age na mente das pessoas de mesma e igual forma a um flash de máquina fotográfica. 

Mas o que tem a ver memória, fotografia, direito, gestão e tubarões? Em princípio, nada, aparentemente. Em realidade, tudo. Exemplificando:

1º - Passados anos de um crime de causa fútil (ou não), uma testemunha pode-se lembrar de fatos os mais insignificantes considerados e relatá-los, em pormenores, como se tivesse ocorrido ontem. Tal constatação está fartamente publicada nos anais de tribunais de justiça: memória fotográfica;

2º - Um desses jagunços de patrão, por razões que a própria razão desconhece, resolve interpelar um colaborador que se recusara a participar de uma daquelas enfadonhas reuniões empresariais onde tenta-se reunir, em busca de objetivos comuns, os desunidos - por objetivos incomuns.  Esclarecida determinada contenda, o jagunço então se desculpa:

_ Eu não quis dizer o que havia dito. Quis dizer outra coisa... Você deve estar-me achando o maior dos filhos das putas, não? Perdoe-me.

_ Não, caro jagunço, responde o colaborador. Conheci outros bem maiores que você. Quanto ao que você disse, sem querer dizer: peça perdão a Deus, não a mim.
  • As palavras são como balas na agulha de um revólver, basta acertar o alvo: memória fotográfica.

3º - Num ambiente virtual, por maior anonimato que alguns imaginam possuir é certo, e de conhecimento público e notório, que deixam rastros, sejam através de registros como endereço, hora, localização através de seu IP (*), ou mesmo na ausência desses, traços de personalidade facilmente reconhecíveis por um especialista. 

Daí a memória virtual transfigurada em memória fotográfica, como em diversos casos de consequência real a partir de publicações, ou postagens, ou comentários infelizes como a célebre "Ditabranda" dum jornalão,  a Foia da Chuiça (SP); ou o caso da estudante de direito, no afã de atacar os eleitores adversários, ruminar todo o asco de sua classe social (minoria) contra outra (maioria), e a consequencia advinda disso: um processo na justiça, a perda de seu emprego, e a impossibilidade de obter o registro profissional mesmo antes de se formar. 
  • Algumas vezes, relembrando, palavras são como balas na agulha de um revólver, mas o tiro pode sair pela culatra: memória fotográfica.

4º - Sobre os tais tubarões, peixinhos e (di)gestão, propriamente dito, é precisamente este o  alvo que se ambiciona acertar. Para tanto, recorramos a Brecht (*), uma vez mais, e a contar com a costumeira paciência dos amigos (reais, virtuais ou imaginários, segundo gilmar dantas - segundo noblat-blá-blá):

"Ah! Se os tubarões fossem homens... 

Seriam eles mais gentis com os peixes pequenos?

Certamente, se fossem homens, os tubarões, fariam construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal. 

Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias.

Naturalmente haveria também muitos cursos nas gaiolas, como não? Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. 

Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a gestão do conhecimento  para compreender que é facultativo - somente aos tubarões - o prazer de deitar preguiçosamente em suas redes de balanços.

A aula primordial seria, obviamente, a ética profissional (para não dizer formação moral, algo há muito sepultado cá em terras tupininquins). 

Aos peixinhos haver-se-ia de ensinar que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício  voluntário, desabrido e alegre de um peixinho em prol da boa (e mais que merecida) vida dos tubarões, e que todos deveriam acreditar nisso com o mais absoluto desprendimento, altruísmo e devoção, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua felicidade futura.

Os peixinhos saberiam, de pronto, que este futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência servil e obsequiosa.

Ao final, cada peixinho devotado que, na guerra travada da labuta diária, matasse alguns outros peixinhos inimigos seria honrosamente condecorado cum uma pequena Ordem das Algas e receberia, não o título vil de propriedade, mas sim o inestimável título de herói."

Notem, amigos navegantes, as sutilezas dos marotos.
Memorável (di) gestão fotográfica.

Tato De Macedo

(*) IP - Internet Protocol - de forma genérica, é um endereço que indica o local de um determinado equipamento (normalmente computadores) em uma rede privada ou pública.

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