Pausa para Borges

INSTANTES,

"Todos os caminhas levam à morte. Perca-se"
(Jorge Luis Borges)

"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.


Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.


Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
 

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.


Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.


Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.


Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.


Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.


Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo"

Jorge Luis Borges

Algo sobre Borges:
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, em 1899. Aprendeu inglês antes mesmo do castelhano, por influência de sua avó materna, que era de origem inglesa.

Ainda criança, aos sete anos de idade, escreveu um resumo de literatura grega. E aos oito escreveu seu primeiro conto, “La Visera Fatal”, inspirado em um episódio de Dom Quixote de Cervantes.

Em 1914 foi morar na Europa: primeiro em Genebra, onde Borges concluiu seu bacharelado e depois na Espanha, já em 1919, quando publicou diversos poemas e manifestos de imprensa.

Retornou para Buenos Aires e lá escreveu seu primeiro livro de poemas, “Fervor em Buenos Aires”, que foi publicado em 1923.

A partir do ano seguinte, Borges entrou em um período de intensa publicação: dois livros, “Luna de Enfrente” e “Inquisiciones”, além de algumas revistas literárias.

Sua fama estava consolidada. Nos anos seguintes foi aclamado como um dos mais notáveis escritores da América Latina.

Borges foi responsável por introduzir um novo tipo de regionalismo, com uma perspectiva metafísica da realidade. Dentro desses conceitos, escreveu “Cuaderno San Martin” e “Evaristo Carriego”.

Inventivo, trilhou por outros caminhos literários, chegando à narrativa fantástica. Foi nessa época que produziu as mais espetaculares ficções, como nos contos de “História Universal de La infâmia”, “Ficciones” e “El Aleph”.

Foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, em 1937 e lá trabalhou por nove anos. Esse foi o único emprego oficial que o autor teve.

Acometido por problemas de visão desde cedo, aos 50 anos já havia perdido parcialmente a visão. Quando perdeu totalmente, sua mãe cuidou dele, lendo e escrevendo aquilo que o autor ditava.

Borges recebeu inúmeros prêmios, como reconhecimento pelo seu trabalho e prestígio no mundo literário. Em 1961 recebeu o prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, além de prêmios por parte dos governos da Itália, França Inglaterra e Espanha.

O autor morreu em 1986, vítima de um câncer hepático.

Fonte: Pensador.Info

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