Mercado: Concluída aquisição da Cielo por BB/Bradesco
BB/Bradesco: aquisição de ações da Cielo e da CBSS detidas pelo Santander Espanha
Banco do Brasil e Bradesco concluíram a aquisição de parte das ações de emissão da Cielo e da Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS), detidas pelo Grupo Santander Espanha, nos seguintes termos:
- Banco do Brasil – aquisição de 5,11% das ações da Cielo, pelo montante de R$ 1.055 milhões, passando a deter 28,65% do capital social da empresa. Além disso, foram adquiridas 4,655% das ações da CBSS, ao valor de R$ 61,7 milhões, passando a deter 45,00% do capital social da companhia.
Desempenho das ações do BB (BBAS3) na Bovespa:
- Bradesco – aquisição de 2,09% das ações da Cielo, pelo montante de R$ 431,7 milhões, passando a deter 28,65% do capital social da empresa. Além disso, foram adquiridas 10,67% das ações da CBSS, ao valor de R$ 141,4 milhões, passando a deter 45,00% do capital social da companhia.
Desempenho das ações do Bradesco (BBDC4) na Bovespa:
"Na conclusão dessa operação, os bancos pretendem ter um modelo de negócios que possibilite o acesso por seus clientes a cerca de 11 mil terminais de autoatendimento externos. Esse modelo proporcionará significativo aumento da disponibilidade e capilaridade da rede, com ganho de eficiência em relação à atual forma de utilização individualizada das respectivas redes de autoatendimento", informou comunicado emitido, em conjunto, pelos três bancos envolvidos.
Outra novidade é que essa rede de caixas eletrônicos terá uma marca que a identifique. Segundo os bancos, o compartilhamento das redes de caixas eletrônicos já era discutida há mais de dez anos, e teve um importante avanço nos últimos meses.
O Brasil é um dos poucos países em que os caixas eletrônicos não são universais. Isso porque os bancos viam na abrangência da rede eletrônica de atendimento um ativo importante para se diferenciar das instituições de menor porte e alcance geográfico.
As discussões evoluíram bastante nos últimos meses com a iniciativa do governo de apertar a regulação junto às empresas de cartões de crédito, cujo mercado é ainda dominado por Cielo (antiga VisaNet) e Redecard, empresas que tinham exclusividade, respectivamente, das bandeiras Visa e MasterCard. A exclusividade da MasterCard com a Redecard terminou no ano passado e a da Cielo com a Visa acabará neste ano.
Entre as instituições financeiras, Santander e Banco do Brasil são as mais interessadas no compartilhamento geral das infraestruturas de rede. O argumento é que a competição não se dá mais na operação e na tecnologia, que se tornaram "commodities", mas no serviço prestado ao cliente.
BANCOS - AVALIAÇÃO SETORIAL
RETROSPECTIVA 2009
O ano de 2009 também iniciou-se sob o efeito da fusão entre o Itaú e o Unibanco ocorrida no final de 2008, logo após a eclosão da crise financeira internacional. No âmbito estatal, movimentos importantes nesse sentido também ocorreram, tendo o Banco do Brasil adquirido o Banco Nossa Caixa e 50% do capital total do Banco Votorantim (ou 49% do capital votante). A Caixa Econômica Federal, por sua vez, adquiriu 35% do capital votante do Banco Panamericano, através da Caixapar. Por fim, relembre-se que, em 2008, outra aquisição de porte ocorreu no Sistema, qual seja, a aquisição do ABN Real pelo Santander.
Verificou-se que, de uma forma genérica, as instituições procuraram elevar o caixa, com a conseqüente desalavancagem, o que possibilitou visíveis melhorias nos indicadores de liquidez e ampliação do índice de Basileia. O crédito foi estimulado através da atuação dos bancos públicos, que aumentaram significativamente sua participação na concessão do crédito. O governo ampliou o limite de consignado para os beneficiários do INSS, além das medidas adotadas pelo BACEN com o fito de melhorar a liquidez dos bancos de pequeno e médio portes, como a liberação do compulsório, Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e, principalmente, a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) a partir de abril de 2009.
Quanto à carteira de crédito, após quatro trimestres em trajetória de queda, em setembro de 2009 esta registrou melhora, atingindo 8,03. Embora num patamar inferior ao verificado em junho de 2008, de 8,6, o patamar alcançado em setembro pode ser considerado confortável. A inadimplência, contudo, manteve-se alta, e em patamares superiores ao período pré-crise, embora menos intensa em relação ao início do trimestre, passando de 4,5% em junho de 2008 para 7,3% em setembro de 2009.
Quanto ao índice de Basileia, historicamente os bancos brasileiros operam com folga para alavancagem, o que possibilita maior proteção para se ajustar às mudanças de conjuntura. Ao analisarmos a evolução deste indicador nos últimos quatro trimestres percebe-se que, em dezembro de 2008, a Basileia dos bancos atingiu seu ponto máximo, repercutindo a busca pela desalancagem num momento de estresse. Em setembro de 2009, o índice médio de Basileia caiu para 23%, afetado pelo aumento progressivo do fator do risco operacional. Porém, esse índice ainda é alto quando comparado com o mínimo exigido pelo Banco Central de 11%.
No geral, após um ano da crise, os indicadores de liquidez revelam que, apesar da turbulência verificada a partir de setembro de 2008, o Sistema se manteve operando líquido e pouco alavancado, demonstrando adequada capacidade de se ajustar às diversas crises. Por fim, vale o registro de que, na média, o Caixa Livre dos bancos em junho de 2008 era o suficiente para honrar 36,7% dos depósitos totais, o que já poderia ser considerado confortável na sua generalidade. Essa relação ampliou-se significativamente, atingindo 54,9% em setembro de 2009.
Verificou-se que, de uma forma genérica, as instituições procuraram elevar o caixa, com a conseqüente desalavancagem, o que possibilitou visíveis melhorias nos indicadores de liquidez e ampliação do índice de Basileia. O crédito foi estimulado através da atuação dos bancos públicos, que aumentaram significativamente sua participação na concessão do crédito. O governo ampliou o limite de consignado para os beneficiários do INSS, além das medidas adotadas pelo BACEN com o fito de melhorar a liquidez dos bancos de pequeno e médio portes, como a liberação do compulsório, Fundo Garantidor de Crédito (FGC) e, principalmente, a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE) a partir de abril de 2009.
Quanto à carteira de crédito, após quatro trimestres em trajetória de queda, em setembro de 2009 esta registrou melhora, atingindo 8,03. Embora num patamar inferior ao verificado em junho de 2008, de 8,6, o patamar alcançado em setembro pode ser considerado confortável. A inadimplência, contudo, manteve-se alta, e em patamares superiores ao período pré-crise, embora menos intensa em relação ao início do trimestre, passando de 4,5% em junho de 2008 para 7,3% em setembro de 2009.
Quanto ao índice de Basileia, historicamente os bancos brasileiros operam com folga para alavancagem, o que possibilita maior proteção para se ajustar às mudanças de conjuntura. Ao analisarmos a evolução deste indicador nos últimos quatro trimestres percebe-se que, em dezembro de 2008, a Basileia dos bancos atingiu seu ponto máximo, repercutindo a busca pela desalancagem num momento de estresse. Em setembro de 2009, o índice médio de Basileia caiu para 23%, afetado pelo aumento progressivo do fator do risco operacional. Porém, esse índice ainda é alto quando comparado com o mínimo exigido pelo Banco Central de 11%.
No geral, após um ano da crise, os indicadores de liquidez revelam que, apesar da turbulência verificada a partir de setembro de 2008, o Sistema se manteve operando líquido e pouco alavancado, demonstrando adequada capacidade de se ajustar às diversas crises. Por fim, vale o registro de que, na média, o Caixa Livre dos bancos em junho de 2008 era o suficiente para honrar 36,7% dos depósitos totais, o que já poderia ser considerado confortável na sua generalidade. Essa relação ampliou-se significativamente, atingindo 54,9% em setembro de 2009.
PERSPECTIVAS 2010
As perspectivas são favoráveis para 2010, sobretudo no que se refere aos investimentos, e esse ambiente tende a contribuir para a expansão dos volumes de negócios e do setor bancário. O volume total de crédito segue em trajetória de crescimento, reflexo da maior participação dos bancos públicos no Sistema. No geral, os bons fundamentos da economia e do Sistema Financeiro brasileiro foram fundamentais para minimizar os efeitos da crise. A estimativa média de mercado é de uma expansão de cerca de 5% do PIB em 2010. Calcula-se, em média, para cada ponto percentual do PIB, um crescimento de 4% do crédito total da economia, logo os empréstimos cresceriam cerca de 20%.
A seguir destacamos alguns desafios para o setor bancário.
A seguir destacamos alguns desafios para o setor bancário.
- A) é verdade que a capacidade de pagamento das empresas está melhorando e que o crédito está em nítido crescimento, porém os bancos deverão manter a cautela e as medidas de prudência, diante de um ambiente ainda instável. Levará mais tempo para que as instituições retomem o ritmo de crescimento do período pré-crise.
- B) os bancos privados de grande porte tendem a reagir para recuperar a perda de participação no mercado para as instituições públicas em 2009. Em dezembro de 2008 os bancos controlados pelo governo respondiam por 36,3% dos empréstimos no País. Em setembro de 2009 haviam avançado para 40,6%.
- C) os bancos médios precisarão buscar fontes alternativas de funding mais longo diante da limitação de volume do DPGE e do elevado custo desse instrumento. As cessões de crédito também permanecem caras e linhas de captações externas são ainda restritas. A criação da Letra Financeira no final de 2009 será uma alternativa viável de captação de médio e longo prazos para os bancos de menor porte. Até o momento essa medida ainda não foi regulamentada pelo CMN, o que se espera ocorrer ainda no primeiro trimestre de 2010.
- D) os bancos focados em crédito consignado também se vêem ameaçados pelo aumento da concorrência dos bancos públicos, em especial o Banco do Brasil, neste mercado. Isso exigirá maior dinamismo e escala para manterem-se rentáveis.
Alguns desses bancos poderão ser comprados ou obrigados a se retrair em nichos de mercado. É provável que ocorram dois movimentos: a fusão de bancos pequenos e médios e também a incorporação dessas instituições por bancos maiores. De qualquer modo, a CaixaPar poderá ser um instrumento para que os bancos de pequeno e médio portes não alienem o capital, buscando acordos semelhantes ao verificado com o Banco Panamericano.
Sem prejuízo do que foi dito, também acreditamos que os bancos de nichos melhores administrados permanecerão no mercado, diante de suas diferenciações, foco e agilidade na conduta dos negócios.
PONTOS POSITIVOS
- O BACEN acertou nas medidas visando debelar os efeitos da crise financeira internacional, como liberalização do compulsório para aquisições de carteiras de crédito, permissão da utilização do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) pelos bancos de menor porte e a criação do Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE);
- a Letra Financeira será uma alternativa viável de captação de médio e longo prazos. Até o momento essa medida ainda não foi regulamentada pelo CMN, o que se espera que venha a ocorrer ainda no primeiro trimestre de 2010;
- os bancos de grande porte privado registram confortáveis indicadores de liquidez e estão capacitados a buscarem a alavancagem, dadas as folgas nos índices de Basileia.
PONTOS NEGATIVOS
- Mesmo com a possibilidade de crescimento do PIB em 5% para 2010, há sinais preocupantes na economia brasileira, como a situação do comércio exterior diante da apreciação do câmbio e o desempenho das contas públicas;
- as margens financeiras tendem a ficar pressionadas no correr de 2010, por conta do acirramento da concorrência entre os bancos de grande porte;
- os custos de funding para as instituições de médio porte continuam elevados, o que sugere que estes precisarão buscar fontes alternativas de captação, além de serem alvo de possíveis aquisições pelos bancos de grande porte.
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