Infra-estrutura: O Rio deve ganhar três novas Usinas Siderúrgicas

Economia & Negócios

Secretário de Desenvolvimento do Rio anuncia mais três siderúrgicas para o estado
Projetos de novas usinas ampliarão a capacidade de produção de aço fluminense. Seminário promovido pela Secretaria e UFRJ reuniu empresas, entidades e especialistas na Firjan

Por Rosayne Macedo


O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, anunciou hoje (29) que o Rio de Janeiro vai ganhar três novas siderúrgicas nos próximos anos. Somadas a outros dois projetos já em andamento, deverão ser investidos R$ 20 bilhões no setor. As cinco novas usinas siderúrgicas deverão dobrar a capacidade da produção fluminense, passando de 14,17 milhões de toneladas/ano para 29,27 milhões de toneladas/ano. Com isso,  estima o secretário, o Rio de Janeiro passará a ocupar o primeiro lugar no ranking da produção de aço no Brasil, que atualmente é de Minas Gerais. O anúncio foi feito na abertura do Seminário “Perspectivas e Condicionantes do Desenvolvimento do Setor Siderúrgico do Estado do Rio de Janeiro”, realizado nesta quinta-feira (29), no auditório da Firjan.

O maior empreendimento é uma siderúrgica da Ternium, holding de aços longos da multinacional Techint, no Complexo do SuperPorto do Açu, que terá capacidade para produzir aproximadamente 5,6 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Mais dois projetos – cujos investidores pediram sigilo – estão em negociação nas cidades de Barra Mansa e Quatis, na Região do Médio Paraíba. Juntos, estes dois empreendimentos deverão somar mais 1,5 milhão de toneladas/ano de aço à capacidade atual de produção do estado. Ainda segundo o secretário, outro projeto, já licenciado, será erguido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no Porto de Itaguaí, na Região Metropolitana, com previsão de produção de 3 milhões de toneladas/ano de aço.

Segundo Bueno, a Ternium deverá anunciar oficialmente dentro de um mês a instalação da siderúrgica no Complexo do Açu, que está em construção pelo Grupo EBX, de Eike Batista, no recém-aprovado Distrito Industrial de São João da Barra, no litoral norte fluminense. O empreendimento, que deverá receber investimentos de US$ 5 bilhões, se somará à siderúrgica da estatal chinesa Wuhan Iron and Steel (Wisco) e do Grupo EBX, que também se instalará no Porto do Açu. Anunciada oficialmente em abril deste ano, a usina da Wisco receberá investimentos de US$ 5 bilhões (70% da Wisco) e prevê iniciar a operação em três anos, com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço/ano.
  • Com os novos projetos, o Rio de Janeiro passará a ter a maior capacidade de produção do País. Aliás, desconfio que o estado já ocupa esta posição com a entrada em operação da CSA. A empresa também tem planos de duplicar sua capacidade de produção nos próximos anos. Aliás, com aquele site lá, se quiserem, eles podem produzir até o triplo, isto é, 15 milhões de toneladas/ano - ressaltou Bueno, referindo-se à Companhia Siderúrgica do Atlântico, inaugurada em junho, em Santa Cruz, na zona oeste carioca, com capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço/ano e investimento de US$ 13,2 bilhões da Vale e da alemã ThyssenKrupp.
O secretário lembrou ainda que, em 2009, a siderurgia fluminense também ganhou uma planta integrada do Grupo Votorantim, em Resende, no Médio Paraíba. A unidade recebeu investimento de US$ 550 milhões e tem capacidade para produção de 1,2 milhão de toneladas/aço de laminados e 1 milhão de toneladas/ano de aço longo.

Além da fábrica de Resende e da recém-inaugurada CSA, há no estado outras siderúrgicas em operação: Cosigua/Gerdau, na Zona Oeste do Rio - produz por ano 1,3 milhão de toneladas de aços longos/ano para a construção civil, abastecendo os mercados interno e externo; CSN, em Volta Redonda - produz por ano seis milhões de toneladas de placas, folhas e laminados, para abastecer os mercados interno e externo; Siderúrgica Barra Mansa, da Vorotantim Siderurgia, em Barra Mansa, no Sul do estado - fabrica 800 mil toneladas de aço/ano para construção civil, para atender o mercado interno.

O seminário, organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reuniu executivos das empresas siderúrgicas, representantes de entidades de fomento e pesquisa e especialistas no setor. Em pauta, temas como mercado, logística, condicionantes ambientais, locacionais, fiscais e financeiros, além do incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Agenda para a competitividade

Na abertura do evento, Bueno defendeu a necessidade de a siderurgia fluminense ganhar maior competitividade.
  • A competitividade tem três dimensões, em minha opinião: a sistêmica, que tem a ver com a política macroeconômica; a gestão empresarial, que diz respeito à maneira como as empresas se gerem; e a setorial, que é o tema do nosso encontro. Ela tem várias características, como a existência de um parque de fornecedores e uma política de inovação que contribuam para a eficiência do setor produtivo e o uso do poder de compra instalado no estado para que se desenvolvam as empresas do entorno, no caso nosso hoje aqui, do parque siderúrgico. Essas são as questões que vamos discutir - propôs.
O secretário propôs uma agenda de ações conjunta entre Governo, iniciativa privada e entidades com objetivo de aumentar a competitividade do setor no estado, a partir do adensamento da cadeia de insumos e produtos. E defendeu o apoio ao setor siderúrgico, considerado fundamental para o fortalecimento da indústria de transformação no estado, que vivia uma longa fase de decadência nos últimos 30 anos.
  • A siderurgia é o motor para a indústria de transformação no Rio de Janeiro, que é uma importante geradora de tributos e postos de trabalho qualificados. É preciso promover uma discussão estruturada e nuclear – termo muito usado na Metalurgia – para ajudar a desenvolver a indústria siderúrgica fluminense – acrescentou o secretário.
Ele citou uma pesquisa recente sobre a evolução das vagas nos últimos sete meses, mostrando que a indústria de transformação já é considerada a segunda maior geradora de empregos no Rio, atrás apenas do setor de serviços, tradicional vocação econômica do estado.

Para ele, o ponto central que merece atenção nas discussões em torno do desenvolvimento da siderurgia no Brasil e no Estado do Rio é a questão do conteúdo local, que é fortemente trabalhada pela indústria do petróleo e gás, com programas de desenvolvimento de fornecedores, mas ainda pouco difundida nas indústrias de siderurgia, mineração e celulose.

Outro desafio, segundo o secretário, é a formação de mão de obra para atender à demanda de crescimento do setor. Segundo Bueno, é necessário investir em novos cursos e novas tecnologias para suprir as necessidades atuais e garantir a geração de recursos humanos qualificados para atender o aumento da demanda gerada pelos novos projetos.
  • Atualmente, se formam 500 engenheiros metalúrgicos por ano no Brasil. Isso é suficiente para sustentar as projeções de crescimento do setor de siderurgia e metalurgia? – questionou o secretário, que também é engenheiro metalúrgico.
Vantagens competitivas e oportunidades

As perspectivas são favoráveis para a indústria siderúrgica no estado. Em sua palestra, o superintendente de Projetos Estruturantes da Secretaria de Desenvolvimento, Jorge Cunha, destacou algumas das principais vantagens competitivas do Rio para o desenvolvimento do setor, como a localização estratégica; a infraestrutura; a facilidade de acesso de matérias-primas; as facilidades logísticas (ferrovias e portos); os pólos de demanda (petróleo, construção naval, indústria automotiva etc.); as facilidades para a formação de mão de obra e para a expansão do parque instalado e o apoio institucional, especialmente por parte do Governo do Estado.

Cunha também listou alguns fatores macroeconômicos considerados fundamentais para as perspectivas de desenvolvimento da indústria siderúrgica no Estado do Rio de Janeiro, com destaque para as obras da Copa 2014, as Olimpíadas 2016 e os projetos de petróleo e gás. Segundo ele, outros fatores também influenciam positivamente para a expansão do setor, como a previsão de investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento); o crescimento do PIB nacional, do setor de construção e do consumo de aço acabado.
  • A demanda por aço acabado no país é crescente em função do crescimento do PIB brasileiro, previsto para 2010 na faixa de 5,8%. Como a produção de aço no Brasil, perto de 40 milhões de toneladas/ano, não é suficiente para atender a demanda do mercado interno, é necessária a importação de 4,1 milhões de toneladas de aço/ano. Os estudos técnicos indicam que essa demanda vai aumentar ainda mais no período de 2011 e 2016, em torno de oito milhões de toneladas de aço por ano, em função da realização da Copa do Mundo de 2014, das Olimpíadas de 2016 e da exploração de petróleo e gás.
Segundo Cunha, o PIB da construção civil no Brasil vai crescer na casa dos 10% este ano; a indústria de transformação cresce no estado acima de 8% ao ano; o consumo de aço acabado deve evoluir em 23% em 2010 e os investimentos no PAC no período de 2011 e 2014 serão da ordem de R$ 959 milhões. “São números que justificam a preocupação da área pública quanto ao estabelecimento de uma política adequada para garantir a riqueza e os benefícios do setor siderúrgico sobre a economia fluminense”, completou o superintendente.

Durante a programação, o Departamento de Geologia da UFRJ apresentou o projeto de análise e planejamento estratégico do setor no Rio, que tem como principal objetivo consolidar a cadeia de insumos e produtos do setor, conhecer os gargalos e identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para a siderurgia fluminense. 


Fonte: Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro

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