Palestra: O trabalho do futuro ou o futuro sem trabalho?

Invenção do Contemporâneo

Pirâmide social do modelo capitalista de expropriação do trabalho
 
"O maior perigo para o capitalismo, é o próprio espírito autofágico dos capitalistas" 
(John Maynard Keynes)

MODELO ECONÔMICO E SOCIAL BRASILEIRO
( O LUGAR DO POVO)




O modelo brasileiro se caracteriza pelo capitalismo dependente, associado e excludente. Os donos do poder conclamam, com certa ingenuidade, que a opção brasileira só pode se dar nos moldes do capitalismo liberal. Isto significa que se privilegia o capital sobre o trabalho. 

Os detentores do poder econômico conduzirão a política nacional nos interesses do capital que é apropriado em pouquíssimas mãos frente a uma massa imensa de vendedores de sua força de trabalho, leiloada consoante as regras da demanda.

Este capitalismo nacional depende do capitalismo mundial, não tendo projeto próprio. Ele obedece às decisões tomadas pelos países cêntricos do sistema na parte econômica, política, cultural e militar.

Além do mais, trata-se de um capitalismo associado ao capital mundial. Mais de 60% das indústrias grandes e médias ou pertencem ou são controladas pelas transnacionais. A burguesia nacional é associada à burguesia internacional, perseguindo a mesma forma de acumulação. 

Por fim, trata-se de um capitalismo excludente. O desenvolvimento intencionado e realizado não se orienta a atender às reais necessidades da população, mas aos caprichos dos grupos que detêm o capital e o acumulam de forma privada. 

O portador do desenvolvimento em moldes capitalistas e o destinatário não são o povo. É operado às custas e, quase sempre, contra os trabalhadores. Por isso é excludente. Nada melhor para comprovar a iniqüidade deste sistema do que considerar a pirâmide da estratificação social brasileira (acima).

O sistema econômico e social favorece diretamente a apenas 20% da população. Os 80% restantes, o povão, forma a classe dominada, combustível (recursos humanos) para o projeto capitalista caboclo. O povo ocupa o lugar subalterno e marginal. Ele é relegado, em termos sociais, a sub-gente e a não-gente, na expressão de Darcy Ribeiro. 

(Leonardo Boff, em "A fé na periferia do mundo" - Ed. Vozes)

O trabalho vem passando por profundas transformações nas últimas décadas, oriundas sobretudo do processo de reorganização da ordem econômica com a globalização e com as expressivas inovações tecnológicas.
São mudanças que contêm componentes estruturais, pois é necessário cada vez menos trabalho para uma produção cada vez maior de bens. Ao mesmo tempo, novas necessidades vão sendo criadas, especialmente na área de serviços. Tudo isso em um contexto de globalização na qual as decisões de política econômica estão subordinadas à hegemonia do mercado financeiro, em um cenário de capitalismo flexível no qual as estratégias empresariais estão voltadas - processos que vão alterando o quadro das ocupações e das relações de trabalho, tornando-as mais efêmeras e flexíveis. Em paralelo, vai se alterando o papel dos sindicatos, que necessitam responder aos desafios de um mundo do trabalho em transformação.

Recentemente, acrescentam-se novos componentes: de um lado, a crise mundial faz aumentar dramaticamente o desemprego e fragilizou ainda mais o poder de negociação dos trabalhadores; de outro lado a necessidade de considerar de forma mais consistente a sustentabilidade do modelo de desenvolvimento, com preservação do meio ambiente, requer uma redefinição dos padrões de consumo, o que irá impactar sobre o trabalho em diversos setores da economia.

No caso brasileiro, inserido na lógica das transformações acima anunciadas, há a necessidade de obtermos um grau maior de desenvolvimento para poder suprir diversas necessidades básicas ainda parcialmente atendidas para o conjunto da população, tais como os serviços sociais e de infra-estrutura, o que implica incluir a reconfiguração do trabalho num projeto de desenvolvimento de longo prazo.

Com a finalidade de discutir os impactos das transformações na sociedade globalizada e da atual crise mundial sobre a esfera do trabalho (o quadro das ocupações, o perfil dos trabalhadores, o padrão qualitativo das ocupações, as relações de trabalho e o papel dos sindicatos) foi realizado um ciclo de palestras no mês de novembro/2009. O objetivo é fazer uma reflexão sobre as perspectivas do trabalho no contexto atual, com ênfase no Brasil. (Curador: José Dari Krein)
  

Discutir as perspectivas do trabalho em um capitalismo em transformação e suas implicações para o trabalho. 
  • Estamos caminhando rumo a uma sociedade pós-industrial? 
  • Está prevalecendo uma sociedade do conhecimento? 
  • A globalização está produzindo uma sociedade em rede? 
Como estas mudanças afetam o emprego e a distribuição de renda?

Confira a Palestra de Carlos Alonso Barbosa de Oliveira, Davi Jose Nardy Antunes, Marcelo Weishaupt Proni no programa Invenção do Contemporâneo gravada no dia 3 de novembro, em Campinas.

Evento do módulo Reflexões sobre a crise e o futuro do trabalho


Confira, também, na íntegra:

Perspectivas ocupacionais no capitalismo atual - Marcio Pochmann e Cláudio Salm

A tendência recente de reorganização da economia vai extinguindo e recriando ocupações, redefinindo as profissões com profundos impactos na forma de inserção dos indivíduos na sociedade e nas próprias possibilidades de organização social. 
  • Como a crise atual e seus desdobramentos afetam a qualidade das ocupações geradas? 
  •  Que tipo de políticas públicas são mais importantes diante das perspectivas traçadas?
Palestra de Marcio Pochmann (Diretor Presidente do IPEA) e Cláudio Salm no programa Invenção do Contemporâneo gravada no dia 17 de novembro, em Campinas.
Fonte: http://www.cpflcultura.com.br/

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