Livros: Um mundo sem pobreza
Li, gostei e colei!
A Empresa Social e o Futuro do Capitalismo
"A paz duradoura só será alcançada quando grandes grupos de pessoas saírem da pobreza"
(Muhammad Yunus - Nobel da Paz 2006)
- 1 Bilhão de pessoas vivem com cerca de 1 dólar por dia.
- 3 Bilhões de pessoas vivem com cerca de 2 dólares por dia.
- No Brasil, 56 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza
A paz duradoura só será alcançada quando grandes grupos de pessoas saírem da pobreza.
IMPOSSÍVEL? Não.
Algumas doenças infecciosas já foram consideradas imbatíveis. Quisemos ir à Lua e fomos. Temos a tecnologia, temos os recursos. Quando consideramos a história do ser humano, fica claro que sempre conseguimos o que queremos.
Devido a pressupostos errados, tratamos os homens como se visassem apenas ao lucro máximo. Criamos instituições que excluem metade do mundo e destróem o meio-ambiente.
A pobreza existe por causa desses fracassos intelectuais, não por falta de capacidade das pessoas na pobreza. Alguns têm a oportunidade de explorar seu potencial, mas outros jamais tiveram (terão) a chance.
Ninguém nasce para sofrer a miséria da fome e da pobreza. Cada um que vive na pobreza tem o potencial para se tornar tão bem-sucedido quanto qualquer outra pessoa no mundo.
Esse talento das pessoas na pobreza acabam morrendo com elas e o mundo é privado de tudo que elas poderiam ter feito.
- Eliminar a pobreza é possível porque ela não é natural nos seres humanos - ela lhes é imposta artificialmente.
Cada geração deveria deixar um mundo melhor do que aquele que encontrou. Significa inverter alguns ponteiros, como por exemplo: ao invés de se perguntar "que mundo quero deixar para o meu lindo filhinho", há que se perguntar, a bem da civilização, "que filho quero deixar neste mundo?"
Precisamos eliminar a pobreza, deixá-la apenas nos museus, o mais rápido possível, de uma vez por todas.
Um mundo sem pobreza, ou ricos sem mundo nenhum
Esse foi o primeiro livro sobre pobreza em que o autor não se mostra como um teórico delirante, pregando soluções mirabolantes e inviáveis, sem nenhuma experimentação real.
Muhammad Yunus colocou tudo em prática e hà 30 anos o sucesso de suas empreitadas repercutem mais do que seus livros. Em 2006, ele e sua empresa ganharam, pasmem, simplesmente o prêmio Nobel da Paz. Pouca coisa, não?
O que ele propõe é simples, lógico, eficaz (as conquistas dele comprovam) e pode ser um grande salto na luta contra os problemas sociais que afligem os países pobres.
O que ele propõe?
- Microcrédito
Segundo sua experiência, os pobres sabem se virar, eles conseguem fazer muito com pouco. Minimalismo na periferia não é propriamente uma opção, é um talento. Eles precisam de poucos recursos para resolverem seus problemas e melhorarem de situação.
Por isso, antes de tudo é preciso dar-lhes acesso ao microcrédito, ou seja, pequenos empréstimos a juros baixos (repito, Dilma, Mantega, Tombini, Dida e afronhados diversos: juros baixos) que devem ser pagos.
A oferta deve ser concentrada nas mulheres, pois a experiência mostra que elas administram melhor os recursos e expandem o benefício para toda a família e comunidade. Fato.
- Empresas Sociais
Yunus reconhece a importância do governo, das ONGs, da reponsabilidade social nas empresas; mas afirma que falta nessas instituições: agilidade, foco, sustentabilidade e estímulo, para resolverem sozinhas tantos problemas.
Ele acredita (e eu também) na criação de EMPRESAS SOCIAIS, que não tenham como objetivo apenas o lucro - uma empresa que seja totalmente dedicada à resolução de problemas sociais e ambientais.
É uma empresa em todos os sentidos, precisa cobrir suas despesas e alcanças seus objetivos sociais. Os lucros obtidos não podem ser retirados da empresa, devem ser reinvestidos nela. Ou seja, repensar essa forma esdrúxula, para não dizer irracional, de se distribuir as tais PLR (Participação nos Lucros e Resultados) reproduzindo a forma piramidal de concentrar riqueza em mãos de uns poucos aleijões.
Os investidores recebem o capital que investiram, depois de algum tempo, sem juros, para investirem em outra empresa se quiserem. Pela linha da empresa e a impossibilidade legal de retirar o lucro, não vejo como utilizá-lo em benefício próprio.
As ações da empresa podem ficar nas mãos dos pobres, distribuindo os lucros a eles na forma de dividendos.
Porque alguém empregaria seu dinheiro em uma empresa social?
Pela mesma satisfação que obtêm com a filantropia e caridade. Mas na empresa social, esse sentimento pode ser maior, pois a empresa social é autossustentável. Uma vez estabelecida, ela cresce por conta própria. E os investidores recebem seu dinheiro de volta, podendo investir o dinheiro novamente.
Particularmente, os jovens se interessarão em participar das empresas sociais, pois oferece-lhes um sentido e uma oportunidade de empregar toda sua energia e criatividade.
Yunus defende também a criação de um Mercado de Ações separado, só de Empresas Sociais, o que facilitaria os investimentos nessas empresas e aumentaria a liquidez e transparência.
Na prática, o que ele já fez?
- Grameen Bank
Quando lecionava economia em Bangladesh, Yunus ficou revoltado com a situação das mulheres pobres de Jobra, que precisavam de recursos para produzir e eram exploradas por agiotas, que emprestavam dinheiro a juros astronômicos.
Yunus ao ver que a quantia de que elas precisavam era pequena, ao todo 27 dólares, resolveu emprestar do próprio bolso e assim as livrou dos agiotas. E, para sua surpresa, todas lhe pagaram em dia!
Pensando em expandir o benefício para outras aldeias, foi conversar com bancos para que liberassem empréstimos a elas, mas eles disseram-lhe que não podiam, pois não havia garantias.
Ofereceu-se então como fiador para elas, e novamente, todos os empréstimos foram pagos, pontualmente!
E foi assim, fundado por Yunus e alguns alunos em 1976, nasceu o Banco Grameen, o primeiro especializado em microcrédito para pobres no mundo.
Os céticos disseram a Yunus:
- "Vocês estão desperdiçando dinheiro! Nunca receberão de volta o que emprestam. Mesmo que esteja funcionando agora, vai desmoronar logo".
Mas o banco Grameen não desmoronou. Ao contrário, expandiu-se e hoje concede empréstimos para mais de 7 milhões de pobres de Bangladesh, 97% mulheres, totalizando 6 bilhões de dólares emprestados. A TAXA DE INADIMPLÊNCIA É DE 1%, uma das menores do mundo.Vá até um banco comercial qualquer e sondem a quantas anda a inadimplência, e em que classe se concentra. Você, caro amigo navegante, ficaria estupefato com a descoberta de como essa classe mérdia, metida a besta, que gosta de trocar de carro todo ano vive atolada em dívidas.
94% das ações estão nas mãos dos próprios tomadores de empréstimos(!) que recebem os lucros do banco na forma de dividendos.
O banco Grameen sempre obteve lucro com exceção em crises em 1983, 1991 e 1992. NÃO RECEBE DOAÇÕES, sendo totalmente autônomo desde 1995.
Yunus é conhecido como o "Banqueiro dos Pobres" (Banker of the Poor) e esse foi o título do seu primeiro livro sobre microcrédito, lançado no Brasil em 2002.
- Família Grameen
A expansão do Banco Grameen permitiu a criação da Família Grameen, que une várias empresas sociais de áreas como: telecomunicações, energias renováveis, consultoria, têxtil, agricultura, pesca e pecuária, educação, saúde e nutrição.
Essas empresas fornecem oportunidades de trabalho aos pobres, resolvem seus problemas e dão-lhes os recursos que precisam e compram aquilo que eles produzem.
Desta forma, milhões de pessoas estão saindo da pobreza e contribuindo para a economia mundial.
- Grameen Danone
A Danone procurou Yunus e juntos montaram a Grameen Danone, uma empresa social que fabrica yogurtes nutritivos que melhoram a alimentação das crianças pobres de Bangladesh.
Além de empregar pessoas das aldeias e utilizar a matéria-prima deles, cada copo de yogurte é vendido a 7 centavos de dólar cada. Se trouxer o copo, ganha mais iogurte. O próximo passo é fazer o copo com material comestível.
- Prêmio Nobel da Paz em 2006
Yunus explica porque ganhou este prêmio:
"A pobreza leva à desesperança e a conflitos entre os povos por recursos escassos. Aquele que não tem nada a perder não encontra razões para abster-se da violência.
O microcrédito é uma força de paz a longo prazo, pois tira as pessoas da pobreza e faz os povos terem relações comerciais entre si, evitando as guerras"
E Bangladesh, depois disso tudo como é que tá?
Bangladesh, na década de 1970 foi considerada um "caso perdido" por Henry Kissinger, do Conselho de Segurança dos EUA. Atualmente é um dos únicos países a crescer economicamente sem aumentar a desigualdade social.
Apesar das constantes catástrofes naturais que assolam o país, a família Grameen juntamente com o governo, ONGs e empresas, TERÃO ERRADICADO A POBREZA DO PAÍS ATÉ 2030. Pergunte a Yunus se em Bangladesh tem bolsa-isso e bolsa-aquilo.
Se o "caso perdido" Bangladesh pode, quem não pode?
Reportagem do Jornal da Globo (NOV/2008):
http://www.youtube.com/watch?v=-4hWXSxwPqI
Entrevista no Rodaviva da TV Cultura (OUT/2000):
Fonte: http://nicholasgimenes.com.br/
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