Cotas: Senhora Liberdade

Do Tijolaço.com

Liberdade sempre; Igualdade, agora e amanhã!


Hoje é um dia muito especial. Nem tanto pelo ato da abolição da escravatura, esta vergonha da qual o Brasil foi um dos últimos países a se livrar, porque o sistema econômico já não podia conviver com ela, quando a princesa Isabel assinou a Lei Aurea. Até porque os negros, livres de direito, continuaram escravos da pobreza e do abandono, restritos à periferia da vida social.

Mas é especial porque lembra a todos nós que a abolição da escravatura , de fato, é o ato de reconhecermos que somos todos iguais. Um ato que não se conclui, que permanece em nossas atitudes a cada dia e que, sobretudo, se expressa em políticas que permitam, progressivamente, acabar com o imenso fosso social que vinha eternizando a exclusão de nossos irmãos negros num apartheid cultural, educacional e cidadão.

Ainda o vivemos, e às vezes de forma dramática como a escravidão de há 122 anos. É o  que mostra a  matéria da Foia de hoje, onde o economista Marcelo Paixão, da UFRJ, mostra que de cada quatro trabalhadores brasileiros libertados de situação análoga á escravidão, três são negros ou pardos. E não são poucos: são 73% dos 38.572 brasileiros libertados desta vergonha.

O trabalhismo tem orgulho de ter sido a primeiro partido a levantar a causa negra, tem o orgulho de ter sido um dos serus que criminalizou o racismo, com a Lei Caó, do jornalista Carlos Alberto de Oliveira dos Santos, nosso parlamentar. De termos entre nós um líder histórico do povo negro, Abdias doNascimento. De criarmos o termo “socialismo moreno”, para significar que igualdade, no Brasil, passa necessariamente pela igualdade racial.

Nenhum orgulho, porém, nos deixa mais felizes que ver os nossos irmãos ascendendo. Vivendo melhor, comendo melhor, tendo acesso aos bens a que todas as pessoas têm direito, educando melhor os seus filhos e, finalmente, podendo ingressar no ensino superior com a política de cotas que, apesar de toda a oposiçao da elite, vai ser revertida.

A mesma Foia, no caderno de economia publica o gráfico que reproduzo aí acima. A renda dos brasileiros negros subiu 222% nos últimos oito anos. Seus padrões de consumo subiram. Ainda assim ,você pode reparar, o acesso das famílais negras a bens como fogões, máquina de lavar, computador, freezer e outros ainda é inferior ao que era o das famílias brancas oito anos antes. Em outros, como televisão, geladeira, telefone, são ligeiramente maiores do que o índice de 2001, mas ainda bem abaixo do que estas têm em 2007.

A discriminação racial e social, porém, prossegue. No jornal, Marcus Vinícius, estudante universitário, exemplifica com uma concessionária de automóvel: “acho que somos vistos como os integrantes da periferia, que não tem renda nem condição de comprar”.

Vamos continuar brigando para que não seja mais assim, para que o Brasil dê  a todos os seus filhos, de todas as partes e de todas as cores, a idéia de que somos uma só coisa: brasileiros.

Que a liberdade e a igualdade, agora e para sempre, abram as asas sobre nós.

Fonte: Blog do Brizola Neto

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