Carnaval: Ilusões que se acabam em cinzas

Do Blog do Cardoso - Prof. Miguel                                       

 
Um pouco de história sobre o nosso carnaval.

Temos mais um dia de espetáculo carnavalesco. E para a abertura deste blog, em  plena folia de uma festa de desvairos, de desatinos e de diferenças, nada mais apropriado que discorramos um pouco da história ou a história desta festa secular na nossa cultura.

Há muitas explicações para a origem do carnaval. Alguns dizem que há milhares de anos, os camponeses contentes festejavam seus deuses em cerimônias rituais coloridas e movimentadas; mascaravam-se imitando animais, numa tentativa de aproximação com a natureza, que tão amiga lhes fora. O enfeite dos corpos e a alegria das almas atravessaram tempos e culturas, insinuando-se nas tradições de todas as sociedades, qualquer que fosse seu grau de desenvolvimento. Festejos ruidosos e turbulentos comemoravam todos os eventos que os justificassem como um carnaval.

Eram pagãs essas festas. Foram toleradas pela Igreja, durante a Idade Média, depois de ordenadas e regulamentadas. Mas os limites impostos adulteravam a natureza das festas. O uso de máscaras, contudo, conseguiu sobreviver, embora com o passar do tempo acabasse se restringindo às camadas sociais de elite. Assim, se não me engano, em meados do século XIII, os elegantes bailes de máscara já se tornavam uma tradição. O povo, porém, fazia uma festa nas ruas, com danças improvisadas e nenhuma sofisticação.

Só no Renascimento as máscaras voltaram a se popularizar, difundindo-se também o uso das fantasias. Batalhas de bolotas de gesso ou de água também se incorporavam aos carnavais. Se estiver certo, depois da metade do século XIX, o carnaval se generalizou de tal forma na Europa, que até Londres, a mais puritana das cidades, o festejou sem constrangimentos. No começo do século XX, os carnavais quase desapareceram da Europa. Só em algumas cidades continuou enlouquecendo alguns dias por ano. Primitivamente, o carnaval ia de 25 de dezembro, Natal, até o Dia de Reis. A Igreja quando o regulamentou, marcou a data dos festejos para sete domingos antes da Páscoa.

E foi num desses domingos que o carnaval chegou ao Brasil, vindo de Portugal. Sem submeter-se a essa data estritamente, começou a ser festejado em outras ocasiões: na chegada de um personagem importante, por exemplo. Armavam-se palanques, todos ficavam irrequietos, e até as mulheres – fato inédito – saíam às ruas, para ao menos, presenciar os acontecimentos. A folia já chegou ao Brasil estigmatizada. Os hábitos carnavalescos portugueses, barulhentos e violentos, transplantaram-se para a colônia. Principalmente o do entrudo, ou seja, as batalhas. Batalhas de ovos crus, de cartuchos de pó, de panelas de vários líquidos de tremoço, milho, feijão, soprados por tubos; de areia, quinquilharias e, sobretudo, litros e litros de água.

Já em 1906 ou 1908, foi introduzido o lança-perfume, mais refinado e galante em substituição o limão de cheiro. O invólucro metálico para substituir os perigosos recipientes de vidro, foi criado em 1927. Descendentes legítimos do entrudo são ainda as serpentinas e os confetes, originários da Espanha. Outros recursos e brincadeiras se foram criando, com o tempo, pela evolução do próprio carnaval, ou por foliões espirituosos e engenhosos. E a tradição da fantasia foi acentuando-se cada vez mais, no decorrer dos tempos.

Na França, sabemos que ao carnaval, a sua celebração restringe à terça-feira-gorda e à mi-carême (quinta feira da terceira semana da Quaresma) Uma curiosidade: Em Colônia, na Alemanha, o carnaval é iniciado às 11 horas e 11 minutos de 11 de novembro (11º minuto da 11ª hora do 11º dia do 11º mês do ano).

Miguel Álvares Cardoso - Professor, sociógrafo, poeta, autor de "Mitologia - Os deuses: suas hierogamias, conflitos e fantasias poéticas", "Trajetória", "Meus artigos na Blogosfera", "Miscelâneas Filosóficas" e outros trabalhos publicados em Revistas e Jornais nacionais.

Fonte: Blog do Cardoso

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