Crônica: O Homem de Nazaré e os outros homens
O Homem de Nazaré e os outros homens
Quadro A Santa Ceia - Da Vinci
As escavações de Nazaré, ao revelarem uma casa da época de Cristo – que pode ter sido a da família de Jesus – mostram a pobreza daquele tempo, em que os romanos afirmavam seu império sobre a Palestina, com seus soldados e Herodes. Somos tentados, ao examinar as circunstâncias históricas, a definir Jesus como um homem político, mas, para isso, temos que escoimar a expressão, tão maculada ela se encontra. A política, e essa reflexão nos serve nestas horas brasileiras, como servia em Jerusalém, é a mais importante das ações humanas, e todos nós devemos praticá-la, como Cristo a praticou contra o Império.
Vivendo em comunidade, tudo o que fazemos, e tudo o que deixamos de fazer, interfere no todo. Na política, como na física, podemos recorrer à famosa teoria do caos, de Edward Lorenz, e do efeito borboleta (dela intuído, embora de forma lateral). Assim como o bater de asas de uma borboleta, no Pacífico, pode determinar, pela ampliação das consequências físicas, o derretimento de uma geleira na Antártica, o ato de um cidadão qualquer pode desencadear processo político que venha a mudar o mundo. Seu gesto pode repetir-se, crescer ao ser emulado, mudar a História.
Cristo foi o jovem que saiu de Nazaré, esteve em algum lugar que, por algum motivo, os evangelhos não registram, talvez porque não convenha a "Santa" Igreja Católica Apostólica Romana - O último reduto do poderoso império reduzido ao Estado do Vaticano, mas ramificado em todo o mudo -, revelar tudo o que seus discípulos tenham revelado.
Vivendo em comunidade, tudo o que fazemos, e tudo o que deixamos de fazer, interfere no todo. Na política, como na física, podemos recorrer à famosa teoria do caos, de Edward Lorenz, e do efeito borboleta (dela intuído, embora de forma lateral). Assim como o bater de asas de uma borboleta, no Pacífico, pode determinar, pela ampliação das consequências físicas, o derretimento de uma geleira na Antártica, o ato de um cidadão qualquer pode desencadear processo político que venha a mudar o mundo. Seu gesto pode repetir-se, crescer ao ser emulado, mudar a História.
Cristo foi o jovem que saiu de Nazaré, esteve em algum lugar que, por algum motivo, os evangelhos não registram, talvez porque não convenha a "Santa" Igreja Católica Apostólica Romana - O último reduto do poderoso império reduzido ao Estado do Vaticano, mas ramificado em todo o mudo -, revelar tudo o que seus discípulos tenham revelado.
A história nos legou um homem feito a buscar, nas águas do rio, o batismo de João Batista. O pregador precisava de seu concurso, e ele o substituiu quando uma princesa adúltera, volúvel e vil recebeu de presente a cabeça do profeta, a seu pedido. Sua ação foi política: como João, recusava o sistema. Contra ele, pregava – no meio do povo – a revolução, imediata, da igualdade e da justiça. Qualquer que seja a interpretação de sua presença e dimensão histórica, ele agiu, no plano da realidade de seu tempo, como político. Isso não lhe exclui, nem mesmo reduz, a transcendência. A transcendência se confirma na necessidade, naquele momento, e em toda a História, de sua presença no sentimento de todos os seres humanos. Todos os que o negam, o confirmam, em algum momento da vida. Confirmam-no quando se encontram em aflição e o confirmam quando são tocados por instantes de êxtase, de alegria e de indignação contra os opressores.
O Natal é a festa do nascimento de Jesus, porque é a festa do nascimento de todos nós. De acordo com alguns teólogos, nós nascemos com Cristo, porque só depois dele entendemos a vida como um compromisso com o amor. A mensagem de Cristo é mais poderosa do que as instituições que reivindicam o seu nome; é também mais poderosa do que a fé que as seitas recolhem e administram, nos negócios do mundo. Ela é a mensagem do Filho do Homem, para os homens; é a mensagem de um para o outro, para os outros. Nisso, os evangelhos podem ser traduzidos em uma frase: nós somos seres que só podemos nos entender como irmãos na igualdade: na face e nas mãos, nos olhos e nos lábios, na voz, no riso e nas lágrimas.
Nós somos o que somos, e seremos maiores no tempo e no mundo, quando formos iguais, uns diante dos outros. Para os humanistas e agnósticos que vivem a sua mensagem, embora possam duvidar da saga que lhe atribuem, Cristo é, do nascimento à morte; da gruta de Belém ao Calvário; da estrela radiosa e brilhante, que o saúda ao nascer, às trevas da agonia, uma resposta do homem à sua própria necessidade.
Como qualquer homem, na hora da morte, ele não tinha ângulo em que agarrar-se, estava agônico, de acordo com o léxico grego. Assim, como qualquer homem, recorreu a Deus, perguntando-lhe porque o abandonara. No reconhecimento de sua fragilidade humana, estava a grandeza de sua transcendência. Por isso, São Francisco de Assis, de inegável existência histórica, é o santo que dele mais se aproxima, ao despir-se e batizar-se com o vento, e reafirmar o amor, ao retomar, com a jovem Clara, o caminho de Cristo na encosta de Assis e na planície umbra, em cujo solo reabriu suas trilhas palestinas, e fundou, com os pobres, comunidade que incluía leprosos e miseráveis.
O Natal é a festa do nascimento de Jesus, porque é a festa do nascimento de todos nós. De acordo com alguns teólogos, nós nascemos com Cristo, porque só depois dele entendemos a vida como um compromisso com o amor. A mensagem de Cristo é mais poderosa do que as instituições que reivindicam o seu nome; é também mais poderosa do que a fé que as seitas recolhem e administram, nos negócios do mundo. Ela é a mensagem do Filho do Homem, para os homens; é a mensagem de um para o outro, para os outros. Nisso, os evangelhos podem ser traduzidos em uma frase: nós somos seres que só podemos nos entender como irmãos na igualdade: na face e nas mãos, nos olhos e nos lábios, na voz, no riso e nas lágrimas.
Nós somos o que somos, e seremos maiores no tempo e no mundo, quando formos iguais, uns diante dos outros. Para os humanistas e agnósticos que vivem a sua mensagem, embora possam duvidar da saga que lhe atribuem, Cristo é, do nascimento à morte; da gruta de Belém ao Calvário; da estrela radiosa e brilhante, que o saúda ao nascer, às trevas da agonia, uma resposta do homem à sua própria necessidade.
Como qualquer homem, na hora da morte, ele não tinha ângulo em que agarrar-se, estava agônico, de acordo com o léxico grego. Assim, como qualquer homem, recorreu a Deus, perguntando-lhe porque o abandonara. No reconhecimento de sua fragilidade humana, estava a grandeza de sua transcendência. Por isso, São Francisco de Assis, de inegável existência histórica, é o santo que dele mais se aproxima, ao despir-se e batizar-se com o vento, e reafirmar o amor, ao retomar, com a jovem Clara, o caminho de Cristo na encosta de Assis e na planície umbra, em cujo solo reabriu suas trilhas palestinas, e fundou, com os pobres, comunidade que incluía leprosos e miseráveis.
O Natal – para aqueles que não o celebramos como festa profana, festa do consumo – é uma reverência ao Mistério, que fez de um homem frágil, que não conseguia sozinho – e este é outro sinal da transcendência – carregar a cruz, e aceitou que um certo Simão, cirineu, o ajudasse a subir a escalada do Calvário. Um cirineu qualquer, que vinha do campo, com seus braços e seu ombro, conforme o belo Evangelho de Lucas.
Fonte: Jornal do Brasil
DICA: A Última Tentação De Cristo – Martin Scorsese (legendado)
Filme Grátis Completo
FICHA TÉCNICA
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 1988
Qualidade: DVDRip
Formato: Avi
Áudio: Inglês
Legenda: Português (SEPARADA)
Tamanho: 700 mb
Download: MegaUpload
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Ano de Lançamento: 1988
Qualidade: DVDRip
Formato: Avi
Áudio: Inglês
Legenda: Português (SEPARADA)
Tamanho: 700 mb
Download: MegaUpload
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Sinopse: Jesus (Willem Dafoe) é um carpinteiro que vive um grande dilema, pois é quem faz as cruzes com as quais os romanos crucificam seus oponentes.
Resumindo, Jesus se sente como um judeu que mata judeus. Vivendo um terrível conflito interior ele decide ir para o deserto, mas antes pede perdão a Maria Madalena (Barbara Hershey), que se irrita com Jesus, pois não se comporta como uma prostituta e sim como uma mulher que quer sentir um homem ao seu lado.
Ao retornar, Jesus volta convencido de que é o filho de Deus e logo salva Maria Madalena de ser apedrejada e morta. Então reúne doze discípulos à sua volta e prega o amor, mas seus ensinamentos são encarados como algo ameaçador à elite clerical judaica que reivindica aos chacais romanos a sua morte, então é preso e condenado a morrer na cruz.
Já crucificado, é tentado a imaginar como teria sido sua vida se fosse uma pessoa comum. Mas esse trecho é apenas um exercício da imaginação do autor da obra - Nikos Kazantzazkis -, que tanto furor causou à época tanto aos que se apoderaram dos ensinamentos cristãos, quanto daqueles que se servem das mesmas opressões para manutenção de seus sistemas de dominação.
No Brasil, a exibição do filme também foi censurada. Na Chuiça, Jânio Quadros, então prefeito, assistiu ao filme, mas não entendeu a mensagem implícita impedindo também a sua exibição mesmo em nível privativo. Pena, pois que ao contrário dos que muitos pensam esse filme não abala a fé de quem a tem, reforça-a.
Nas palavras de Nikos Kazantzazkis: "A DUPLA ESSÊNCIA DE CRISTO
"O desejo tão humano - tão sobrehumano do homem de chegar a Deus, tem sido para mim um inescrutável mistério.
O fundamento e base da minha angústia além de alegrias e tristezas da minha juventude tem sido a incessante e inexorável batalha entre o espírito e a carne, e minha alma é a arena onde estas armadas têm-se encontrado e combatido.
Afinal, que homem - que é homem - não deseja um mundo melhor."
"O desejo tão humano - tão sobrehumano do homem de chegar a Deus, tem sido para mim um inescrutável mistério.
O fundamento e base da minha angústia além de alegrias e tristezas da minha juventude tem sido a incessante e inexorável batalha entre o espírito e a carne, e minha alma é a arena onde estas armadas têm-se encontrado e combatido.
Afinal, que homem - que é homem - não deseja um mundo melhor."
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