Justiça Racial: O estilo classe média ruiva
"O médio-classista não apenas acredita em Deus,
como acredita que Deus gosta mais dele que dos outros"
COMO SER UM GENUÍNO MEMBRO DA CLASSE MÉRDIA BRASILEIRA
Militão até se antecipou e se ajoelhou ao medíocre representante da classe mérdia dos jardins. Diria Machado de Assis: "Vejam vocês as sutilezas do maroto..."
"Se você:
- delira quando Caetano Veloso abre a boca
- Não perde uma coluna de Danuza leão;
- Coleciona os livros de Ali Kamel.
Parabéns! Você é um típico representante da classe mérdia brasileira, fiel integrante da elite branca - ou ruiva, como é o caso de Nassifú.
Para ser tornar um genuíno membro da classe mérdia brasileira, você não pode ser racista. Simplesmente porque, na ótica da classe, o racismo não existe no Brasil. Não existe privilégio para nenhuma raça, tudo se pode conseguir pelo esforço e trabalho, seja a pessoa médio-classista ou negra. Convença-se disso.
Racismo, hoje, talvez, só nos Estados Unidos. Ali sim já se praticou racismo "do bom", racismo "de raíz", onde qualquer um pode encher um neguinho de porrada ou atear fogo na casa dele quando quiser...Mas, hoje, nem lá as coisas são como eram... o presidente deles é negro, então os negros não têm do que reclamar.
Tome cuidado! Essa história de cotas, de segregação racial, de discriminação e tratamento diferenciado não pode afetar sua culta percepção do mundo, a percepção de quem recebeu uma bela educação para nos melhores colégios católicos. Você deve entender isso como mera coisa de livros de História, que ninguém lembra mais, da época em que trouxeram os negros escravizados da África, situação que logo mudou quando a princesa Isabel assinou a tal parada, e desde então brancos e negros têm acesso ao que quiserem em igual condição.
Para demonstrar a seus estimados colegas da classe o quanto você faz por merecer a aceitação no grupo, discuta, sempre que surgir o tema, sobre como os negros simplesmente não querem estar na mesma posição dos brancos (lembre-se de representar uma "indignação analítica contida" quando disser isso).
Você causará suspiros de admiração, será ouvido e respeitado por seus pares. Argumente que, se você conseguiu chegar onde chegou, qualquer negro também conseguiria, pois este é um país onde o mérito funciona e é a base de tudo.
Diga que você acha estranho, mas talvez, por uma questão de gosto pessoal, eles prefiram jogar capoeira a ir para a universidade (novamente contenha a indignação de palestrante culto). E dê o veredicto:
- Ora, se os negros estão reclamando, botando a culpa nos brancos, querendo cotas, se organizando em grupos culturais, movimento de ações afirmativas e bandas de música black, eles é que são racistas.
(Neste ponto, você fica autorizado pela audiência a ignorar a auto-contradição).
Por fim, para dar o golpe de misericórdia e carimbar de vez seu passaporte ao mundo da classe mérdia, fale sobre sua relação com os negros. Decore:
- Você não deve ter nada contra nem a favor deles.
- Você os trata como qualquer pessoa e às vezes com humilde magnificência, até dá bom-dia ao jardineiro do prédio e à diarista.
- Você não namoraria uma pessoa negra, mas até daria uns pegas (se ele não contasse pra ninguém). Você acha que o governo tinha de criar escolas técnicas para "capacitar" pessoas para o trabalho manual, o que é uma ótima alternativa para os negros arrumarem emprego.
Em suma, defenda, com unhas e dentes, o ponto de vista que explica que as universidades, o Judiciário e a alta sociedade têm pouquíssimos negros apenas por coincidência, ou até mesmo por uma questão estatística: eles existem mesmo em menor número, tanto que você não os vê nas festas que frequenta.
(Trecho extraído da ed. 572 de Carta Capital, às págs 66 e 70)
PANO RÁPIDO: Siga todas essas magníficas dicas e será recebido de braços abertos por LN (Luis Nassifú) e sua parceira, "a ruiva", no mais badalado portal da internet brasileira: o portal do (des)conhecimento.
Por outro lado, se tem opinião própria e não é piolho para ir pela cabeça de chifrins, sugiro criar um blog e emitir opiniões próprias.
Fica Dica.
Por outro lado, se tem opinião própria e não é piolho para ir pela cabeça de chifrins, sugiro criar um blog e emitir opiniões próprias.
Fica Dica.
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