Cinema: O santo e o demônio, segundo Margarido

Deu em

O santo e o demônio
"Não te livras assim tão facilmente de teus demônios, pois podeis estar-te livrando do melhor que há em ti"
(F. Nietzsche)

Por Orlando Margarido, de Veneza


Ídolos dizem muito de um homem. Seus vilões também. Se analisados sob esse prisma revelador, os diretores norte-americanos Michael Moore e Oliver Stone teriam poucas semelhanças além do ponto de partida documental que alimenta o cinema de cada um.

Quis o destino, ou quem sabe a persistência, que seus filmes mais recentes pudessem ser confrontados com poucas horas de separação sob um ambiente favorável tanto à mera badalação como ao debate.

Mas foi o primeiro tom que se firmou no Festival de Veneza quando Stone promoveu seu personagem eleito para o documentário South of the Border.



Uma promoção não apenas sacramentada no filme, mas também ao vivo, quando o presidente venezuelano Hugo Chávez fez uma chegada digna de movie star, descendo de helicóptero, não de barco, como é praxe na ilha do Lido, que sedia o evento.

Popular, ou populista como preferem seus inimigos, Chávez cumprimentou curiosos, deu autógrafos e saudou bandeiras vermelhas que surgiram na multidão. E se fez acompanhar de Stone, seu hagiógrafo, segundo denominou um arguto crítico italiano.

Michael Moore, por sua vez, fez sozinho o papel que lhe cabe há pelo menos uma década. Um tipo solitário e picaresco que acredita incomodar carregando sozinho a bandeira contra as mazelas americanas, do terrorismo ao sistema de saúde. Desta vez seu embate é mais ambicioso e se chama Capitalism: A Love Story.

Corre o risco de ser inexato quem achar que é apenas Chávez o ídolo de Stone. Ao lançar-se sobre o polêmico chefe de Estado venezuelano para descobrir se é verdade tudo aquilo dito sobre ele, o diretor faz um percurso muito maior do que precisaria para chegar à conclusão dos méritos de seu eleito.

Entrevista os vizinhos que comungam dos mesmos valores chavistas, por sua vez bebidos das ideias libertadoras do herói latino-americano Simón Bolívar, a confirmar o que os espectadores abaixo da linha do Equador, também aquele de Rafael Correa, já sabem. Evo Morales da Bolívia, Christina Kirchner da Argentina, Fernando Lugo do Paraguai, Raúl Castro, de Cuba, e, claro, Lula, são instigados a dizer que há algo de um poder transformador no reino da América Latina.

E o fazem para um diretor deslumbrado, como um navegador diante de um novo continente avistado da caravela. Entre um depoimento e outro, temos um retrato pontual das etapas que o Chávez de origem humilde seguiu na escalada para o poder, de uma visita ao povoado onde nasceu e no reencontro com a casa de sua família aos golpes fracassados e mais tarde bem-sucedidos.

Leia na íntegra em: O santo e o demônio

Fonte: Carta Capital, é óbvio!

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