Trivial do desconhecimento - Parte II: 100% cotas
Nassifú,
Já que você defendeu o Militão que supostamente defende uma tese de “minorias”. Então permita-me, por favor, expôr alguns números estatísticos e analíticos dessa “minoria”:
A UFRJ, lançou em outubro o seu Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil. Não sei se você, ou o Militão, ou alguns desses que defendem a permanência do sistema de acesso ao ensino superior como está, leu.
Para quem duvida que exista racismo no Brasil, ou para quem tem sede de números, dados e gráficos, está tudo lá, atualizado até 2007.
http://www.laeser.ie.ufrj.br/relatorios_gerais.asp
Você pode fazer o download da versão integral ou só das conclusões gerais.
http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR%20Cap%C3%ADtulo_8_pt.pdf
Para mandar para seus amigos estrangeiros, ou para aqueles que acham fofinho ler em ingês, as conclusões também estão disponíveis em sua língua mater:
http://www.laeser.ie.ufrj.br/pdf/RDR%20Cap%C3%ADtulo_8_en.pdf
Para os preguiçosos, os textos abaixo fazem um resumo das principais conclusões do Relatório:
- Podem ser menores as diferenças?
http://www.jap.org.br/oktiva.net/1823/nota/129553
Relatório da UFRJ aponta para a diminuição das desigualdades sociais e raciais no país:
- De cada dez brasileiros pobres, seis são negros;
- A mortalidade infantil é 60 por cento superior entre as crianças negras;
- Uma negra, pobre, nordestina, moradora da área rural ganha, hoje, em média, um terço do que ganha um cidadão branco;
- No Brasil, os negros são quase três vezes mais atingidos pela insegurança alimentar do que os brancos;
- Entre os 10% mais ricos apenas 18% são negros (pardos ou pretos). Já na parcela dos 10% mais pobres, 71% são negros;
- 19% dos negros e 11% dos pardos ou mulatos já se sentiram discriminados por causa da cor em alguma situação relacionada ao trabalho;
- 37% dos negros e 25% dos pardos ou mulatos afirmam que se sentiram discriminados ao procurar por trabalho, e citam a rejeição pura e simples, o fato de a vaga ser destinada a pessoas de uma determinada cor e a obrigatoriedade de declarar a cor no momento de preenchimento de ficha;
- 24% dos pardos e mulatos e 14% dos negros afirmam ter sido vítimas de piadas ou insultos no trabalho em virtude da cor;
- 9% dos negros foram acusados de roubo ou reclamam de serem vistos como ladrões;
- 13% dos negros não se sentem ou sentiram aceitos no grupo ou turma de trabalho;
- Os negros, que têm rendimentos, em média, de R$ 390,90, recebem em média 46% a menos do que os brancos, que ganham, em média, R$ 718,50 por mês. Já os pardos (rendimento médio de R$ 441,50) ganham 39% a menos do que os brancos. Essa diferença é verificada em todos os segmentos passíveis de análise, sem que importe a ocupação, o setor de atividade, a escolaridade ou as horas trabalhadas: os brancos ganham sempre mais do que negros e pardos.
_ Mercado de trabalho, 120 anos depois da Lei Áurea, oferece oportunidades restritas de ascensão na hierarquia das empresas. Preconceito e acesso limitado à educação são apontados como grandes barreiras para os negros, que são 49,5% da população.
… "O objetivo do levantamento é trazer uma informação inconteste.
Geralmente, os gestores fazem uma avaliação mais positiva do que está acontecendo: 34% responderam sim, quando questionados se a proporção de negros no patamar executivo é adequada.
Confrontados com dados objetivos, eles são obrigados a fazer uma reflexão.” Na opinião de Gastaldi, isso é porque o brasileiro em qualquer assunto tem facilidade de fazer críticas no coletivo, mas não reconhece os problemas nele próprio.
Ações afirmativas e políticas de afirmação do negro no Brasil
http://www.comciencia.br/reportagens/negros/01.shtml
Segundo esses dados:
1- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o número de alunos brancos é de 76,8%, o de negros 20,3% para uma população negra no estado de 44,63%;
2- na Universidade Federal do Paraná (UFPR) os brancos são 86,6%, os negros, 8,6%, para uma população negra no estado de 20,27%;
3- na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), brancos são 47%, negros 42,8% e a população negra no estado, 73,36%; na Universidade Federal da Bahia (UFBA), 50,8% são brancos, 42,6% negros e 74,95% a população negra do estado;
4- na Universidade de Brasília (UnB ), são brancos 63,74%, são negros 32,3%, tendo o Distrito Federal uma população negra de 47,98%;
5- na Universidade de São Paulo (USP), os alunos brancos somam 78,2%, os negros, 8,3% e o percentual da população negra no estado é de 27,4%.
Vê-se, assim, que o déficit produzido por essas diferenças é bastante desfavorável ao negro nos estados onde se encontram essas universidades:
* 24,33% na UFRJ,
* 11,67% na UFPR,
* 30,56% na UFMA,
* 32,35% na UFBA,
* 15,68% na UnB e
* 19,1% na USP.
Obs.: Perdoem-me, se me alonguei nas bobagens.
Que alívio! Ainda bem que não somos um país racista! Imagina como esses números seriam piores se fôssemos!
Tenha um fosforescente final de semana!
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2008/12/27/as-acoes-afirmativas/?cp=2
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