Homenagem ao dia do Agricultor - 28 de julho
Mudar sem transformar
"Vamos mudar quase tudo, para que tudo permaneça assim
exatamente como está"
Mais resistente do que a aristocracia francesa e tão refinada quanto seus vizinhos, a aristocracia italiana e sua decadência tem seu mais perfeito retrato em “O Leopardo” (assim traduzido no Brasil), livro de Giuseppe Di Lampedusa, ele mesmo um aristocrata que conta a história de seu pares e de sua própria vida nessa que é considerada uma obra-prima da literatura universal.
Levado às telas pelo não menos genial Luchino Visconti, que escolheu o ator americano Burt Lancaster para viver o aristocrático Lampedusa e o ator francês Alain Delon para o papel de seu sobrinho, livro e filme nos trazem a Itália inteira, um país onde os cinco sentidos são insuficientes para entender tanta magnificência.
Da arquitetura à moda, da cozinha à música, da elegância e beleza de seus homens e mulheres, a Itália de Lampedusa é também um lugar de misérias, camponeses pobres que pagam dízimo aos latifundiários. O livro é mais conhecido pela famosa frase que encerra todo o cinismo da aristocracia e seus descendentes menos nobres, tais como as elites de alguns países.
- “Vamos mudar quase tudo, para que tudo permaneça exatamente assim como está”, disse o conde Di Lampedusa quando viu que a revolução italiana comandada por Garibaldi reduzia direitos dos poderosos. O nobre senhor, grande proprietário de terras incentiva então seu sobrinho a aderir ao exército revolucionário.
A lição de “O Leopardo’’ foi muito bem apreendida pelas elites brasileiras quando, ao perceberem que não podem fabricar mais nenhum candidato à presidência da República mergulham em qualquer nome com possibilidade de vitória. A idéia que ecoa, desde sempre, é a mesma: Vamos mudar, para nada transformar.
Mas além desta frase que ficou famosa, o autor, ao pintar o retrato de sua classe social diz mais. Seguem-se dois trechos desse livro de tanta sabedoria.
O filme, também, merece ser visto. Mais de uma vez.
- “A aristocracia é uma classe difícil de ser suprimida porque, no fundo, ela mesma se renova continuamente; quando preciso, ela sabe muito bem desaparecer, isto é, jogar uma semente no exato momento de morrer”.
- “Por que Deus nos recusa morrer com nosso verdadeiro rosto. É sempre o mesmo: morre-se sob uma máscara, mesmo os jovens”.
Baseado em texto de Memélia Moreira
Sobre o livro:
Vamos cantar?Sobre o livro:
- "Amplitude de visão histórica, unida a uma agudíssima percepção da realidade social e política da Itália, um delicioso senso de humor, autêntica força lírica, uma sempre perfeita, por vezes arrebatadora, expressividade: tudo isso, faz deste romance uma obra de exceção. Uma dessas obras, justamente, em que se trabalha ou que se prepara durante uma vida inteira ".
Comentários
Tem uma mensagem minha para você, na matéria sobre cotas para negros, no Conversa Afiada (www.paulohenriqueamorim.com.br).
Não consegui reproduzi-la aqui (esse blog não aceita o "copiar e colar", e como tenho mais o que fazer (trabalho) peço que você vá lá ler.
A mensagem trata, ainda, da retratação que você não fez com relação a me tachar de "loroteiro". Vá até lá e leia.
João Batista
Em tempo: aguardo a sua retratação, ainda, no mesmo local em que fui "rotulado".
Perdoe-me mas não tenho que me retratar de absolutamente nada.
Onde você leu algo que eu tenha escrito me referindo a você, como loroteiro?
Escrevi, sim, parafraseando Mano Brawn "Jão": termo genérico que designa um determinado grupo.
Você está fazendo tempestade em copo d'água. Agora, se a carapuça lhe coube bem, use-a da maneira que melhor lhe convier.
Só por curiosidade: Você, por acaso faz parte do portal do (des)conhecimento de LN (luis nassifú), não?
Abraços