Chuiça: Urbaniza-se? Remove-se?
FAVELÁRIO NACIONAL
São 200, são 300,
são mil as favelas paulistas?
O tempo gasto em contá-las
é tempo de outras surgirem.
1.000.000 de favelados
ou já passa de 2 milhões?
Enquanto se contam, ama-se
em barraco e a céu aberto,
novos seres se encomendam
ou nascem à revelia.
Os que mudam, os que somem,
os que são mortos a tiro
são logo substituídos.
Onde haja terreno vago,
onde ainda não se ergue
um caixotão de cimento
esguio (mas vai-se erguer)
surgem trapos e tarecos,
sobe fumaça de lenha em jantar improvisado.
Urbaniza-se? Remove-se?
Extingue-se a pau e fogo?
Que fazer com tanta gente
brotando do chão, formigas
de formigueiro infinito?
Ensinar-lhes paciência,
conformidade, renúncia?
Cadastrá-los e fichá-los
para fins eleitorais?
Prometer-lhes a sonhada,
mirífica, róseo-futura
distribuição (oh!) de renda?
Deixar tudo como está
para ver como é que fica?
Em seminários, simpósios,
comissões, congressos,
cúpulas de alta vaniloquência
elaborar a perfeita
e divinia solução?
(Carlos Drummond de Andrade)
Ou escondê-la com a bandeira nacional
envolta à vulva da Raimunda
a exibir bela bunda,
como se fosse um troféu?
E se o Brasil se chamasse Raimunda,
seria rima ou solução?
Raimundas, que abundam:
Feias de cara, mas boas de bunda.
são mil as favelas paulistas?
O tempo gasto em contá-las
é tempo de outras surgirem.
1.000.000 de favelados
ou já passa de 2 milhões?
Enquanto se contam, ama-se
em barraco e a céu aberto,
novos seres se encomendam
ou nascem à revelia.
Os que mudam, os que somem,
os que são mortos a tiro
são logo substituídos.
Onde haja terreno vago,
onde ainda não se ergue
um caixotão de cimento
esguio (mas vai-se erguer)
surgem trapos e tarecos,
sobe fumaça de lenha em jantar improvisado.
Urbaniza-se? Remove-se?
Extingue-se a pau e fogo?
Que fazer com tanta gente
brotando do chão, formigas
de formigueiro infinito?
Ensinar-lhes paciência,
conformidade, renúncia?
Cadastrá-los e fichá-los
para fins eleitorais?
Prometer-lhes a sonhada,
mirífica, róseo-futura
distribuição (oh!) de renda?
Deixar tudo como está
para ver como é que fica?
Em seminários, simpósios,
comissões, congressos,
cúpulas de alta vaniloquência
elaborar a perfeita
e divinia solução?
(Carlos Drummond de Andrade)
Ou escondê-la com a bandeira nacional
envolta à vulva da Raimunda
a exibir bela bunda,
como se fosse um troféu?
E se o Brasil se chamasse Raimunda,
seria rima ou solução?
Raimundas, que abundam:
Feias de cara, mas boas de bunda.
Comentários
Vai gostar de bunda, lá na Barra funda!
Ok. Sério:
Se há bunda na Barra Funda,
Não é bunda que abunda.
Certamente, é bunda que afunda.
Que barra. Fui fundo?