Publicidade: a dor sem cura do blog do aquém

Deu em Carta Capital

"Parece que os publicitários resolveram-se casar com certas alas das mídias tradicionais e, equivocadamente, erguer bandeiras que não são as suas ."
(Tato de Macedo)
Blog do Glauber

A dor de Vitor Knijnik


"Nada como tempo para revisar as nossas teses. O lema do cinema novo 'uma câmera na mão e uma ideia na cabeça' em parte chegou ao poder. Para ser mais exato, sua melhor atualização é 'uma câmera no bolso e um boné na cabeça'.

  • CT: Até onde sei o YouTube ainda não substituiu o cinema convencional (enlatados americanos tradicionais), mas se vier a fazê-lo tanto quanto melhor ter outras opções às velhas fórmulas maniqueístas de câmeras em estúdios e ideia nenhuma.

Depois que as câmeras foram parar nos celulares, elas não só estão nas mãos de todos, mas também em todos os lugares. Haja gigabyte para tanta criança dançando, tanto cachorro fazendo gracinha, tanta gente fazendo o sinal de positivo no churrasco e tanto pedaço de show captado.


  • CT: Melhor assim, nas mãos de todos que de poucos privilegiados. Afinal, convenhamos, é preferível e menos dispendioso ver crianças dançando, cachorrinhos brincando, churrascos populares e pedaços de shows captados a ver filhotes de "celebridades" na TV balançando o rabinho em churrascos de programas dominicais, onde abundam o lixo musical.

O problema é ainda a busca da ideia na cabeça. A danada é tão difícil de ser encontrada que muitos filmes, quando emplacam, vão logo anuncian
do a sua continuação. Foi uma pena eu não ter aproveitado essa onda. Nos anos 60, não havia ambiente para, por exemplo, Deus e o Diabo na Terra do Sol 2 - Agora Mesmo É Que Você Não Vai Entender Nada.
  • CT: Muito pelo contrário, caro publicitário. Glauber sentir-se-ia muito mais à vontade para traduzir suas ideias (dele, Glauber) em películas de grande penetração. Pena mesmo são nossos publicitários, cineastas e afins ainda não terem encontrado a danada. Afinal, não há nenhum problema em mudar de ideia; o problema é não ter ideia nenhuma para mudar.

Hoje, essa profusão de câmeras não se dedica à criação de uma estética cinematográfica rompedora e nem à divulgação de conceitos politicamente revolucionários...

  • CT: Como se dos anos 60 para cá o cinema nacional tivesse criado qualquer estética ou rompido com velhos conceitos politicamente comprometidos com a manutenção do status quo daqueles que se beneficiam da zona do conforto terceiromundista.
O pessoal quer mesmo é ter a ideia de um bom viral para colocar no Youtube...

  • CT: Sim, e daí. Melhor alguma ideia (por pior que seja) a disseminar que ideia nenhuma a se insistir. Para isso, o livre-arbítrio da internet é soberano, ao contrário das outras mídias.
...Com a quantidade de câmeras na mão que anda por aí, mais a crescente falta de atenção para tudo, os virais vão aumentar. Resta saber se ficaremos mais resistentes ou se os vírus se tornarão mais fortes."

  • CT: Preferível eu decidir aquilo que merece ou não atenção, que deixar nas mãos de uns poucos abastados que, despretensiosamente, se pretendem os donos da verdade, da beleza, do poder, do gosto alheio como se fossem imunes à mediocridade da audiência.
  • Moral da história: publicitários brasileiros sofrem de uma dor incurável, a dor-de-corno.
Fonte: www.blogsdoalem.com.br/glauber


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