II Fórum de Desenvolvimento e Sustentabilidade


Em busca de mudanças

Por Ana Luísa Vieira

O tema "Respeitar e Cuidar da Comunidade e da Vida" edificou a primeira mesa de debates deste II Fórum de Comunicação e Sustentabilidade. No palco, Danah Zoher (Física e filósofa), Bernardo Toro (assessor da presidência da Fundação AVINA), Ferréz (escritor), Danilo Santos de Miranda (Diretor Regional do SESC), Flávio Oliveira (Gerente de Projetos Sociais da TV Globo) e Tarcísio Godoy (Diretor Presidente da BrasilPrev).

Bernardo Toro apresentou um dado pouco divulgado: em fevereiro deste ano, quatro milhões de crianças foram ensinadas a lavarem as mãos "uma informação aparentemente banal, mas extremamente importante, uma vez que as mãos são um dos principais veículos de transmissão de agentes causadores de doenças".

À propósito, nesta terça-feira 5, a Organização Mundial da Saúde comemorou o Dia da Lavagem das Mãos, com o slogan ‘Salve vidas, lave suas mãos’, para reduzir as taxas de infecção hospitalar. Segundo dados da OMS, 109 países aderiram à campanha.

"A mídia não dá destaque a esse tipo de notícia, e sabemos que grande parte das doenças surgem com problemas de higiene", afirmou Toro, que apontou também os valores que considera essenciais para construir uma sociedade sustentável. Um delas é deixar de lado a cultura ‘eu ganho, você perde’. "Temos de criar uma relação ganhar-ganhar, e não ganhar-perder", atestou.


Em seguida, Danah Zoher animou os presentes com uma apresentação motivacional. "Em tempos de crise, há uma grande oportunidade de redefinir nossos valores e nossas responsabilidades. Precisamos recuperar nosso sentido de, como mostrou a campanha de Obama, ‘sim,podemos fazer’".

"Temos de ser motivados por atitudes positivas", disse Danah. E apresentou o que define como "inteligência espiritual", baseada em 12 princípios que podem fazer o mundo diferente. Entre eles, encarar a adversidade como maneira de crescer, aprender a ouvir o próximo, ser espontâneo e olhar os problemas com uma perspectiva positiva. "A mídia também precisa mudar, tem de se afastar da comunicação irresponsável. É um desafio", afirmou.

Ferréz assumiu os microfones em seguida. "Nunca fui chamado para uma palestra de sustentabilidade antes, todo mundo me chama para falar de crime", brincou. E contou a sua experiência com a 1 da Sul, marca de roupas criada e confeccionada no bairro onde vive, Capão Redondo, zona sul de São Paulo.

"Não entendo como um moleque pode pagar 500 pau num tênis. Um dia, perguntei para um deles: ‘essa sua marca aí traz algum benefício aqui pra comunidade?’ ‘Sei lá, mano’, respondeu o menino. ‘A marca vende ilusão’", diz Ferréz.

Para confeccionar as roupas da 1 da Sul, ele conta com a ajuda de costureiras do Jardim Jangadeiro, as mesmas profissionais que confeccionam as peças de importantes marcas famosas, e, com elas, pouco lucram. "Os gerentes das minhas lojas são meus sócios, são proprietários da marca. Como é que construi minha marca? A resposta é sustentabilidade, auto-gestão e, acima de tudo, humildade".

Ferréz lembrou os problemas educacionais no Brasil, assunto principal de Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do Sesc São Paulo. "Cultura e educação são indispensáveis para as possibilidades reais de melhorias. Sabemos que há esforços, mas temos muito a caminhar". Citando o exemplo do Sesc, que faz o diálogo permanente entre os dois temas, Danilo lembrou que é necessário potencializar o talento das pessoas. "É obrigação dos órgãos públicos e privados se vincularem a propostas educativas".

Bem-humorado, Tarcísio Godoy, presidente da BrasilPrev, disse estar acostumado a falar sobre finanças, mas que a sustentabilidade é um tema que bem recebe inclusive a quem não está habituado a tratar do assunto. Também focou a educação como elemento principal que permite efetivas mudanças. Opinião partilhada por Flávio Oliveira, gerente de projetos sociais da TV Globo.

Acompanhe as atualizações aqui no site e no blog oficial do evento

*Colaborou Luiz Carlos Teixeira de Freitas

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Responsabilidade universal
Com comentários sobre a Carta da Terra para um público de cerca de mil e quinhentos estudantes, a Monja Coen abre o II Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, em São Paulo


Fonte: Carta Capital - A melhor revista semanal do país, e a única que vale a pena ler.

Destaque:

Bancos deveriam retornar ao seu papel de financiar a inovação e a produção

Publicado por: admin em Sustentabilidade
7.mai.2009

Edmund Phelps, Prêmio Nobel em 2006 por estudos sobre recessão e desemprego, que integrou a mesa “Justiça social e econômica” do II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, afirmou que os bancos deveriam retornar ao seu papel de financiar a inovação e a produção, mesmo que isto implique tomar algum risco no investimento .


O conceituado economista brasileiro Luiz Gonzaga Belluzzo, integrante da mesma mesa, tem a mesma opinião: “parece que as melhores idéias, atualmente, podem ser as velhas idéias, aquelas que presidiram a economia por séculos inteiros antes do excesso de invenções financeiras que vimos a partir da virada do Século. Assim, continua Belluzzo, veríamos inovações tecnológicas sendo apoiadas e financiadas em todo o mundo, redinamizando a economia em escala global e aportando socialmente novos e melhores processos produtivos”.


Segundo ele, o endividamento chegou a 140% da renda disponível nos Estados Unidos e a 150%, na Inglaterra, e a expansão desenfreada do crédito e o surto consumista deterioraram completamente o sistema, inclusive com redução sensível das condições de vida até mesmo nos países ricos (basta lembrar que nos Estados Unidos a insuficiente assistência pública à saúde e a educação básica de baixa qualidade foram temas recorrentes nas últimas eleições norte-americanas).


Depois de uma brilhante exposição, o prof. Belluzzo arrematou ser "uma tolice a dicotomia Estado x Mercado, uma vez que já está amplamente provado e comprovado que todas as tentativas de se viver numa sociedade sem a presente de um ou de outro mostrou-se catastrófica".


Claudio Fritschak, que integrou a área de indústria e energia do Banco Mundial e hoje é consultor da diretoria da Vale, foi enfático: esta crise pôs em questão a própria existência da iniciativa privada. Então, as questões atinentes à responsabilidade social e à sustentabilidade ganharam maior importância ainda, do que já tinham.


De acordo com ele, que também esteve no II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, o que deverá se consolidar é um modelo que seja capaz de conciliar a busca do lucro, da inovação e de diferenciação no mercado, com ações que visam efetivamente o bem-estar comum, sem substituir o Estado, mas articulando-se com as forças vivas da sociedade.


Precisamos, em nível mundial, alterar nosso mind-set, o conjunto de nossas suposições básicas de vida”. Este foi o convite da física e filósofa norte-americana, Dana Zohar, que lembrou que a presente crise oferece grandes oportunidades de mudança, desde que as pessoas motivem-se a utilizar, em conjunto, seus três tipos de inteligência: intelectual (QI), emocional (QE) e espiritual (QS).


Quando menciono inteligência espiritual, ressalvou ela, não estou falando da escolha religiosa de alguém. Trata-se do tipo de inteligência que permite o contato mais pleno e vívido com quem realmente somos, com nossa mais profunda vocação pessoal – e isto é fundamental para construirmos uma forma de vida mais bem alinhada com nossos próprios valores”.


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Comentário

Fonte: http://www.comunicacaoesustentabilidade.com/blog/?p=46

Comentário: Estive presente no primeiro dia do Fórum. Maravilhoso, fantástico, adorei os palestrantes, ressalvando apenas a retórica do ilustre representante da direção da Globo, o qual falou algumas bobagens como por exemplo:

"As novelas da Goebbels promove discussão na sociedade. É uma questão de opção:


"O ideal é que tivéssemos uma educação de qualidade para todos, o que é impossível visto que o Estado não pode prover a todos igualmente."

Lêdo engano. O Estado não só poderia, como deveria zelar , sim, por educação, saúde e transporte. Se vivêssemos num país civilizado não jogaríamos dinheiro público pelo ralo no Congresso, no Judiciário e no Executivo. A questão não é a falta, é o uso racional e eficaz do excesso de recursos, como reza as boas práticas administrativas.

Outra bobagem exalada pelo global:

"O preço do alumínio para os catadores de lixo caiu por conta de alguém ter deixado de tomar refrigerante.
"

Outra aberração hipócrita. Ocorre que não deveríamos ter catadores de latinhas nas ruas. São trabalhadores, desempregados; cidadãos sem direito a cidadania plena. Deveríamos ter melhores e mais organizados serviços de coleta seletiva, isto sim. E essas pessoas, crianças e adultos deveriam estar nas escolas, cursos de reciclagem profissional, etc.

Elite branca hipócrita, abjeta, insana e burra. Assim eu defino o representante que lá representava.

Quanto aos professores Phelps e Belluzzo, nenhuma novidade para mim que os acompanho há anos. São verdadeiras luzes na escuridão insipiente dos deuses da economia moderna.

Parabéns pela organização, pelos temas, pelo excelente nível dos palestrantes, pelas perspectivas futuras através dessa sementezinha plantada nesses dois dias.

Quiçá, nossos donos do poder, das grandes mídias atentem-se para certas obviedades que urgem nesse cenário de crise.

Ou salvamo-nos a todos, ou todos naufragaremos. Essa é a questão, simples assim.

Fraterno Abraço

Tato de Macedo
São Paulo/Capital



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