Notícias do Reino: Fusões, sapatadas e chineladas

O que diria Machiavel sobre as fusões corporativas de nossos tempos?

Fusão é um conveniente termo para designar uma relação de conquista de concorrentes no mercado competitivo global, desencadeado pela sana de domínio do liberalismo econômico. É a lei darwiniana de sobrevivência do mais forte: ou a empresa cresce e amplia mercados ou sucumbe diante do predador concorrente.

Desde setembro de 2008 o mundo acompanha, assombrado, notícias de esfacelamento de corporações antes tidas como píncaros do deus mercado. Bancos, montadoras, siderúrgicas, alguns com receita até mesmo maior que muitos PIB's de Estados nacionais, foram à bancarrota ou foram engolidos pelos concorrentes.

Mas, o que acontece no nicho empresarial quando ocorre a fusão de concorrentes de um mesmo setor? Vimos, recentemente, dois cases de, aparente, sucesso no ramo financeiro: as incorporações do Itaú com Unibanco (agora com nova razão social, ITAUBANCO), e do Banco do Brasil com o Banco Nossa Caixa (ainda em fase de transição). O mercado ainda espera, ansiosamente, pela união de dois gigantes do segmento de alimentos, a se ver, a sadia Perdigão com a podre Sadia.

No entanto, para quem vive sob o domínio de um novo conquistador, uma nova administração , que necessita de um período de adaptação para conhecer os processos do conquistado vive uma tortura psicológica sem precedentes.

Invariavelmente o que ocorre, nesse meio tempo, poderia ser muito bem exemplificado por Machiavel, em sua obra-prima O Príncipe:

Capítulo V - Da maneira de conservar cidades ou principados, que, antes da ocupação, regiam-se por leis próprias

"Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade há três modos de manter-se a sua posse:

1º arruiná-los;
2º ir habitá-los;
3º deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conservem amigos.

Tendo sido esse governo criado por aquele príncipe, sabe que não poderá viver sem a sua amizade e o seu poder e, naturalmente, tudo fará para mantê-la. Por intermédio dos seus próprios cidadãos, muito mais facilmente se conservará o governo duma cidade acostumada à liberdade, do que de qualquer outra forma.

Sirva-nos de exemplo a história dos espartanos e dos romanos. Os primeiros criaram em Atenas e Tebas um governo oligárquico: - perderam-nas novamente. Os romanos, para manter-se na posse de Cápua, Cartago e Numância, destruíram-nas. E não as perderam. Mas, quiseram governar a Grècia como os espartanos, tornando-a livre e mantendo-lhe as suas leis. Não o conseguiram e foram obrigados a destruir muitas cidades para conservar-se no poder.

É que, em verdade, não há garantia de posse mais segura do que a ruína. Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e não a destrói, será destruído por ela.

(...) Assim, para conservar uma república (empresa, corporação ou Estado) conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente."

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