Nosso bolso: conheça os campeões de juros altos
Enquanto clientes do HSBC, no Reino Unido, pagam 6,60% de juros ao ano em empréstimos pessoais, os clientes brasileiros do mesmo banco pagam taxas de 63,42% na mesma modalidade de crédito. O Citibank também pratica juros bem menores no empréstimo pessoal nos EUA, 7,28%, do que no Brasil, 60,84% ao ano.
Instituição | País | Juro real anual |
HSBC | Reino Unido | 6,6% |
Brasil | 63,42% | |
Santander | Espanha | 10,81% |
Brasil | 55,74% | |
Citibank | EUA | 7,28% |
Brasil | 60,84% | |
Banco do Brasil | Brasil | 25,05% |
Itaú | Brasil | 63,25% |
Segundo o estudo do Ipea, para empréstimos à pessoa jurídica, a diferença de custo praticada no exterior é menor, mesmo assim mais de quatro vezes mais alta para o brasileiro.
Milko Matijascic, coordenador do grupo de estudos de crise do Ipea, atribui as taxas elevadas no Brasil a fatores como concentração bancária (baixa concorrência entre bancos), altos níveis de tributação sobre operações financeiras e a inadimplência.
Segundo o estudo do Ipea, entre 1990 e 2007, foram fechadas 1.688 agências bancárias no país. O número reduziu de 19.996 agências, para 18.308 estabelecimentos. "A concorrência no Brasil, apesar de ter sido ampliada com as privatizações dos bancos estatais, acabou não ocorrendo. Houve uma redução no número de agências, o que é crítico para um país tão extenso e necessitado de crédito", avalia.
Matijascic também aponta o alto spread (diferença entre o juro pago pelo banco para captar recursos e o passado ao consumidor) como um dos principais responsáveis pelo encarecimento do crédito no Brasil, em comparação com outros mercados.
Sistema bancário brasileiroAo analisar três décadas do sistema bancário brasileiro, o estudo do Ipea constatou que a concentração geográfica do crédito bancário se acirrou. Em 2006, as regiões Sul e Sudeste responderam por quase 84% do crédito bancário, enquanto em 1997, representavam menos de 73%, um aumento de 15,9%. As regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste acumularam uma perda de 41,4% na participação relativa no total do crédito bancário brasileiro entre 1996 e 2006. Ou seja, passaram de 27,8%, em 1997, para 16,3%, em 2006.
As desigualdades regionais também se refletem no número de agências. Nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, a relação da população por agência chega a ser quase três vezes maior do que nas regiões Sul e Sudeste, chegando a 20.766 no Norte, contra 7.447 no Sul.
O estudo também aponta o baixo número de habitantes por agências bancárias em comparação com outros países. Segundo dados do Banco Mundial, coletados pelo Ipea, no Brasil há 10.148 habitantes por agência bancária. Este número é bem menor nos EUA (3.372), na Itália (2.010) e na Espanha (1.089) – se comparado com a Espanha, o Brasil apresenta 9,3 vezes mais pessoas por agências.
A distância entre agências bancárias no País também é um desafio. Em comparação com os EUA, a cobertura das agências bancárias é 4,3 vezes maior que a brasileira. No caso de Portugal, a cobertura é 25 vezes maior que a existente no Brasil.
Comentário: Seria cômico, se trágico não fosse, o fato que brasileiro adora imitar tudo que vem do primeiro mundo, menos aquilo que de fato seria relevante.
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