Mercado: exercícios de futurologia
O primeiro país a sair da crise será o Brasil, ou a China, ou os EUA...
Qual será o primeiro país a sair da crise? Essa é a pergunta de um milhão, tão incerta quanto prever quando a recessão acabará. Porém, diante dos problemas internacionais e das medidas adotadas pelo governo de cada país, é possível avaliar quais mercados estão mais bem posicionados para sair na frente quando a retomada for factível.
Sem surpresas, quando se fala escapar, a China é um dos países mais citados. Entretanto, ela não é o único: boa parte dos economistas acredita que o Brasil estará entre os primeiros a se recuperarem, por suas características internas e pelo modo tênue como os problemas externos o afetaram.
"O Brasil ainda se beneficia da demanda doméstica, o mercado de trabalho não foi largamente afetado e não tivemos nenhuma exposição ao mercado de subprime. Além disso, os bancos têm saúde financeira relativamente boa, podem continuar dando crédito, embora menos do que antes. E o governo tomou algumas medidas fiscais para tentar estimular a atividade", argumenta o economista do Grupo Santander, Cristiano Souza.
Economias centrais
Se a China e o Brasil são os mais citados entre os emergentes, dentre os desenvolvidos, a história muda. Não há consenso. Lílian Fujiy, economista do Banco Banif, acredita que tanto os norte-americanos quanto os europeus serão mais lentos na recuperação.
Contudo, há outras análises. O sócio-diretor da Ondas Claras Investimentos, Ricardo Reis, acredita que os EUA têm boas chances de ser um dos primeiros. Já Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend, vai no sentido contrário. Para ele, há países da Europa, como Alemanha e Inglaterra, que devem ficar à frente dos norte-americanos.
Confira as entrevistas:
Cristiano Souza
Jason Vieira
Lílian Fujiy
Ricardo Reis
Sem surpresas, quando se fala escapar, a China é um dos países mais citados. Entretanto, ela não é o único: boa parte dos economistas acredita que o Brasil estará entre os primeiros a se recuperarem, por suas características internas e pelo modo tênue como os problemas externos o afetaram.
"O Brasil ainda se beneficia da demanda doméstica, o mercado de trabalho não foi largamente afetado e não tivemos nenhuma exposição ao mercado de subprime. Além disso, os bancos têm saúde financeira relativamente boa, podem continuar dando crédito, embora menos do que antes. E o governo tomou algumas medidas fiscais para tentar estimular a atividade", argumenta o economista do Grupo Santander, Cristiano Souza.
Economias centrais
Se a China e o Brasil são os mais citados entre os emergentes, dentre os desenvolvidos, a história muda. Não há consenso. Lílian Fujiy, economista do Banco Banif, acredita que tanto os norte-americanos quanto os europeus serão mais lentos na recuperação.
Contudo, há outras análises. O sócio-diretor da Ondas Claras Investimentos, Ricardo Reis, acredita que os EUA têm boas chances de ser um dos primeiros. Já Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend, vai no sentido contrário. Para ele, há países da Europa, como Alemanha e Inglaterra, que devem ficar à frente dos norte-americanos.
Confira as entrevistas:
Cristiano Souza
Jason Vieira
Lílian Fujiy
Ricardo Reis
Cristiano Souza
Para o economista do Grupo Santander, Cristiano Souza, três países guardam potencial para ou ter uma retomada rápida ou sofrer pouco com a crise: Estados Unidos, China e Brasil.
EUA - "É óbvio, já está em crise há muito tempo e é o onde a crise começou. Mas se eles conseguirem colocar o plano de resgate dos ativos tóxicos de pé, nasce uma chance de retomada rápida. Essa é uma crise que, no curto prazo, vai puxar mais a demanda doméstica do que o comércio. Nesse sentido, entre os desenvolvidos, me parece que os EUA, apesar de todas as perdas, é quem têm a chance de sair mais rapidamente".
China - "A vantagem da China é o grande incentivo que o governo deve dar. É verdade que a economia está desacelerada e a demanda doméstica se mostra fraca. Mas, uma vez que os gastos do governo forem implementados, poderão sustentar algum crescimento".
Brasil - "Em vista do que aconteceu principalmente com nossos vizinhos regionais, o Brasil tem se saído melhor. Temos uma previsão de variação do variação nula do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, que é mais otimista do que nos EUA e na Zona do Euro. Nós contamos com uma situação fiscal, que, se não é das melhores, é bem menos grave do que a da Argentina, por exemplo. Nossa situação monetária ainda é confortável, porque a expectativa de inflação caindo dá alento para que haja até mais alguns cortes de juro. E tem o mercado de trabalho, que não está sendo tão afetado. Tudo isso contribui para o cenário brasileiro ser relativamente positivo".
Para o economista do Grupo Santander, Cristiano Souza, três países guardam potencial para ou ter uma retomada rápida ou sofrer pouco com a crise: Estados Unidos, China e Brasil.
EUA - "É óbvio, já está em crise há muito tempo e é o onde a crise começou. Mas se eles conseguirem colocar o plano de resgate dos ativos tóxicos de pé, nasce uma chance de retomada rápida. Essa é uma crise que, no curto prazo, vai puxar mais a demanda doméstica do que o comércio. Nesse sentido, entre os desenvolvidos, me parece que os EUA, apesar de todas as perdas, é quem têm a chance de sair mais rapidamente".
China - "A vantagem da China é o grande incentivo que o governo deve dar. É verdade que a economia está desacelerada e a demanda doméstica se mostra fraca. Mas, uma vez que os gastos do governo forem implementados, poderão sustentar algum crescimento".
Brasil - "Em vista do que aconteceu principalmente com nossos vizinhos regionais, o Brasil tem se saído melhor. Temos uma previsão de variação do variação nula do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, que é mais otimista do que nos EUA e na Zona do Euro. Nós contamos com uma situação fiscal, que, se não é das melhores, é bem menos grave do que a da Argentina, por exemplo. Nossa situação monetária ainda é confortável, porque a expectativa de inflação caindo dá alento para que haja até mais alguns cortes de juro. E tem o mercado de trabalho, que não está sendo tão afetado. Tudo isso contribui para o cenário brasileiro ser relativamente positivo".
Jason Vieira
Segundo Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend, o primeiro sinal de que a situação virou será quando o Relatório de Emprego mostrar criação e não destruição de postos de trabalho. "Aí veremos finalmente que o cenário está mudando", afirma. Para ele, o Brasil também está entre os bem colocados para aproveitar a recuperação.
Brasil e China - "Eu acho que o Brasil tem condições de ser um dos primeiros, mas fica muito difícil mensurar isso. Entre os emergentes, o Brasil e a China estão com posicionamento relativamente bom, caso a economia norte-americana dê uma resposta adequada nos próximos meses".
EUA e Europa - "Os Estados Unidos estão entre os mais inseridos na crise. É essa a maior questão, por ser um dos mais inseridos, classificá-lo como um dos primeiros a sair talvez não seja correto. Há países na Europa que talvez saiam antes. A Inglaterra, e a Alemanha também. Talvez algum desses países comece a dar uma sinalização um pouco antes, porque eles sofreram consequências do problema e não o próprio problema. Os EUA estão com o problema em si".
Japão - "Para variar, um dos últimos países a dar sinal de recuperação talvez será o Japão. Os japoneses sempre têm uma resposta mais lenta. Mas, mesmo mal, o Japão está sempre indo".
Segundo Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend, o primeiro sinal de que a situação virou será quando o Relatório de Emprego mostrar criação e não destruição de postos de trabalho. "Aí veremos finalmente que o cenário está mudando", afirma. Para ele, o Brasil também está entre os bem colocados para aproveitar a recuperação.
Brasil e China - "Eu acho que o Brasil tem condições de ser um dos primeiros, mas fica muito difícil mensurar isso. Entre os emergentes, o Brasil e a China estão com posicionamento relativamente bom, caso a economia norte-americana dê uma resposta adequada nos próximos meses".
EUA e Europa - "Os Estados Unidos estão entre os mais inseridos na crise. É essa a maior questão, por ser um dos mais inseridos, classificá-lo como um dos primeiros a sair talvez não seja correto. Há países na Europa que talvez saiam antes. A Inglaterra, e a Alemanha também. Talvez algum desses países comece a dar uma sinalização um pouco antes, porque eles sofreram consequências do problema e não o próprio problema. Os EUA estão com o problema em si".
Japão - "Para variar, um dos últimos países a dar sinal de recuperação talvez será o Japão. Os japoneses sempre têm uma resposta mais lenta. Mas, mesmo mal, o Japão está sempre indo".
Lílian Fujiy
A economista do Banco Banif, Lílian Fujiy, cita o Brasil como um país de potencial. Principalmente porque o sistema financeiro altamente regulado barrou o envolvimento com o problema dos ativos tóxicos, como aconteceu nos EUA e na Europa.
Brasil - "A crise aqui no Brasil não é estrutural, é uma crise internacional. Nós fomos afetados pela crise de liquidez, mas, assim que essa liquidez voltar à normalidade, temos plenas condições de retornar também, mesmo que aquém do patamar em que estávamos antes".
Emergentes - "Nações em desenvolvimento que vinham com demanda interna forte vinham crescendo significativamente até outubro e setembro e, na verdade, sofreram em função da crise e da interrupção da liquidez externa. Porém, eles ainda contam com um grande potencial de demanda interna".
EUA e Europa - "Acho que a recuperação dos EUA e da Europa será mais lenta. Eles já vêm em crise desde o final de 2007. A retomada aí seria devagar, justamente por estarem com uma demanda enfraquecida há algum tempo e pelo problema dos bancos. Vai levar algum tempo até que consigam restabelecer toda a normalidade e confiança do sistema financeiro".
A economista do Banco Banif, Lílian Fujiy, cita o Brasil como um país de potencial. Principalmente porque o sistema financeiro altamente regulado barrou o envolvimento com o problema dos ativos tóxicos, como aconteceu nos EUA e na Europa.
Brasil - "A crise aqui no Brasil não é estrutural, é uma crise internacional. Nós fomos afetados pela crise de liquidez, mas, assim que essa liquidez voltar à normalidade, temos plenas condições de retornar também, mesmo que aquém do patamar em que estávamos antes".
Emergentes - "Nações em desenvolvimento que vinham com demanda interna forte vinham crescendo significativamente até outubro e setembro e, na verdade, sofreram em função da crise e da interrupção da liquidez externa. Porém, eles ainda contam com um grande potencial de demanda interna".
EUA e Europa - "Acho que a recuperação dos EUA e da Europa será mais lenta. Eles já vêm em crise desde o final de 2007. A retomada aí seria devagar, justamente por estarem com uma demanda enfraquecida há algum tempo e pelo problema dos bancos. Vai levar algum tempo até que consigam restabelecer toda a normalidade e confiança do sistema financeiro".
Ricardo Reis
O sócio-diretor da Ondas Claras Investimentos, Ricardo Reis, ressalta a experiência e as características internas do Brasil como os propulsores da recuperação por aqui.
Brasil - "Acredito que será o Brasil mesmo o primeiro. Hoje em dia, é um país muito mais experiente e pronto para sair da crise. Programas do governo complementam a renda e sustentam o consumo. É esse o grande diferencial do País".
EUA - "Os norte-americanos com certeza foram bastante penalizados, mas a entrada do presidente Barack Obama pode gerar uma recuperação mais rápida, já que toda a publicidade do fato cria uma pressão para o governo tomar medidas e agir rapidamente. Então, tanto pela força do país quanto pela mudança de governo, ocorre essa maior movimentação".
O sócio-diretor da Ondas Claras Investimentos, Ricardo Reis, ressalta a experiência e as características internas do Brasil como os propulsores da recuperação por aqui.
Brasil - "Acredito que será o Brasil mesmo o primeiro. Hoje em dia, é um país muito mais experiente e pronto para sair da crise. Programas do governo complementam a renda e sustentam o consumo. É esse o grande diferencial do País".
EUA - "Os norte-americanos com certeza foram bastante penalizados, mas a entrada do presidente Barack Obama pode gerar uma recuperação mais rápida, já que toda a publicidade do fato cria uma pressão para o governo tomar medidas e agir rapidamente. Então, tanto pela força do país quanto pela mudança de governo, ocorre essa maior movimentação".
PIB da China poderá crescer em ritmo ainda maior em 2009, diz jornal
A economia da China deverá crescer 8,3% neste ano, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (23) pela CASS (Academia de Ciências Sociais da China, na sigla em inglês) e difundido pelo periódico local China Daily.
"Com um declínio das exportações, o crescimento da economia depende do consumo e dos investimentos. Nós esperamos que o consumo contribua em 4,3 pontos percentuais na expansão do PIB, enquanto os investimentos representarão uma alta de 2 pontos percentuais", revelou o relatório da CASS.
Os economistas da entidade disseram que os investimentos totais em ativos fixos, um fator-chave para que o PIB (Produto Interno Bruto) de 8% seja alcançado, estão próximos de atingir entre 21 e 23 trilhões de iuanes.
O crescimento nas exportações e importações, no entanto, poderá diminuir, ressalta o documento da CASS. "A balança comercial chinesa deverá fechar o ano com superávit de US$ 280 bilhões".
Inflação menor
A Academia de Ciências Sociais da China informou também que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) deverá aumentar 0,8% no ano, o que representa um declínio significativo em relação aos 4,3% previstos anteriormente.
Varejo em alta
A reportagem do China Daily ainda destaca que as vendas no varejo devem tocar 12,5 trilhões de iuanes, alcançando um avanço de 14% em termos anuais. O resultado é 1,6 ponto percentual maior do que o estimado pela CASS.
A entidade chinesa ainda sugeriu que as autoridades elevem o consumo doméstico em três fases: zonas rurais, setor imobiliário e infraestrutura. "O governo deveria reduzir taxas e impostos de companhias e de pessoas físicas para incentivar o consumo", afirmou Cai Fang, diretor do Instituto de População e Trabalho Econômico da CASS.
Novas previsões
De acordo com o Standard Chartered Bank, o PIB da China irá crescer 6,8% em 2009. "A economia chinesa aparentemente retomou o crescimento. No entanto, nos preocupamos se essa retomada é sustentável ou não", afirmou Stephen Green, diretor de pesquisa do Standard Chartered Bank.
Anteriormente, o UBS previu que a China terá um crescimento de entre 7% e 7,5% neste ano.
Fonte: Agências de notícias, Cadernos de Finanças e Consultores Financeiros
Comentários: Nunca é demais advertir que, nessa crise, a única certeza que se tem é a incerteza generalizada.
A economia da China deverá crescer 8,3% neste ano, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (23) pela CASS (Academia de Ciências Sociais da China, na sigla em inglês) e difundido pelo periódico local China Daily.
"Com um declínio das exportações, o crescimento da economia depende do consumo e dos investimentos. Nós esperamos que o consumo contribua em 4,3 pontos percentuais na expansão do PIB, enquanto os investimentos representarão uma alta de 2 pontos percentuais", revelou o relatório da CASS.
Os economistas da entidade disseram que os investimentos totais em ativos fixos, um fator-chave para que o PIB (Produto Interno Bruto) de 8% seja alcançado, estão próximos de atingir entre 21 e 23 trilhões de iuanes.
O crescimento nas exportações e importações, no entanto, poderá diminuir, ressalta o documento da CASS. "A balança comercial chinesa deverá fechar o ano com superávit de US$ 280 bilhões".
Inflação menor
A Academia de Ciências Sociais da China informou também que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) deverá aumentar 0,8% no ano, o que representa um declínio significativo em relação aos 4,3% previstos anteriormente.
Varejo em alta
A reportagem do China Daily ainda destaca que as vendas no varejo devem tocar 12,5 trilhões de iuanes, alcançando um avanço de 14% em termos anuais. O resultado é 1,6 ponto percentual maior do que o estimado pela CASS.
A entidade chinesa ainda sugeriu que as autoridades elevem o consumo doméstico em três fases: zonas rurais, setor imobiliário e infraestrutura. "O governo deveria reduzir taxas e impostos de companhias e de pessoas físicas para incentivar o consumo", afirmou Cai Fang, diretor do Instituto de População e Trabalho Econômico da CASS.
Novas previsões
De acordo com o Standard Chartered Bank, o PIB da China irá crescer 6,8% em 2009. "A economia chinesa aparentemente retomou o crescimento. No entanto, nos preocupamos se essa retomada é sustentável ou não", afirmou Stephen Green, diretor de pesquisa do Standard Chartered Bank.
Anteriormente, o UBS previu que a China terá um crescimento de entre 7% e 7,5% neste ano.
Fonte: Agências de notícias, Cadernos de Finanças e Consultores Financeiros
Comentários: Nunca é demais advertir que, nessa crise, a única certeza que se tem é a incerteza generalizada.
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