Sinais II - A retomada

Os cinco pontos que revelariam uma recuperação consistente das bolsas:

1 - Retomada do ciclo industrial ao redor do globo;
2 - Revisão de estimativas de lucros das empresas para o biênio 2009/2010;

3 - O mercado imobiliário nos EUA;

4 - A situação do crédito; e

5 - Níveis de confiança dos consumidores e investidores.


1º Sinal: Retomada na China fazem commodities revelar altas expressivas na sessão

Revelando indícios de que a terceira maior economia do mundo pode ter iniciado sua jornada ascendente do fundo do poço, Zhou Xiaochuan, presidente do People's Bank of China, afirmou que "indicadores apontam para a recuperação do crescimento econômico".

Como resposta, o mercado de commodities comemora as palavras da autoridade monetária e revela altas em suas principais cotações. Dentre essas, ênfase para as metálicas cobre (+2,7%), ouro (+0,5%), zinco (+2%) e platina (+1,5%), bem como para o barril de petróleo Brent, que sobe 2,5% em Londres.

Tais variações positivas devem-se à característica da China de ser a principal demandante de artigos primários do mundo, seja pela necessidade da indústria, seja pela escassez energética que assola o país.


Trajetória ascendente

A despeito dos ganhos desta sessão, o mercado de commodities ensaia uma retomada desde o início de março. O índice Reuters/Jefferies CRB Index, compilando dados sobre 19 commodities, já avançou 13% no período e está prestes a encerrar o primeiro mês com variação positiva desde junho passado. O indicador sobe 0,3% neste pregão.


Por fim, merece ênfase o pacote de estimulo à economia. Orçado em US$ 585 bilhões, o plano impulsionará setores ligados a projetos de infraestrutura - altamente demandante de commodities.

2º Sinal:
Com indicadores acima do esperado, mercado aposta em fim da recessão nos EUA

A observação dos dados da economia norte-americana nos últimos dias levanta uma das questões mais importantes atualmente: o fundo do poço já passou? Indicadores melhores do que o esperado, recuperação relativa dos preços das commodities e programas de estímulo em diversos países levam os mercados a mostrarem animação com as perspectivas.

Se considerada a performance do mercado acionário neste mês, a resposta para a pergunta parece positiva. Para se ter uma ideia, o índice global MSCI World Index acumula uma alta de 10% em março. Em fevereiro, o mesmo índice havia registrado queda de 9,4%.

Sustentável ou não, o rali segue uma série de sinalizações de melhora da maior economia mundial. Depois dos pedidos de bens duráveis e dos dados do setor imobiliários, esta quinta-feira (26) traz mais uma notícia relativamente positiva. O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no quarto trimestre de 2008 contraiu 6,3%, frente às estimativas de 6,6%. Ainda é um forte recuo, mas ao menos é menor do que o esperado.

Sinais da melhora
Muitos indicadores recentemente divulgados estão sendo interpretados por diversos economistas como sinais de uma estabilização da economia norte-americana: as vendas no varejo, o Philadelphia Fed Index e o Richmond Fed Index (que medem a atividade industrial das respectivas regiões) e a venda de imóveis usados. "A mudança no tom dos dados é inequívoca", afirma o First Trust Advisor.

Esse otimismo é reforçado pela divulgação dos indicadores nesta semana. Além do PIB, o Durable Good Orders (pedidos de bens duráveis) e as vendas de imóveis novos, ambos publicados na última quarta-feira (25), mostraram resultados melhores do que o esperado, animando a comunidade econômica.

"Estes relatórios sinalizam que a recessão está perdendo a força rapidamente e é consistente com a nossa previsão de que ela terminará por volta do meio do ano, muito mais cedo do que o consenso espera", reiteram os economistas Brian Westbury e Robert Stein, da FTA.

Durable Good OrdersNew Home Sales
Registrou alta de 3,4% em fevereiro, frente às estimativas de recuo de 2,5%. Além de ser o primeiro aumento desde julho de 2008, esta é a maior alta do indicador desde dezembro de 2007, quando subiu 4,4%.Mostrou aumento de 4,7% nas vendas em fevereiro, que atingiram 337 mil imóveis novos, acima dos 300 mil esperados pelo mercado.
"É consistente com crescimento ao final de 2009. A combinação de um gasto estável do consumidor e uma diminuição dos estoques indesejados deve permitir ganhos de produção no final do ano. O aumento dos pedidos e a redução dos estoques reportados nesta sessão são consistentes com a nossa visão de um PIB real positivo na segunda metade de 2009" - Société Générale, em relatório."Os dados sobre as vendas de imóveis novos se somam à série de relatórios que sinalizam que a economia está se recuperando rapidamente e o período mais intenso da recessão está ficando cada vez mais para trás. As vendas de imóveis novos aumentaram pela primeira vez em sete meses e vieram muito melhor do que o esperado. Ademais, os estoques continuaram a cair" - First Trust Advisor, em relatório.


Os analistas do Société Générale também se mostram otimistas com o cenário. Ao avaliar os dados recentes do setor imobiliário dos EUA, incluindo a alta de 22% nas construções de imóveis em fevereiro e o avanço de 5,1% nas vendas de imóveis usados, o banco afirmou que os números podem apenas refletir um repique de níveis muito deprimidos. "Mas isso é melhor do que nada", afirmam. "É muito cedo para celebrar, mas a quebra no momentum negativo é encorajadora".

O outro lado
Há, entretanto, quem discorde do otimismo frente à melhora dos indicadores norte-americanos. Segundo o diretor do Departamento para Hemisfério Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional), Nicolas Eyzaguirre, "ainda não há luz no fim do túnel" e os mercados ainda não chegaram ao fundo do poço. Ou seja, previsões de piora da economia ainda existem.

Ademais, os analistas do Bradesco afirmam que, mesmo com o otimismo em torno da recuperação da economia, isso não significa uma retomada dos níveis de antes da crise. "Nós não compartilhamos do atual entusiasmo do mercado dada a severa mudança na perspectiva de crescimento para os próximos anos", afirma o banco. As projeções são de que, entre 2009 e 2013, o crescimento mundial será um terço do visto entre 2000 e 2008.
Fonte: Agências de notícias financeiras e Consultoria

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