Plano Geithner: Vai mesmo funcionar?

De dez opiniões sobre o plano de Geithner, não faltam críticas
A solução para um dos maiores sintomas da crise está em jogo. À primeira vista, a ideia de Geithner para os ativos podres em posse dos bancos agradou como nenhuma das inúmeras iniciativas anteriores do governo norte-americano havia conseguido agradar. Em análise mais a fundo, ficam algumas dúvidas.

Mas a questão de extrema importância chega a dividir opiniões. Analistas elogiaram, prêmios Nobel criticaram, estrategistas aderiram e o mercado se encantou. A real eficiência do recém criado programa vai revelar lá na frente quem está certo agora. Por enquanto, cada um com seu argumento:

> Paul Krugman
> Michael Spence
> Joseph Stiglitz
> Danske Bank
> Tom Sowanick
> Richard Bernstein
> Crédit Agricole
> Bob Doll
> Citi
> BNP Paribas




Paul Krugman


O prêmio Nobel de economia reforça o coro dos mais céticos: "O problema real é que o plano não funcionará". Para apostar no insucesso da iniciativa, Krugman acredita que Geithner nada mais fez que repetir passos anteriores de seu antecessor Henry Paulson.

Mais do que isso, Krugman menciona que Geithner cometeu o mesmo erro, tentar trocar lixo por dinheiro: "Isso é mais que desapontamento. Na verdade, preenche-me de um senso de desespero".



Michael Spence


O também Nobel em economia vê o plano de Geithner com um olhar menos pessimista que Krugman, mas também crítico. Basicamente, Spence acredita que o plano não funcionará enquanto a economia estiver fraca. De outro lado, afirmou que a medida se caracteriza como um roubo aos contribuintes norte-americanos.



Joseph Stiglitz


O pensamento de Joseph Stiglitz, ex-economista chefe do Banco Mundial, resgata o embate entre público e privado. Ao mercado agradou a notícia de que gestores representativos como Bill Gross, da Pimco, aderiram ao projeto. Para Stiglitz, esta parceria é questionável e problemática para o Estado.

Para ele, o Estado toma muito risco ao comprar os ativos tóxicos, ao passo que fornece garantias frente ao perigo destes ativos serem subavaliados.



Danske Bank


Diferentemente do olhar dos prêmios Nobel, o Danske Bank considerou o evento "um passo à frente para elevar a confiança e credibilidade do governo norte-americano em sua tentativa de estabilizar o sistema financeiro". Ainda assim, pediu cautela com o resultado final do anúncio: acha melhor aguardar o primeiro exemplo prático da iniciativa para, assim, pontuar avaliação mais consistente.



Tom Sowanick


Em entrevista à rede norte-americana CNBC, Tom Sowanick, estrategista-chefe da Clearbrook Research, relacionou o fato à reação do mercado. A partir desta associação, nota-se certo otimismo em seu ponto de vista. "O plano do Tesouro pode virar o jogo, pois é pulverizado por alguns dados econômicos melhores que o esperado". Sowanick dá crédito ao contexto, não somente ao evento em si.



Richard Bernstein


O analista do Bank of America foi mais um a questionar a ideia de Geithner. "Remover os ativos comprometidos é uma solução de curto prazo, que irá apenas postergar o problema dos bancos", avaliou. Em sua opinião, um programa de aquisição de títulos ilíquidos não irá fazer com que os lucros parem de cair.



Crédit Agricole


Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da instituição, levanta algumas questões centrais que ainda precisam de resposta:
  • Os bancos estarão dispostos a vender os ativos a preços atrativos para os fundos PPP?

    "Se os ativos forem vendidos a preços muito baixos, os bancos terão de realizar baixas contábeis e, talvez, acabem ficando insolventes..."
  • Haverá interesse do setor privado?
  • "É basicamente uma questão de quão "adoçado" será o pacote de garantias/alavancagem a ser oferecido pelo governo"
  • Os recursos serão suficientes?
  • "O valor total dos ativos problemáticos é desconhecido e, provavelmente, muito maior do que isso"
"Diante do que vai acima, acreditamos que o mercado pode até seguir emalta por mais algum tempo, embalado por notícias marginalmente positivas. No entanto, continuamos acreditando que são prematuras as apostas de que os problemas da economia global estão sendo resolvidos e que o mercado está entrando em uma trajetória de recuperação definitiva".



Bob Doll


O principal gestor da BlackRock, que anunciou adesão ao plano na véspera, comentou que "idealmente, as taxas baixas devem estimular compradores em potencial a entrar realmente neste mercado."

Paralelamente, Doll afirmou que "enquanto o Fed parece estar fazendo tudo que está a seu alcance para ajudar a economia e a recuperação do sistema bancário, o restante de Washington segue voltado a discussões como a do bônus da AIG".

Além da efetividade do plano, Doll levanta a questão da resistência que as últimas iniciativas de estímulo à economia tem encontrado no Congresso.



Citi


Os termos iniciais do projeto foram elogiados pelo Citi, mais pela receptividade dos investidores que por conteúdo em si. "Os termos são em geral consistentes em relação aos objetivos que o Tesouro previamente destacou, com novidades mais importantes relacionando detalhes específicos por trás da estrutura planejada para as parcerias ao investimento".

"Novamente, mais detalhes são necessários para se avaliar como este programa irá trabalhar, mas as questões disponíveis no momento parecem promissoras, especialmente à perspectiva dos investidores."



BNP Paribas


Mais otimista, a instituição vê "finamente medidas que podem fazer a diferença". Em relatório, o banco comentou que o plano de Geithner traz, "finalmente, uma carga de credibilidade capaz de alterar a lógica até então vigente nos mercados, e que não havia ainda uma saída viável para a recuperação do setor financeiro e reativação do crédito".

Ainda assim, não esquece de mencionar alguns riscos, como o fato de que, para terem acesso aos recursos públicos, empresas beneficiárias terão de se submeter a regras que interfiram em sua governança. Outro risco se refere a como o preço destes ativos será estipulado.

Apesar das ressalvas, o banco destaca a contribuição para a bolsa: As medidas "podem significar a fixação de um piso para os preços dos mercados de ações e commodities, já que alteram de forma relevante o balanço dos riscos até então existente". "Deverá manter os mercados mais esperançosos no curto prazo e darão sustentação aos ativos de risco", completa.




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Fonte: Consultoria Financeira

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