Economia: Fundos, Poupança, Cautela e Otimismo
PL da indústria de fundos continua crescendo mais que saldo da poupança
Em linha com a retomada da captação positiva nos primeiros meses de 2009, os números acumulados nos últimos anos comprovam que a indústria brasileira de fundos de investimento vem crescendo de forma significativa.
Prova disto é que, entre 1998 e 2008, o patrimônio líquido total (PL) dos fundos de investimento do País quase triplicou, passando de R$ 407 bilhões para R$ 1,130 trilhão (em moeda constante, deflacionada pelo IGP). No mesmo período, o número total de fundos de investimento saltou de 2.641 para 8.271.
Além destes números, a comparação do saldo da poupança do Brasil com o PL dos fundos nos últimos anos também chama a atenção para o vigor do mercado doméstico no período em questão.
Para uma melhor avaliação, a tabela abaixo mostra a evolução do patrimônio líquido total dos fundos de investimento existentes no País desde o final de 1998 até o acumulado em fevereiro de 2009, além da relação deste resultado com o saldo da poupança doméstica. Confira:
*Em moeda constante do último mês, deflacionado pelo IGP
**Compara o PL dos fundos ao final do mês de fevereiro com o saldo da poupança do País no final dos respectivos anos
Os números da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que a relação entre o saldo da poupança e o PL total dos fundos do País vem diminuindo ano a ano - com exceção de 2002 e 2008, quando a indústria de fundos foi penalizada pelas turbulências no mercado. Ou seja, pode-se concluir que o PL dos fundos brasileiros vem crescendo nos últimos anos mais do que a poupança.
Por outro lado, cabe lembrar que, diante da recente redução da taxa básica de juros e da consequente migração das aplicações em fundos de investimentos para as cadernetas de poupança, o governo Lula anunciou que cogita mudança no cálculo da remuneração do investimento popular.
As possíveis mudanças, apesar de ainda estarem em estudo, já causam polêmicas e opiniões divergentes entre diversos setores da sociedade.
Recuperação em 2009
Divergências à parte, o segundo mês de 2009 foi favorável ao mercado de fundos: ao final de fevereiro, o PL total doméstico acumulava crescimento de 1,08% frente ao registrado no final do mês anterior. Por outro lado, o número de fundos do país - 8.241 ao final do último mês - registrou leve queda de 0,36% na mesma base de comparação. Veja mais:
*Em moeda constante do último mês, deflacionado pelo IGP
**Divisão do saldo da poupança com o PL dos fundos ao final de cada mês
A evolução negativa do patrimônio líquido ao longo de 2008 evidencia aquele que foi o pior ano da década para a indústria brasileira de fundos, principalmente em função dos impactos da crise internacional de crédito. No entanto, o desempenho da indústria neste início de 2009 sustenta uma perspectiva mais animadora para o restante do ano.
Pouco a pouco, opiniões cautelosas abrem espaço para algum otimismo
Prova disto é que, entre 1998 e 2008, o patrimônio líquido total (PL) dos fundos de investimento do País quase triplicou, passando de R$ 407 bilhões para R$ 1,130 trilhão (em moeda constante, deflacionada pelo IGP). No mesmo período, o número total de fundos de investimento saltou de 2.641 para 8.271.
Além destes números, a comparação do saldo da poupança do Brasil com o PL dos fundos nos últimos anos também chama a atenção para o vigor do mercado doméstico no período em questão.
Para uma melhor avaliação, a tabela abaixo mostra a evolução do patrimônio líquido total dos fundos de investimento existentes no País desde o final de 1998 até o acumulado em fevereiro de 2009, além da relação deste resultado com o saldo da poupança doméstica. Confira:
Período | PL Fundos* (R$ bilhões) | Saldo da Poupança / PL total dos fundos (%) |
1998 | 406,991 | 73,09 |
1999 | 511,221 | 50,12 |
2000 | 623,147 | 37,61 |
2001 | 650,622 | 34,46 |
2002 | 545,473 | 39,22 |
2003 | 719,126 | 27,73 |
2004 | 762,161 | 25,79 |
2005 | 902,790 | 22,83 |
2006 | 1.107,402 | 20,01 |
2007 | 1.280,404 | 20,32 |
2008 | 1.130,515 | 23,79 |
2009** | 1.159,118 | 23,64 |
**Compara o PL dos fundos ao final do mês de fevereiro com o saldo da poupança do País no final dos respectivos anos
Os números da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostram que a relação entre o saldo da poupança e o PL total dos fundos do País vem diminuindo ano a ano - com exceção de 2002 e 2008, quando a indústria de fundos foi penalizada pelas turbulências no mercado. Ou seja, pode-se concluir que o PL dos fundos brasileiros vem crescendo nos últimos anos mais do que a poupança.
Por outro lado, cabe lembrar que, diante da recente redução da taxa básica de juros e da consequente migração das aplicações em fundos de investimentos para as cadernetas de poupança, o governo Lula anunciou que cogita mudança no cálculo da remuneração do investimento popular.
As possíveis mudanças, apesar de ainda estarem em estudo, já causam polêmicas e opiniões divergentes entre diversos setores da sociedade.
Recuperação em 2009
Divergências à parte, o segundo mês de 2009 foi favorável ao mercado de fundos: ao final de fevereiro, o PL total doméstico acumulava crescimento de 1,08% frente ao registrado no final do mês anterior. Por outro lado, o número de fundos do país - 8.241 ao final do último mês - registrou leve queda de 0,36% na mesma base de comparação. Veja mais:
Período | PL Fundos* (R$ bilhões) | Saldo da Poupança / PL total dos fundos** (%) |
Março/2008 | 1.287,015 | 20,26 |
Abril/2008 | 1.296,352 | 19,93 |
Maio/2008 | 1.298,327 | 19,87 |
Junho/2008 | 1.262,787 | 20,29 |
Julho/2008 | 1.213,850 | 21,03 |
Agosto/2008 | 1.188,554 | 21,54 |
Setembro/2008 | 1.174,311 | 22,15 |
Outubro/2008 | 1.119,110 | 23,28 |
Novembro/2008 | 1.115,842 | 23,48 |
Dezembro/2008 | 1.130,515 | 23,79 |
Janeiro/2009 | 1.146,728 | 23,66 |
Fevereiro/2009 | 1.159,118 | 23,64 |
**Divisão do saldo da poupança com o PL dos fundos ao final de cada mês
A evolução negativa do patrimônio líquido ao longo de 2008 evidencia aquele que foi o pior ano da década para a indústria brasileira de fundos, principalmente em função dos impactos da crise internacional de crédito. No entanto, o desempenho da indústria neste início de 2009 sustenta uma perspectiva mais animadora para o restante do ano.
Pouco a pouco, opiniões cautelosas abrem espaço para algum otimismo
Contando mais uma semana em geral positiva, os mercados começam a despertar certa confiança na retomada - mesmo que ainda tímida, mesmo que ainda incerta. Por isso, as centenas de opiniões cautelosas vão, pouco a pouco, dividindo espaço com algum otimismo.
Sherry Cooper, economista-chefe do Bank of Montreal Capital Markets, confere boa parte do crédito ao presidente do Fed. "Bernanke é claramente o melhor porta-voz da Administração Obama".
Para Sherry, o Banco Central dos EUA mostra compromisso com a impressão de moeda para recompra de títulos de longo prazo e de papéis lastreados em hipotecas. Em complemento, "o programa Talf (Term Asset-Backed LoanFacility) recém-introduzido facilitará as condições de crédito".
Pode dar certo
Os analistas do Goldman Sachs perguntam: "o que pode dar certo para a economia mundial?". Felizmente, ao menos no campo hipotético, são várias as respostas:
Enquanto as hipóteses não são validadas ou rejeitadas, cabe atenção à agenda externa das próximas sessões. A quinta-feira (26) apresenta uma nova versão do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA referente ao quarto trimestre de 2008. Na sexta, saem renda e gastos pessoais, além da inflação medida pelo núcleo do PCE (Personal Consumption Expenditures).
Mais modesto, o calendário brasileiro conta com dados regulares de inflação, além da Pesquisa de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na quinta-feira.
Sinais da ata
Segundo os economistas da corretora Ativa, o Copom (Comitê de Política Monetária) "se mostrou até de certo modo surpreendido, assim como o mercado também foi, pelos fortes efeitos da crise na atividade e, principalmente, pelos resultados divulgados da produção industrial".
Arthur Carvalho e Marcos Fantinatti apostam em corte de 1 ponto percentual em abril, ou mais. Caso a mediana de expectativas para a inflação caia até a próxima reunião, "a possibilidade de um corte de 1,5 ponto passa a ser maior".
O real
Subindo 1,57%, o real marcou sua terceira semana seguida de valorização contra o dólar, mediante sinais favoráveis a ativos de risco. Com isso, a moeda brasileira registra em 2009 uma das melhores performances relativas dentre as divisas mais negociadas.
Na transposição para a renda variável, os mercados permanecem desconfiados com estratégias analíticas, e inseguros de que elas podem evitar erros.
Partindo dessa premissa, e extraindo alguns conceitos listados no campo das Finanças Comportamentais, investidores podem evitar alguns tipos de conduta, a fim de exaurir erros decorrentes de um viés particular, na hora de tomar uma decisão precipitada. Dentre as falhas, pelo menos três podem ser evitadas: reação exagerada, criação de estereótipos e comportamento de herança.
Cuidado com as buscas
Desde sempre, o comportamento humano procura padrões para fundamentar seus olhares, visando facilitar o entendimento de fenômenos, através de comparações. No entanto, o uso excessivo de tal movimento leva a conclusões erradas quando se procuram arquétipos em lugares nos quais eles nem mesmo existem, ou na reação exagerada frente a circunstâncias, sejam positivas, sejam negativas.
Para exemplificar a tese, há o caso das ações da Freeport-McMoRan Copper & Gold. De julho a dezembro do ano passado, os papéis perderam 85% de seu valor no mercado, embora a mineradora não tenha apresentado motivos para tamanha desvalorização. Contudo, após a recompra de suas próprias ações e pela expectativa de que o ouro se recuperará, seus ativos subiram mais de 150% desde o mínimo de dezembro.
Preconceitos e coletivização
Outro ponto a se atentar é criação de estereótipos para as companhias, ao passo que muitos julgamentos são baseados apenas em pressupostos e impressões, sem conhecimento profundo do tema. Nesse sentido, não há correlação positiva entre a derrocada de um setor e de todas corporações que o compõem - exceções sempre existirão, embora a maioria tenda a seguir a trajetória descendente do segmento.
No terceiro tópico, encontra-se a tendência humana de seguir um comportamento de massa: é inerente ao indivíduo, até por referência, copiar e reproduzir a forma como a maioria pensa e age. No entanto, se todo mundo quiser comprar uma determinada ação, invariavelmente a cotação dela subirá - com o movimento inverso a conduta é a mesma. Se todos sabem disso, por que não aplicam?
Talvez seja por incerteza, ou até pela descrença nos modelos que, de incontestáveis durante décadas, passaram a ser fortemente contestados. Portanto, antes de tomar qualquer decisão, vale a pena pensar se não há reações exageradas, contaminação de vieses ou criação de protótipos.
Fonte: Agência de Notícias Financeiras com análise de consultoria especializada.
Sherry Cooper, economista-chefe do Bank of Montreal Capital Markets, confere boa parte do crédito ao presidente do Fed. "Bernanke é claramente o melhor porta-voz da Administração Obama".
Para Sherry, o Banco Central dos EUA mostra compromisso com a impressão de moeda para recompra de títulos de longo prazo e de papéis lastreados em hipotecas. Em complemento, "o programa Talf (Term Asset-Backed LoanFacility) recém-introduzido facilitará as condições de crédito".
Pode dar certo
Os analistas do Goldman Sachs perguntam: "o que pode dar certo para a economia mundial?". Felizmente, ao menos no campo hipotético, são várias as respostas:
- O consumo de norte-americanos, britânicos e alemães retoma força.
- A derrocada do setor imobiliário dos EUA encontra sua inflexão.
- O Talf se torna um sucesso.
- Aumenta a cooperação internacional.
- Os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) voltam a empolgar.
Enquanto as hipóteses não são validadas ou rejeitadas, cabe atenção à agenda externa das próximas sessões. A quinta-feira (26) apresenta uma nova versão do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA referente ao quarto trimestre de 2008. Na sexta, saem renda e gastos pessoais, além da inflação medida pelo núcleo do PCE (Personal Consumption Expenditures).
Mais modesto, o calendário brasileiro conta com dados regulares de inflação, além da Pesquisa de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na quinta-feira.
Sinais da ata
Segundo os economistas da corretora Ativa, o Copom (Comitê de Política Monetária) "se mostrou até de certo modo surpreendido, assim como o mercado também foi, pelos fortes efeitos da crise na atividade e, principalmente, pelos resultados divulgados da produção industrial".
Arthur Carvalho e Marcos Fantinatti apostam em corte de 1 ponto percentual em abril, ou mais. Caso a mediana de expectativas para a inflação caia até a próxima reunião, "a possibilidade de um corte de 1,5 ponto passa a ser maior".
O real
Subindo 1,57%, o real marcou sua terceira semana seguida de valorização contra o dólar, mediante sinais favoráveis a ativos de risco. Com isso, a moeda brasileira registra em 2009 uma das melhores performances relativas dentre as divisas mais negociadas.
Exageros, rótulos e cópias: conheça três graves desvios ao olhar o mercado
"Então eu digo: um indivíduo que conhece o inimigo e conhece a si próprio nunca estará em perigo durante cem batalhas". A afirmação é de Sun-Tzu, general chinês e autor do livro "A Arte da Guerra", no qual defende que a estratégia analítica define o vencedor.Na transposição para a renda variável, os mercados permanecem desconfiados com estratégias analíticas, e inseguros de que elas podem evitar erros.
Partindo dessa premissa, e extraindo alguns conceitos listados no campo das Finanças Comportamentais, investidores podem evitar alguns tipos de conduta, a fim de exaurir erros decorrentes de um viés particular, na hora de tomar uma decisão precipitada. Dentre as falhas, pelo menos três podem ser evitadas: reação exagerada, criação de estereótipos e comportamento de herança.
Cuidado com as buscas
Desde sempre, o comportamento humano procura padrões para fundamentar seus olhares, visando facilitar o entendimento de fenômenos, através de comparações. No entanto, o uso excessivo de tal movimento leva a conclusões erradas quando se procuram arquétipos em lugares nos quais eles nem mesmo existem, ou na reação exagerada frente a circunstâncias, sejam positivas, sejam negativas.
Para exemplificar a tese, há o caso das ações da Freeport-McMoRan Copper & Gold. De julho a dezembro do ano passado, os papéis perderam 85% de seu valor no mercado, embora a mineradora não tenha apresentado motivos para tamanha desvalorização. Contudo, após a recompra de suas próprias ações e pela expectativa de que o ouro se recuperará, seus ativos subiram mais de 150% desde o mínimo de dezembro.
Preconceitos e coletivização
Outro ponto a se atentar é criação de estereótipos para as companhias, ao passo que muitos julgamentos são baseados apenas em pressupostos e impressões, sem conhecimento profundo do tema. Nesse sentido, não há correlação positiva entre a derrocada de um setor e de todas corporações que o compõem - exceções sempre existirão, embora a maioria tenda a seguir a trajetória descendente do segmento.
No terceiro tópico, encontra-se a tendência humana de seguir um comportamento de massa: é inerente ao indivíduo, até por referência, copiar e reproduzir a forma como a maioria pensa e age. No entanto, se todo mundo quiser comprar uma determinada ação, invariavelmente a cotação dela subirá - com o movimento inverso a conduta é a mesma. Se todos sabem disso, por que não aplicam?
Talvez seja por incerteza, ou até pela descrença nos modelos que, de incontestáveis durante décadas, passaram a ser fortemente contestados. Portanto, antes de tomar qualquer decisão, vale a pena pensar se não há reações exageradas, contaminação de vieses ou criação de protótipos.
Fonte: Agência de Notícias Financeiras com análise de consultoria especializada.
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