O Gigante mostra a sua força
Muito do que o premiê chinês, Wen Jiabao, descreveu nesta quinta-feira ao 11º congresso do partido comunista chinês sobre como seu país pretende enfrentar os efeitos da crise mundial é bastante parecido com o que europeus e americanos têm ouvido de seus próprios líderes.
Todos os elementos da nova política ortodoxa contra a atual crise estão lá: cortes de impostos, grande aumento dos gastos públicos, saltos em empréstimos do setor público, mais empréstimos a empresários, retórica antiprotecionista, pedido por mais regulação de bancos e serviços financeiros.
Poderia muito bem ser um discurso do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Exceto por uma grande diferença.
A economia chinesa continua - pelos padrões americanos ou britânicos - excepcionalmente forte.
Crescimento
É verdade que o crescimento econômico na China está se desacelerando, principalmente nas regiões que dependem muito das exportações, como o sul.
Mas muitos economistas acreditam que a economia chinesa ainda está crescendo, mesmo quando afirmam que as estatísticas oficiais estão exagerando o crescimento.
Para Stephen Green, da Standard Chartered, acredita que houve um crescimento de 1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, e que haverá uma expansão semelhante nos três primeiros meses de 2009.
Mas para todo o ano de 2009, ele prevê um crescimento do PIB entre 6% e 7% - que é apenas ligeiramente menor do que a previsão oficial do governo chinês, de 8%.
O percentual pode estar abaixo dos duplos dígitos registrados no ano passado, mas ainda é surpreendente se comparado com as doloridas recessões do Japão, Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos.
Solidez financeira
Outra comparação assustadora entre China e países desenvolvidos é o déficit do gasto público, previsto para atingir 950 bilhões de iuans neste ano. Isso soa como um grande número e é o mais alto da história da China.
Mas em termos relativos é quase insignificante quando comparado com o empréstimo público na Grã-Bretanha. O déficit chinês em relação ao PIB é de 3%; na Grã-Bretanha, esse percentual é de 8%.
Quando se leva em consideração o grau de endividamento dos empresários, bancos e consumidores na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, a solidez do setor financeiro da China parece avassaladora.
Os gigantes bancos estatais chineses também foram administrados com muito mais cuidado do que os bancos comerciais dos países ricos - e não possuem as mesmas restrições de capital ou de financiamento.
Nada disso elimina o fato de que a China enfrenta grandes problemas - em particular o desafio de manter a estabilidade social em um momento de arrocho salarial e desemprego de milhões de pessoas.
Mas, de certa forma, pode se dizer que alguns países desenvolvidos teriam sorte se tivessem que lidar com os problemas financeiros da China.
Os chineses reconhecem hoje que a sua prosperidade depende muito dos países desenvolvidos. Apesar de eles culparem os países desenvolvidos pela crise atual, eles têm interesses poderosos em ajudar todos neste momento de crise.
A China de Wen Jiabao parece querer ter um papel importante em melhorar a economia global para todos nós - e não está comemorando a humilhação econômica dos países desenvolvidos.
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