The Economist "prevê" recessão no Brasil em 2009, a pesar a crise.

Contra o tempo
A resistência relativa do Brasil em meio à crise financeira internacional tem seus dias contados. Conforme o olhar da Unidade de Inteligência do periódico The Economist, o PIB (Produto Interno Bruto) doméstico apresentará contração de 0,5% neste ano, independentemente de qualquer movimento realizado pelas autoridades, seja pelo Copom (Comitê de Política Monetária) ou pelo Congresso.

"O estado da economia global está se deteriorando num ritmo alarmante", afirmam os analistas, ao justificarem a previsão de recuo na casa dos 1,9% para o PIB real do mundo em 2009. Partindo da premissa de que lá fora o panorama só deverá piorar, a revista inglesa não enxerga um descolamento doméstico: "esta desaceleração externa afetará a atividade econômica brasileira", completa.

Indicadores macroeconômicos evidenciam
Para fundamentar a tese, a The Economist lista a retração da produção industrial no último bimestre do ano passado, com recuo aproximado de 14,5% em relação ao período análogo de 2007, o que se traduz em projeções de que haverá um prolongado reajuste nos estoques fabris, visando adequar à nova demanda. Como decorrência, baixas no nível de emprego e nos investimentos corporativos são esperadas.

Mais adiante na análise, o periódico projeta um investimento fixo bruto 8% menor, acompanhado de um declínio da ordem de 0,8% no consumo privado. "Mesmo assumindo que o crescimento do consumo pelo governo continuará robusto pelas medidas fiscais, a demanda doméstica agregada deverá reportar contração de 1,5%, finalizando cinco anos consecutivos de expansão", estima.

Ao olhar para o crescimento do crédito - driver importante da expansão econômica nos últimos anos, nenhum otimismo aparece: contração por mais dois anos, segundo previsões dos analistas. Dada a tendência de spreads elevados, a despeito de novos afrouxamentos monetários pelo Banco Central, crescem preocupações em torno de uma maior inadimplência por parte das famílias brasileiras.

"A demanda externa mais fraca resultará numa contração do volume de exportações neste ano pela primeira vez desde 1996", prevê a revista, embora considere que a balança comercial deverá ser um dos poucos indicadores que não permanecerá no vermelho, graças aos efeitos adversos nas importações pela fraca demanda agregada que se espera para o decorrer de 2009.

Recuperação, só em 2010?
Desaceleração da agricultura e da indústria, como reflexo dos choques externos, é esperada pelos analistas. Outro setor que deverá amargar retração deverá ser a construção civil, apesar dos ganhos oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) específico para a habitação.

Por fim, a The Economist projeta recuperação somente em 2010, com crescimento econômico de 3,2%. No entanto, pressões no campo político, dada a sucessão presidencial em outubro, poderão afetar a performance do PIB no período. "A Unidade de Inteligência da The Economist antecipa uma alta probabilidade de um entrave entre José Serra e Dilma Rousseff", conclui o período, crente de que a disputa pelo maior cargo executivo do País ficará mesmo entre tucanos e petistas.

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