Cotas para negros e pobres, para quê?
Da Agência Estado
Mesmo com as ações de inclusão em curso, a porcentagem de alunos de renda alta aprovados na USP (Universidade de São Paulo) aumentou nos últimos oito anos.
Segundo dados da Fuvest, tabulados pelo jornal O Estado de S. Paulo, cresceu em 36,4% a proporção dos calouros que declararam ter renda superior a R$ 5 mil entre 2001 e 2009. Já entre os que vivem em famílias que ganham menos de R$ 1,5 mil, a taxa caiu 34%.
Segundo dados da Fuvest, tabulados pelo jornal O Estado de S. Paulo, cresceu em 36,4% a proporção dos calouros que declararam ter renda superior a R$ 5 mil entre 2001 e 2009. Já entre os que vivem em famílias que ganham menos de R$ 1,5 mil, a taxa caiu 34%.
No câmpus da zona leste, criado em 2005, o movimento se repete. Hoje, os calouros com as menores rendas são 17,9% e os com as maiores chegam a compor 25,3%. A faixa intermediária teve pouca alteração, sendo cerca de 50% dos alunos.
No último vestibular, 40,4% dos aprovados em todas as unidades da universidade estavam entre os mais ricos; 46,9% tinham renda intermediária (entre R$ 500 e R$ 5 mil) e 12,2% estavam entre os mais pobres.
Para o diretor do Fórum dos Cursinhos Comunitários, frei David dos Santos, o problema está no vestibular. "A USP cobra em seu exame conteúdos que só cursinhos caros, que cobram R$ 800 de mensalidade, podem oferecer", diz.
A USP propôs no mês passado uma mudança na prova que deve ajudar estudantes de escolas públicas. Poderá deixar de ser considerada a nota da primeira fase na contabilidade geral do vestibular e serem instituídas perguntas de todas as disciplinas na segunda fase, porém em menor número.
A pró-reitora de graduação da USP, Selma Garrido, informou que o Pasusp, que ajudou só 55 vestibulandos a entrar na universidade, será mantido, mesmo sem parceria com a Secretaria de Educação.
(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.)
Comentários
Isso só acontece porque o ensino secundário e fundamental público está totalmente sucateado pelo estado.
Isto acontece desde que aqui instalaram a 1º faculdade.
Isto acontece porque as elites se acostumaram a usufruir dessa cota oculta que garantes apenas aos privilegiados o acesso ao ensino superior.
Esperar que se adeque os ensinos fundamentais e médios aos sistemas de avaliações. Quando? Em 3020?
Universidades públicas não deveriam apenas reservar 50% das cotas para pobres e negros. Ora, desde sempre (as estatísticas evidenciam) 90% dos aprovados vêm dos melhores colégios pagos de S. Paulo ou dos melhores cursinhos.
Ou inverte-se essa lógica linear obtusa, ou que continuem violentado o direito à cidadania plena para todos.
As consequências também são visíveis, e não há o que reclamar. Roubos, assaltos, estupros, desemprego, desesperança.
Tenho cá comigo: se o homem só se humaniza com o sofrimento, mais verdade ainda é que a injustiça (social) o embrutece!