Bem ou mal, há males que vêm para o bem
Às vezes, o que fazia mal acaba se tornando benéfico. Partindo dessa máxima, alguns aspectos relativamente antiquados da economia brasileira agora contribuem para conter os perigos oriundos da desaceleração do crescimento mundial, observa o periódico inglês The Economist, em edição datada desta semana.
Com o título "Colhendo os frutos da indolência", a morosidade do poder público brasileiro quanto à mudança do forte controle do setor financeiro - que vinha atrasando o desenvolvimento econômico do país -, acaba agora se tornando um fator benéfico, dado que a maioria dos governos ao redor do mundo enxerga tal movimento, no sentido de estatizar bancos, como um passo necessário na recuperação da crise.
"Nessas circunstâncias, as políticas lamentáveis repentinamente parecem distantes e deram à crise global uma cor diferente no Brasil", diz a revista, ao ressaltar a particularidade observada em território nacional. "Outros países tentam descobrir como administrar bancos e crédito direto. Isso é algo que o Brasil fazia mesmo quando já estava fora de moda", completa o texto.
Para fundamentar a tese, a The Economist cita o seguinte tripé, composto por instituições controladas pelo Estado: Banco do Brasil, "um banco de varejo gigantesco"; Caixa Econômica Federal, "maior financiadora de hipotecas do país"; e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), "uma grande instituição de desenvolvimento que fornece crédito barato a companhias favorecidas".
Indicadores se contrapõem
A despeito da menor redução no crédito disponível, quando comparados aos mercados norte-americano e europeu, sinais de desaceleração da economia brasileira não faltam. Na lista dos mais afetados, o mercado de trabalho - com demissões na Vale e na Embraer -, e a produção industrial, dada queda de 17,2% em janeiro último, explicitam a magnitude da crise financeira no País.
Conforme o olhar de Marcelo Carvalho, economista do banco Morgan Stanley, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil permanecerá "estático "(*) neste ano. No entanto, a nação se destacará, por ser um dos únicos países a não ver contração no nível de produto. "Dada à tendência prévia do Brasil de sofrer um ataque cardíaco toda vez que alguma economia em qualquer lugar sofre desaceleração, isso é impressionante", enxerga o periódico, ao destacar a resiliência relativa doméstica.
Dentre as razões para tal otimismo, a melhora da relação entre dívida e PIB contribui fortemente. "A dívida do setor público, que já foi um ponto fraco, foi puxada para abaixo dos 40% do PIB", diz a The Economist. Empréstimos governamentais em moeda nacional, bem como reservas da ordem de US$ 200 bilhões - para proteger o real dos efeitos adveross no mercado de câmbio - também foram indicadores macroeconômicos ressaltados pela reportagem.
Pânico?
Por último, ao olhar para a componente referente aos gastos do governo no modelo clássico PIB, a revista inglesa destaca o que já é consenso entre analistas: inexistência de moderação nos dispêndios do Estado. "Os gastos do governo tipicamente aumentam num ano antes da eleição presidencial", lista o texto, ao projetar baixa probabilidade de restrição no orçamento público.
Se em tempos "normais" nos mercados financeiros, o risco-país já estaria na estratosfera com essa projeção, dada a visão de que o excedente no orçamento primário é uma garantia de pagamento pelo Estado, atualmente o desespero não é tão grave. "Na prática, os investidores sofrem menos pânico por verem que governos ao redor do mundo estão mostrando a mesma deterioração, ou até pior", conclui a The Economist.
* PIB estático em 2009? É um olhar míope num horizonte incerto. Não reflete uma constatação científica, seja ela técnica ou teórica, reflete apenas mais um desses prognósticos equivocados de análise de mercado. Talvez, uma torcida pessoal (dele), no máximo.
Comentários
http://queridoleitor.zip.net/#2009_03-06_12_04_03-134842737-0
Os ataques vão começar daí pra baixo, é bom ficarmos alerta!!!!!
É bem no estilo classe mérdia alienadona. Não tem idéias para se discutir, então vai-se para observações do tamanho da sandália, da cor da calcinha, do estilo do cabelo ou traços de fisionomia.
Basicamente, o que falavam de Lula, lembra? O sapo barbudo. Resultado: Votaram num tal de Collor - uma aventureiro gestado onde? Na Goebbels, é claro.
abçs