Aos incautos a lição do ganho rápido e perdas fáceis

Virtude e fortuna: até que ponto o histórico garante resultados futuros?
Quando chega a hora de entregar seu dinheiro a um fundo, os investidores mais cautelosos buscam todas as informações sobre os gestores e seu histórico de resultados. Todavia, por mais capacidade que tenham, garantir a continuidade de bons rendimentos não é tão simples.

"Resultado passado não é garantia de retorno futuro". A frase, comum ao rodapé dos relatórios de investimento, costuma ser negligenciada por investidores. Ainda assim, é fato que o histórico de um gestor pode ser submetido a avaliações qualitativas, revelando características importantes para a definição dos rendimentos.

Questionamentos
Na avaliação de Frank Nickel, Drew Soffer e Glenn Regan, diretores de análise de investimentos do Citi, existem diferentes modos de interpretar esta relação entre rendimentos passados e futuros. Alguns atribuem os resultados majoritariamente à habilidade dos gestores, outros entendem que sua influência é limitada e apostam na reversão à média.

De todo modo, acreditam existir três fatores definidores do rendimento acima da média de um gestor: sua capacidade, condições de mercado e sorte. Para além do acaso, os analistas do Citi ressaltam que é preciso avaliar a sensibilidade das escolhas do gestor ao ciclo econômico vigente.

Uma avaliação incorreta deste ponto pode fazer com que o investidor engane-se com excelentes ganhos passados e aloque seus recursos exatamente no pico do ciclo favorável aos ativos escolhidos pelo gestor. Dali em diante, nada de performance acima da média.

Virtude e fortuna
Aos que conferem maior peso ao gestor, nada mais que a comprovação de suas habilidades. Se os ganhos acumulados durante o ciclo favorável forem superiores às perdas no período seguinte, o retorno médio ao longo do tempo justifica a opção pelo gestor.

Também há quem jogue com esta idéia de relação negativa entre rendimentos passados e futuros. Caso os perdedores de hoje ganhem amanhã, a idéia de que gestores iluminados por seu talento são melhores pode cair por terra, em favor de "investimentos táticos", atentos aos ciclos e ao acaso.

"Não há fórmula pronta para a escolha do gestor correto", garante o relatório dos analistas do Citi. "No fim das contas, parece que ambos os campos estão parcialmente corretos, mas os investidores podem obter maiores benefícios ao escolher produtos que têm sido desfavorecidos recentemente", completam os analistas.

Aos incautos um alerta:
Bolsas não se recuperam com o mesmo apetite dos tombos


Entre impressões controversas que este princípio de 2009 oferece, mais uma vez o mercado se depara com sinais de melhora. O temor com bancos que parecia passado voltou no início do ano, mas agora sugere que o pior ficou para trás; ao menos com os eventos dos últimos dois dias. O investidor passa da expectativa de recuperação para o temor novos "fundos do poço" da noite para o dia.

Citi e JP Morgan afirmaram esta semana que as coisas estão melhorando no setor financeiro. Mas além dos bancos, outros fatores também precisam participar para se falar com mais convicção sobre uma inversão de tendência. Sem entrar no mérito do que o mercado precisa para engatar a virada, é importante definir algumas características de como esta recuperação deve ser.

Como vai ser?
Já é sabido que a bolsa vai virar antes da economia, pois antecipa movimentos, age com expectativas. Até pelo tamanho desta crise, porém, é consenso entre os analistas que a recuperação desta vez será gradativa. Outra questão de interesse é quem vai guiar a retomada quando ela chegar.

Na véspera, um relatório do Citi/Smith Barney traçou o comportamento passado como parâmetro de desempenho futuro. Em uma das passagens, os analistas afirmam que "os retornos mais elevados no futuro devem vir daqueles que apresentam performances históricas negativas".

Matemática simples
Um ponto importante é livrar um pouco a cabeça da ideia de que a retomada, quando chegar, puxará as ações para cima da mesma forma que a crise as empurrou para baixo. Na bolsa, pode-se dizer que se sobe de escada para descer de elevador.

Há recurso matemático para provar isto. Parece trivial, mas quando alguém fala que perdeu 20% de seu dinheiro com determinada ação, a primeira idéia é recuperar os 20% aos menos para empatar. Mas não dá para se falar de percentual e esquecer o valor, ou melhor, a base de cálculo.

Perdi 50%, preciso de 104%
Se comprei a R$ 50 esta ação, ela passa a valer R$ 40 após perder 20%. Recuperar estes 20% de R$ 40 levaria seu preço a R$ 48. Ainda tenho prejuízo de 4% sobre o investimento inicial. É que a base de cálculo é menor após a perda. Básico, mas muitas vezes esquecido.

Pegando o Ibovespa como exemplo, a ação preferencial da VCP acumula perda de 50,98% em 2009 considerando cotação do fechamento da quarta-feira (11). Para voltar aos R$ 17,93 que abriu o ano precisa recuperar muito mais em termos percentuais, 104%.

Esta simples lembrança reforça o sinal de que o processo de recuperação do mercado será diferente do tombo abrupto proporcionado pela crise. Quanto maior a baixa, mais demorada tende a ser sua recuperação.

Diversificar
Outra questão que vem à tona é a necessidade de se diversificar o portfólio. Não dá para apostar a poupança de uma vida apenas numa cartada. Mesmo se a tendência for mesmo de perda, com maior diversificação o prejuízo será, no mínimo, mais gradativo.

Volta na questão das variações percentuais. Quando mais cai, mais difícil de recuperar. Porcentagem também serve para uma dica básica, lembrada pelo portal MorningStar: para definir o ponto de diversificar seu investimentos, subtraia sua idade por 100.

Vai da idade
A quem tem 20 anos, por exemplo, foca 80% de seus investimentos na renda variável; além da idade permitir perfil mais agressivo, tem mais vida pela frente para recuperar uma eventual perda. Por outro lado, um investidor de 80 anos deve destinar somente 20% de seu dinheiro às opções mais arriscadas como ações, privilegiar segurança.

A lição do caso Madoff que confessou culpa por fraude e pode pegar 150 anos de prisão
Conhecido como um dos nomes que mais marcaram o ano de 2008, Bernard Madoff voltou a ocupar papel de destaque na mídia após assumir nesta quinta-feira (12) a culpa por todas as fraudes que cometeu em seu fundo de investimento.

Durante o julgamento, o acusado evitou olhar para os investidores que estavam na tribuna e pediu desculpas pelos erros cometidos durante sua administração. "Eu não consigo expressar de forma exata o quão envergonhado e arrependido eu estou pelo que fiz", disse ao juiz Denny Chin.

Descoberto há pouco mais de três meses pelos agentes do FBI, Madoff, de 70 anos, que era um dos ícones de Wall Street, contou que começou a fazer irregularidades de forma pequena, achando que elas seriam curtas e fáceis de serem contornadas.

Fugindo do controle
"Conforme o tempo foi passando, eu percebi o meu risco e vi que esse dia teria que chegar", comentou o acusado, que poderá ser condenado a até 150 anos de prisão.

Madoff admitiu ainda aos presentes que ele mentiu nos documentos enviados à SEC (Securities and Exchange Commission), afirmando que suas fraudes foram mascaradas antes de serem levadas para auditoria. "Meus clientes recebiam relatórios errados, eles não tinham como saber o que realmente estava acontecendo nas contas".

Os demais negócios, administrados pelo irmão e pelos filhos do réu, foram considerados legítimos e lucrativos, deixando claro o seu não envolvimento. Estima-se que a aplicação criada pelo acusado somou US$ 50 bilhões e trouxe prejuízos a fundos de pensões, celebridades e hedge funds.

Fonte: Conceituada consultora financeira

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