Paradoxos

Investimento externo cresce no Brasil em ano de queda global

Da BBC Brasil

BRASÍLIA - O fluxo de investimentos externos diretos cresceu 20,6% no Brasil no ano passado, segundo dados de um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Unctad (órgão da ONU para Comércio e Desenvolvimento). O resultado positivo no Brasil contraria a tendência observada na maior parte dos outros países. Globalmente, o fluxo de investimentos externos diretos (IED) caiu 21% no ano passado em relação ao ano anterior.

Após um montante recorde de investimentos em 2007 (US$ 1,8 trilhão), o fluxo internacional de IEDs se contraiu para US$ 1,4 trilhão no ano passado, como conseqüência da crise econômica global.Segundo a Unctad, "uma nova queda nos fluxos de IEDs deve ser esperada para 2009, conforme todas as conseqüências da crise sobre os gastos de investimento das corporações transnacionais continuarem a aparecer".

O aumento no fluxo de investimentos externos para o Brasil no ano passado ficou acima da média verificada nos países em desenvolvimento (3% de aumento) e também da média dos países da América Latina e do Caribe (12,7%).

Ricos atingidos
O relatório da Unctad observa que, ao contrário da última grande crise financeira internacional, em 1997, as economias desenvolvidas são as que mais estão sofrendo na atual conjuntura."Os países desenvolvidos já foram atingidos, enquanto os efeitos da crise sobre as economias em desenvolvimento têm sido até agora indiretos na maioria dos casos, com graus variados de severidade", diz o documento.

Segundo a Unctad, "nas economias em desenvolvimento e em transição, as estimativas preliminares sugerem que os fluxos de IEDs têm sido mais constantes, apesar de que o pior impacto da crise econômica global ainda não tinha sido, até o fim do ano, totalmente transmitido para esses países".

Os Estados Unidos, principal epicentro da atual crise mundial, sofreram uma redução de 5,5% nos investimentos externos no ano passado.

Na Grã-Bretanha, outro país que tem sido bastante atingido pela crise, o fluxo de IEDs caiu 51,1% no ano passado, acima da queda média verificada nos países europeus (32,7%).

Políticas públicas
Segundo a Unctad, as políticas públicas terão um papel importante no estabelecimento de condições mais favoráveis para os fluxos de IEDs."Reformas estruturais com o objetivo de garantir mais estabilidade no sistema financeiro mundial, estímulos econômicos rápidos e efetivos de governos nacionais, um compromisso renovado em favor de uma atitude aberta em relação a IEDs, a implementação de políticas visando favorecer o investimento e a inovação - especialmente nos campos de meio ambiente, novas fontes de energia e pequenas e médias empresas - são questões-chave", afirma o órgão.

Para a Unctad, a atual crise pode assim se tornar uma oportunidade para o incentivo aos IEDs, mas o órgão adverte que isso somente ocorrerá se os governos resistirem às pressões por mais protecionismo e por outras medidas que restrinjam os investimentos externos.

Por outro lado, o Valor Econômico informa:

País fecha 650 mil vagas em dezembro

BRASÍLIA - Em reação aos números negativos do fim de 2008 e para enfrentar a crise mundial, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse ter apresentado duas "grandes propostas" de geração de emprego nesta segunda-feira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Nós vamos ter atitudes fortes", disse Lupi, após divulgar a demissão recorde de 654,9 mil pessoas em dezembro, o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em 1999.

O ministro afirmou estar otimista para a evolução do emprego no ano, por ter "certeza" de que o Banco Central deve reduzir nesta semana a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% anuais. "Mas não adianta só o Copom reduzir, se a rede bancária não acompanhar e cortar o juro também para o consumidor", afirmou ele.

Sem adiantar quais as medidas que serão baixadas até o fim de janeiro para estimular a economia e o emprego, o ministro indicou que o governo prepara mais incentivos ao setor de construção civil, "onde o efeito é imediato" na criação vagas formais.

Questionado também se haverá novas reduções de impostos para a indústria em geral, Lupi respondeu com evasivas. "A indústria de transformação exige medidas mais complexas, uma ação integrada entre várias áreas econômicas do governo", disse ele.

Segundo o ministro do Trabalho, Lula "não ficou chocado" com o recorde negativo em termos de corte de vagas apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para o mês passado. "Ele já estava sabendo", disse Lupi referindo-se a Lula.

"E é por isso que o presidente me pediu propostas para enfrentar a situação", continuou Lupi, destacando que janeiro e fevereiro "são meses fracos" e também devem ter resultados negativos na área do emprego formal. "Mas março já será positivo", afirma.

Por seu lado, o ministro disse não ter ficado surpreso com os números, que ele atribuiu "ao efeito forte da crise", por conta de uma "asfixia de financiamento às empresas em dezembro". De qualquer forma, Lupi procurou ressaltar que o saldo de geração de empregos com carteira assinada em 2008 ainda foi positivo "e muito bom".

O resultado líquido apontado pelo Caged foi a criação de 1,452 milhão de postos de trabalho no ano passado, o terceiro melhor resultado atrás de 2007 (1,6 milhão) e 2004 (1,5 milhão).

Da, AE chega-nos a informação:

Sindicatos têm pauta ampla de reivindicações a Lula

Dirigentes das principais centrais sindicais disseram, antes de serem recebidos em audiência pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, que vão cobrar do governo medidas "concretas" para conter as demissões no País. Em entrevistas, os líderes sindicais disseram que vão pedir aumento de 15% no valor do salário mínimo (hoje de R$ 415,00), redução de dois pontos porcentuais na taxa básica de juros (que, no entanto, não é definida pelo presidente da República e sim pelo Banco Central), ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego e exigência de garantia de emprego por parte dos empresários como contrapartida à redução de impostos.

"O ministro Guido Mantega (Fazenda) precisa começar a discutir o problema da crise com os sindicatos. Até agora, ele só discutiu com empresários", reclamou o presidente da CUT, Arthur Henrique. "Falta ousadia para o governo federal e também para os governos estaduais", acrescentou.

Arthur Henrique disse que o governo precisa diferenciar setores produtivos, que estão enfrentando os efeitos da crise daqueles que estariam aproveitando o momento para tirar proveito. Ele citou como "aproveitadores" os setores de energia elétrica, cimento, aço e automóveis. Arthur Henrique disse que o aumento das parcelas do seguro-desemprego não será o centro do debate com o presidente, mas é medida importante e teria que ser retroativa a dezembro de 2008 para beneficiar os mais de 654 mil demitidos naquele mês.

Henrique defende também a criação de um banco de horas negativo, no qual ficariam registradas as horas não trabalhadas para serem depois compensadas pelo empregado. Defende ainda a redução da jornada de trabalho, como forma de preservar empregos, mas sem a diminuição dos salários.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que o governo deveria aumentar em 15% o valor do salário mínimo para ajudar a conter a crise por meio do incentivo ao consumo. Ele disse também que o governo poderia, por exemplo, determinar ao Banco do Brasil a redução do spread bancário (diferença entre o juro do crédito e o custo de captação dos recursos), o que seria um alívio para muitos setores. "O Banco do Brasil é campeão em spread", afirmou. Ele também fez críticas a Mantega: "O governo, primeiro, precisa cuidar da própria casa, pois, enquanto o Brasil está pegando fogo, o ministro da Fazenda está em férias".

O presidente da UGT, Ricardo Pattah, por sua vez, qualificou de "chantagem" a atitude dos empresários, que estão querendo usar este momento para flexibilizar a legislação trabalhista. Para Pattah, o maior problema, no momento, é o crédito, "que continua emperrado". "Os empresários querem, sob o argumento da crise, rasgar a legislação. Isto é chantagem e oportunismo empresarial", acusou. O presidente da UGT defendeu a redução de dois pontos porcentuais na taxa básica de juros, porque "reduzir 0,25 ponto ou 0,50 ponto não adianta nada". Acrescentou que o presidente e o ministro da Fazenda têm de interferir nessa questão "para mostrar que quem manda no País é o presidente Lula".

Pattah insistiu em que o problema grave do crédito tem que ser resolvido com os bancos. Informou que apresentará daqui a pouco ao presidente Lula sugestão de edição de uma medida provisória dispensando concorrência em obras públicas, para reduzir a burocracia e permitir que recursos já empenhados possam ser usados rapidamente. Pattah fez a ressalva de que, ao dispensar a concorrência, o governo deve promover pregão eletrônico, para garantir a transparência e evitar a corrupção. Sugeriu também que a MP crie um Fundo Emergencial de Fomento ao Crédito. A MP valeria por seis meses.

Já o presidente da CGTb, Antonio Neto, afirmou que o momento é de discutir com o presidente Lula a ampliação do crédito para pequenas empresas, que estão sofrendo com a falta de recursos. Ele disse que é necessário encontrar mecanismos para evitar que a empresa que receba recursos de órgãos governamentais demita trabalhadores. Alegou que, quando esses empresários buscam recursos públicos, usam como principal argumento a afirmação de que é para gerar empregos.



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