Do básico ao adverso

Economistas desenham cenários para 2009
Atentos ao ano que acabou de chegar, especialistas tentam mapear quais serão os próximos passos dados pela economia mundial, observando sobretudo os diversos planos de combate à crise financeira. Em meio a tantas propostas, uma merece atenção em especial: a feita pela equipe do novo presidente dos EUA, Barack Obama, logo no começo do mês.

"É o que definirá o ritmo de recuperação econômica do mundo", sugeriu a equipe da LCA em relatório divulgado na segunda-feira (26). Segundo os economistas, há dois cenários para 2009, de acordo com a eficiência das medidas do novo presidente. Enquanto um deles é considerado mais brando e provável de ocorrer, o outro é visto com cautela e tem menos chance de se tornar realidade.

Dois cenários, duas previsões
No primeiro grupo de projeções, chamado pela consultoria de "cenário básico", o ciclo recessivo nos EUA deverá ser revertido ainda em 2009, com o programa do governo norte-americano conseguindo abreviar a retração do consumo das famílias e do investimento privado. "É o mais provável de ocorrer, com 65% de probabilidade", informa a análise.

Nessa etapa, ocorrem incentivos tanto do lado fiscal, com a concessão de benefícios para aumentar a renda das famílias, como do lado da criação de empregos, através de projetos de infraestrutura que estimulem as atividades intensivas de mão-de-obra. "Com isso, contribui-se para estancar a piora no mercado de trabalho e o investimento privado retornaria".

De acordo com a consultoria, a recuperação levaria ao crescimento da economia norte-americana e isso teria o efeito de reverter a contração do comércio mundial. "Altos investimentos em infraestrutura contribuiriam para ampliar a demanda por commodities, beneficiando os emergentes, que também retomariam investimentos em infraestrutura".

Mas há espaço para o pior
Entretanto, cabe observar que nesse modelo há uma eficiente penetração da ajuda nos setores mais problemáticos da economia dos EUA, o que pode de fato não ocorrer. "Caso a confiança corporativa se mantenha muito fragilizada e o mercado de crédito fechado, o investimento privado ficará travado e o mercado de trabalho continuará doente".

Nessas condições, a LCA observa que o consumo das famílias deve voltar a se contrair com força já que os efeitos do pacote fiscal sobre a renda pessoal estarão diluídos, prolongando o quadro recessivo e exigindo a adoção de medidas adicionais. "A probabilidade desse cenário ocorrer subiu ligeiramente, indo de 30% para 35% no nosso modelo".

O que será do Brasil?
Interligado ao comércio internacional, o País também depende do sucesso do plano, tendo suas projeções atreladas diretamente ao futuro dos EUA. "Mas o raio de manobra da política econômica se ampliou de maneira clara no Brasil, graças ao acúmulo de reservas e à redução da dívida pública", sugeriu a consultoria. "Com isso, mesmo no pior cenário, a expansão da economia deverá ser de pelo menos 2,1% em 2009".

Confira os cenários da LCA


Cenário Básico - 65% Cenário Adverso - 35%

2008 2009 2010 2008 2009 2010
PIB EUA 1,3% -1,2% 1,3% 1,3% -2,2% -1,0%
PIB Brasil5,4% 2,8% 4,4% 5,4% 2,1% 3,8%
R$/US$ ¹ 2,40 2,10 1,90 2,40 2,29 2,00
R$/US$ ² 1,83 2,22 1,93 1,83 2,44 2,04
Selic 13,75% 11,25% 10,75% 13,75% 10,50% 10,50%
Selic (média) 12,50% 11,60% 11,00% 12,50% 11,10% 10,50%
IPCA 5,9% 4,8% 4,0% 5,9% 4,5% 3,9%
IGP-M 9,8% 4,7% 4,6% 9,8% 5,5% 4,2%
¹ Fim de período
² Média anual
Petrobras é a ação favorita do investidor entre blue chips, segundo enquete
Em tempos de crise, os papéis das blue chips Petrobras e Vale concentram a empatia da maior parte dos investidores, tomando como base ações de grandes empresas pertencentes ao Ibovespa. Esse foi o resultado de enquete promovida recentemente pela InfoMoney, que reuniu quase 9 mil votos.

Diante da pergunta: "entre as principais blue chips, qual sua ação favorita?", 2.608 das escolhas (28,99%) selecionaram a estatal, enquanto outras 1.931 (21,47%) foram direcionadas à maior produtora de minério de ferro do planeta. De forma agregada, ambas respondem por metade do total.

A fronteira de exploração do pré-sal ajuda a alimentar a liderança da petroleira, que assiste a uma deterioração no cenário do setor de petróleo. Somente nesta área, a empresa pretende investir US$ 111,4 bilhões até 2020. A meta da estatal é mais do que dobrar sua produção neste período, para 5,7 milhões de barris por dia.

Com relação à Vale, depois de oito recordes anuais de produção, o último trimestre de 2008 veio com queda na maioria dos segmentos. Com a companhia se ajustando à fraqueza na demanda da indústria siderúrgica, o volume fabricado de minério de ferro recuou 0,5% no último ano; primeira queda desde 1999.

Destaques financeiros
Falando do mercado de aço, alguns ativos do setor financeiro roubaram a cena das blue chips de siderurgia na sequência da enquete. Com destaque para a posição de Banco do Brasil que terminou com ligeira vantagem no terceiro lugar em relação à Companhia Siderúrgica Nacional. Em ambos os casos foram arrecadados mais de 600 votos (7,38%).

Diante do movimento de consolidação do setor bancário brasileiro, a compra do Banco Votorantim, que permitirá ampliar a exposição no financiamento de veículos, impulsionou as ações do BB recentemente. Em novembro de 2008, o banco já havia fechado a aquisição da estatal paulista Nossa Caixa, a fim de elevar sua participação no exuberante mercado consumidor de São Paulo.

Depois aparece a BM&F Bovespa, com 6,55% do total. Para os próximos meses, os analistas esperam que a companhia se beneficie do aumento do volume de negócios, principalmente no segmento de contratos futuros, sob expectativa da tendência de redução da taxa básica de juro por parte do Banco Central.

Veja os resultados da enquete

Entre as principais blue chips, qual sua ação favorita?VotosPercentual
Petrobras2.60828,99%
Vale1.93121,47%
Banco do Brasil6647,38%
CSN6597,33%
BM&F Bovespa5896,55%
Gerdau5866,51%
Usiminas5626,25%
Bradesco4294,77%
Itaú3403,78%
Outra2833,15%
Cemig2622,91%
Unibanco830,92%
Total8.996100%
Analistas avaliam dados da ALL e elaboram previsões para este ano

Após a divulgação da prévia dos resultados da ALL
(ALLL11) para o quarto trimestre do último ano, analistas avaliaram os dados da companhia, mantendo suas classificações e recomendações inalteradas para os papéis.

Durante o quarto trimestre de 2008, o volume consolidado da companhia cresceu 16,3%, totalizando 10.100 milhões de TKU (Tonelada Quilômetro Útil). Apesar do bom desempenho, não foi suficiente para atingir a meta de crescimento de 12% no volume para o ano.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da ALL atingiu R$ 222 milhões, representando um crescimento de 18% frente ao mesmo período de 2007. No ano, esse resultado atingiu R$ 1,08 bilhão, cravando uma expansão anual na casa dos 24%.

Projeções
Segundo os analistas do Bradesco, a notícia é positiva para a companhia, assim também para os seus papéis, uma vez que esses dados ainda não foram precificados em seus ativos. Para este ano, as expectativas também são favoráveis, devendo apresentar outro período de forte crescimento.

Apesar do desempenho da empresa ter ficado abaixo das expectativas de mercado, principalmente devido a suas operações na Argentina, conseguiu superar as incertezas acerca do ambiente de negócios e das condições econômicas do final do ano passado e inicio deste.

Esperando ganhos de market share, e postura defensiva devido aos seus contratos de take-or-pay, grande responsáveis pela performance da companhia no ano anterior, a Link reitera a sua recomendação de compra para as ações da ALL, com um preço-alvo de R$ 16,00 para dezembro de 2009.

Desempenho de ativos
Na mesma direção, a Socopa considera as prévias positivas para a companhia, comprovada pela reação de seus ativos durante o último pregão, quando engataram uma alta de quase 10%. Porém, para a corretora a noticia já foi precificada e as ações devem se manter em patamares baixos até a melhora da atividade industrial e agrícola.

Já a Ativa classifica a noticia como neutra, uma vez que o seu desempenho foi impulsionado pelo tipo de contrato tale-or-pay, sendo que o crescimento do volume ficou abaixo da meta da empresa para o ano.

Fontes: AE, EFE, e Analistas

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