Data Vênia para verdascar

Queda forte e generalizada reascende alerta do mercado contra euforia inicial de 2009
Depois da modesta valorização da véspera, o mercado voltou a sua dura realidade de baixas imposta no início desta semana. Com todos os fatores contra, as bolsas pelo mundo enfrentaram uma quarta-feira (14) de perdas generalizadas. Commodities em queda, temor com bancos, indicadores ruins; não faltaram referências para pressionar os negócios.

Boa parte da apreensão já era demonstrada desde o início do dia, haja vista a agenda carregada de indicadores nos Estados Unidos. As vendas do varejo abriram a sessão apontando recuo de 2,7% em dezembro, resultado pior do que sinalizavam as projeções. O começo do dia já era penalizado pelo prejuízo de € 4,8 bilhões do Deutsche Bank no quarto trimestre, que prometia incluir o setor financeiro entre as decepções do dia.

Confirmando a expectativa ruim criada, o Citi voltou a desabar na Bolsa de Nova York, enquanto o mercado assistia o noticiário destacar a possibilidade de venda de novas unidades e projeções cautelosas para seus resultados.

Além da pressão dos bancos, o início da tarde trouxe um pedido de recuperação judicial da canadense Nortel, além de mais uma queda para os contratos futuros de matérias-primas. Destaque para o recuo do petróleo, em parte pela elevação do volume de estoques monitorados.

Commodities consolidam o vermelho
Assim, Vale e Petrobras não escaparam do vermelho. Mas o destaque negativo do Ibovespa desta vez apontou para os bancos. Com perdas lá fora e redução nas projeções para o setor por Morgan Stanley na véspera e UBS, ações de Unibanco, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil caíram forte.

No final do dia, o Livro Bege do Federal Reserve completava a agenda econômica. Não trouxe grande novidade, apenas mais do mesmo discurso de que a economia norte-americana continua se enfraquecendo. Sob medida para descrever o sentimento do mercado nesta quarta-feira.

Dólar chega a R$ 2,346
Com o cenário ruim para os mercados, o dólar comercial voltou a ganhar força na comparação com o real, mesmo com os esforços do Bacen. A moeda norte-americana se valorizou 1,65%, para R$ 2,346.

O Banco Central retomou sua estratégia de intervir no mercado de câmbio com leilões para equilibrar as cotações. Desta vez, dois leilões de empréstimo de dólar com garantia em contratos para o financiamento de exportações foram realizados, além de leilão de dólares no mercado à vista.

Bacen em ação
A autoridade monetária também divulgou nesta sessão o fluxo cambial referente aos seis primeiros dias de janeiro. O resultado negativo em US$ 873 milhões revelou que a saída de dólares do País continua. Tanto o saldo comercial quanto o financeiro, que já vem deficitário há dez meses, ficaram negativos.

Ainda assim, a grande novidade do dia foi o anúncio de que o Bacen fornecerá crédito de até US$ 20 bilhões às empresas com dívidas em dólar.

Ibovespa cai 3,95%
Sem qualquer esboço de recuperação, o Ibovespa terminou a quarta-feira marcando forte queda de 3,95%, que o derrubou para 37.981 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 4,35 bilhões.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:



Cód.AtivoCot R$% Dia% AnoVol1


CSAN3 Cosan ON 10,60 -9,40 -5,69 9,60M


ALLL11 ALL UNT N2 8,26 -8,63 -17,40 41,24M


KLBN4 Klabin PN 3,34 -8,49 +0,91 3,77M


NETC4 Net PN N2 13,51 -7,97 +1,66 25,68M


DURA4 Duratex PN 13,90 -7,95 -3,41 10,27M




As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:



Cód.AtivoCot R$% Dia% AnoVol1


ARCZ6 Aracruz PNB 2,72 +2,64 +9,24 35,79M


RDCD3 Redecard ON 26,31 +1,98 +2,37 73,89M


NATU3 Natura ON 20,20 +1,00 +6,37 53,39M




As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :



CódigoAtivoCot R$Var %Vol1Vol 30d1Neg




PETR4 Petrobras PN23,30-2,71666,03M537,40M 21.263




VALE5 Vale Rio Doce PNA 25,70-3,93519,68M378,33M 17.981




ITAU4 Itaubanco PN 24,36-7,52290,54M99,85M 12.885




BBDC4 Bradesco PN 21,01-6,04287,80M99,11M 14.353




VALE3 Vale Rio Doce ON 28,70-4,65213,00M103,01M 7.171

* - Lote de mil ações
1 - Em reais (K - Mil | M - Milhão | B - Bilhão)

Com apenas três ações em alta das 66 que compõem o índice, o Ibovespa destacou o recuo dos papéis ordinários da Cosan, que apagaram os ganhos da véspera e acumularam mais de 5% de desvalorização no ano.

Renda Fixa
No mercado de renda fixa, os juros futuros encerraram sem tendência na BM&F Bovespa. O contrato com vencimento em janeiro de 2010, que apresenta maior liquidez, encerrou apontando taxa de 11,59%, alta de 0,09 ponto percentual frente à apresentada na sessão anterior.

No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado a 125,70% de seu valor de face, o que representa uma queda de 0,86%.

O risco-país, calculado pelo conglomerado norte-americano JP Morgan, fechou cotado a 463 pontos-base, alta de 20 pontos em relação ao fechamento anterior.

Bolsas dos EUA caem forte
Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq Composite, que concentra as ações de tecnologia norte-americanas, fechou em forte baixa de 3,67% e atingiu 1.490 pontos.

Seguindo esta tendência, o índice S&P 500 desvalorizou-se 3,34%, a 843 pontos. Da mesma forma, o índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, caiu 2,94%, a 8.200 pontos.

Na Europa, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres registrou forte baixa de 4,97% e atingiu 4.181 pontos.No mesmo sentido, o índice DAX 30 da bolsa de Frankfurt desvalorizou-se 4,63%, chegando a 4.422 pontos.Já o CAC 40, da bolsa de Paris, caiu 4,56%, a 3.052 pontos.

Veja os indicadores previstos para a quinta-feira
Na quinta-feira (15), a FGV publica o IGP-10 (Índice Geral de Preços - 10) do mês de janeiro. O índice, que é formado por um conjunto de parâmetros de inflação, registra os preços desde matérias-primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.

O grande destaque, porém, fica com o volume de indicadores da economia norte-americana. Confira o número de pedidos de auxílio-desemprego (Initial Claims), em base semanal.

O Departamento de Trabalho publica os números do PPI (Producer Price Index) e de seu núcleo, que descrevem os preços praticados por produtores durante o mês de dezembro. O Fed da Filadélfia revela o Philadelphia Fed Index de janeiro, indicador responsável por mensurar a atividade industrial no estado.

O dia também será marcado pela reunião de política monetária do Banco Central Europeu, na qual o colegiado vai decidir sobre eventuais mudanças nos parâmetros do juro básico.

Pacote de estímulo elaborado pela equipe de Obama já chega a US$ 850 bilhões
Inicialmente projetado em US$ 775 bilhões, o valor do programa de estímulo econômico elaborado pela equipe de Barack Obama já se aproxima de US$ 850 bilhões, segundo partidários democratas envolvidos na elaboração do pacote.

A provável elevação do montante diz respeito ao planejamento de cortes na carga tributária. De acordo com Charles Rangel, as reduções de impostos devem girar em torno de US$ 300 bilhões.

Segundo Charles Schumer, ainda não há um número final para o pacote, que ainda encontra-se em fase de elaboração pela nova equipe econômica do governo. Segundo suas projeções, o plano até o momento elaborado já se situa entre US$ 800 bilhões e US$ 850 bilhões, que ainda podem ser alterados.

O plano de estímulo de Obama, anunciado no meio de dezembro, deve abranger os dois primeiros anos de mandato. Além do corte nos impostos, são projetados investimentos em energia e grande atuação sobre o mercado de trabalho, na geração de empregos.

Resistência no Congresso
Nesta quarta-feira (14), Obama recebeu um sinal de que deve enfrentar linha dura do Congresso para aprovar suas medidas. Após o pedido formal a George W. Bush pelos US$ 350 bilhões remanescentes do TARP (Troubled Asset Relief Program), informações da agência CNN apontam que um grupo de republicanos se esforça para barrar a solicitação.

De acordo com matéria da CNN, oito partidários republicanos liderados pelo senador David Vitter já se manifestaram contra a liberação do recurso para o presidente-eleito. Após o pedido formal, Bush encaminhou uma carta ao Congresso no começo desta semana manifestando apoio ao pedido de Obama.

Sinal dos tempos - 1

Ampliando as preocupações com a saúde da economia doméstica, aparecemmais notícias sobre demissões, para agravar o quadro do emprego e da atividade e dar mais argumentos aos que defendem um corte rápido dos JUROS. A ARCELORMITTAL informou, em comunicado no fim da tarde, que iniciou um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) envolvendo empregados do corporativo da ArcelorMittal Brasil e da área produtiva da ArcelorMittal Aços Longos. Sem quantificar as demissões, a empresa disse que a medida faz parte do conjunto de ações “para equilibrar a atual situação de descompasso entre a oferta e a demanda do mercado", em função da crise financeira.

Recentemente, todos se lembram, outras gigantes já haviam reduzido o quadro de pessoal, em razão das turbulências econômicas. A VALE, por exemplo, demitiu 1,3 mil funcionários, a CSN cortou 300 empregados na usina de Volta Redonda e a GM dispensou cerca de 800 funcionários temporários. Essas são algumas das empresas que contribuíram para a estatística apresentada ontem pelo IBGE, de que o emprego industrial caiu 0,6% em novembro contra outubro, maior queda da série histórica iniciada em 2001.

Marcado às pressas, um encontro entre o ministro do Trabalho, Carlos LUPI, o presidente LULA e a ministra DILMA Rousseff (Casa Civil) aconteceu na tarde de ontem no Planalto. Lupi reconheceu que o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de dezembro, que sai na próxima semana, deve mostrar redução acima da média histórica (-300 mil no mês do Natal) nos postos de trabalho, mas negou que já exista uma estatística de que 600 mil vagas teriam sido fechadas.

A situação desfavorável do emprego complica a vida do governo e favorece as apostas de que o BC tem que começar a cortar o juro já, em, no mínimo, meio ponto. E na melhor das hipóteses 1 ponto percentual.

Sinal dos tempos - 2

O setor financeiro reagiu de forma negativa ao comunicado conjunto do CITIGROUP e do MORGAN STANLEY, divulgado ontem, após o fechamento das bolsas de WALL STREET. Os dois bancos confirmaram a formação de uma joint venture que reunirá suas operações de corretagem. Segundo o acordo, o Citi trocará suas unidades Smith Barney, Smith Barney Australia e a britânica Quilter por uma fatia de 49% na joint venture e um pagamento à vista e em cash de US$ 2,7 bilhões do Morgan Stanley.

Será a maior corretora do mundo, com 11 mil profissionais do Smith Barney e 8 mil do Morgan. As operações de corretagem resultantes da compra do MERRILL LYNCH pelo BANK OF AMERICA, até então líderes mundiais, caem para o segundo lugar.

A reação inicial do mercado ao acordo parece ser de hesitação. Desde que fontes próximas do assunto começaram a deixar escapar detalhes da transação, no final da semana passada, as ações do Citi vinham recuando, com a leitura de que o banco, mesmo após receber uma injeção bilionária de recursos do contribuinte norte-americano, ainda precisa urgentemente de capital, a ponto de se envolver em acordos desse tipo.


Em tempo... Ministro LOBÃO (Minas e Energia) informou que BG investirá cerca de US$ 4 bilhões, nos próximos anos, na exploração de petróleo no campo de Tupi.

PETROBRAS deve convocar na próxima semana as empresas que disputaram a licitação
da P-61 para renegociarem seus preços, segundo fonte da empresa na AE.

MMX. Operação de mina em Corumbá (MS) permanecerá fechada por mais dois meses. A retomada das atividades estava condicionada à melhora do cenário econômico.

ANEEL e BR DISTRIBUIDORA chegaram a um acordo que permitirá o início da operação de sete usinas termoelétricas a óleo na Região Nordeste e na Região Centro-Oeste.

Aguardemos para assistirmos novas verdascas do mercado às economias globalizadas em passos largos ao precipício que o capitalismo liberal levado a seu extremo provocou.


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