Aprovado novo pacote de Obama
A Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) dos EUA aprovou nesta quarta-feira o pacote proposto pelo presidente americano, Barack Obama, de US$ 819 bilhões, para tentar tirar o país da recessão em que se encontra desde 2007. A medida segue agora para o Senado.
O projeto foi aprovado por 244 votos favoráveis e 188 contra. A aprovação já era esperada, uma vez que os democratas, como Obama, têm a maioria na Câmara --255 das 435 cadeiras, e a maioria absoluta dos votos (218) garantia a aprovação do projeto de lei. O presidente, no entanto, passou seus primeiros dias no cargo tentando obter apoio por parte dos republicanos. Ontem, Obama se encontrou com lideranças dos dois partidos no Congresso para negociar o apoio à medida.
Na segunda-feira (26), Obama apelou ao "sentido de urgência" e de "objetivo comum" dos legisladores, e disse que o Congresso não podia se permitir demorar na aprovação do pacote.
No último dia 21, Obama recebeu um primeiro sinal de boa vontade dos legisladores americanos: o Comitê de Apropriações da Câmara (que controla projetos de leis e de gastos públicos) aprovou um pacote de US$ 358 bilhões, por 35 votos a 22, para gastos do governo Obama. O Comitê de Procedimentos (para questões fiscais e de comércio), por sua vez, aprovou, também na semana passada, US$ 275 bilhões em cortes de impostos por 24 votos a 13 e o Comitê de Energia e Comércio aprovou outros US$ 8,2 bilhões para a expansão da rede de banda larga no país.
O plano ainda prevê US$ 87 bilhões para aumento temporário nos subsídios federais à saúde pública nos Estados, US$ 79 bilhões para escolas e universidades públicas, US$ 90 bilhões na infraestrutura e US$ 54 bilhões para estimular a produção de fontes de energia alternativa.
Para os já desempregados, o pacote inclui US$ 43 bilhões para estender o seguro-desemprego e o treinamento de mão-de-obra, e US$ 39 bilhões para que os demitidos possam pagar por seguro-saúde. Para os mais pobres, o plano prevê US$ 20 bilhões em ajuda para a compra de alimentos ("food stamps").
Pacote anterior
No ano passado, na primeira medida do gênero, a aprovação foi mais conturbada. No dia 3 de outubro, a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) dos Estados Unidos aprovou o plano de resgate de US$ 700 bilhões destinado a salvar as instituições financeiras. Cerca de 2 horas depois, o então presidente George W. Bush já havia assinado o texto, transformando-o em lei.
A decisão da Câmara confirmou a que havia sido tomada no Senado dois dias antes, mas a jornada pelo pacote havia começado no dia 19 de setembro, quando o então secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que o governo empregaria "centenas de bilhões de dólares" para conter a crise. Um dia depois o pacote estava preparado --inicialmente a proposta tinha três páginas.
No dia 29 de setembro, na primeira tentativa de aprovação na Câmara, o pacote foi rejeitado por 228 votos contra; a favor foram 205 votos. A falta de apoio veio tanto da parte dos democratas como dos republicanos. Os defensores do pacote usaram à época o argumento da necessidade de tirar o país de uma recessão e de uma crise sem precedentes. Quem votou contra, argumentou que a aprovação do plano ocorreria por medo, o mesmo sentimento que levou o país à guerra contra o Iraque, disseram.
Recessão
No mês passado, o Nber (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, na sigla em inglês), um dos principais institutos de economia dos EUA e responsável por avaliar quando o país está oficialmente em recessão ou não e quando esta acabou, informou que os EUA estão em recessão desde dezembro de 2007.
Uma recessão é definida pelo Nber como um significativo declínio na atividade, difundido pela economia como um todo e que costuma durar mais que alguns poucos meses. Normalmente os efeitos de uma recessão são visíveis na produção, no mercado de trabalho, nos salários e em outros indicadores econômicos.
Ela começa quando a economia atinge um pico do ciclo econômico e termina quando atinge o ponto mais baixo. Entre esse ponto e o pico, a economia registra expansão.
Fonte: Folha Online
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