Ações: O melhor investimento no ano

Bolsa ignora sinais da crise e fecha janeiro com alta acumulada de 4,6%
Bem que a bolsa tentou se desvencilhar da pressão de mercados em baixa pelo mundo ao longo desta sexta-feira (30), mas não resistiu. O Ibovespa definiu tendência negativa na última hora de negócios, após um intraday marcado pela instabilidade. O recuo do dia, no entanto, não comprometeu o saldo positivo de 3% acumulado na semana e de 4,66% no primeiro mês do ano.

Os dados do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano foram a grande atração. A maior economia do mundo sofreu retração anualizada de 3,8% no quarto trimestre de 2008, mas ainda assim superou projeções. Da agenda veio boa parte da pressão sobre as ações lá fora. Nem tanto do PIB, mais pela atividade industrial na região de Chicago, que ficou abaixo do esperado em janeiro, ou pela versão revisada da confiança do consumidor, que também decepcionou.

Resultados também não faltaram, mas animaram de certa forma, ou melhor, limitaram perdas. Os noticiários deram maior destaque para o avanço de 19% nas receitas da Amazon.com e, principalmente, ao balanço da gigante Exxon Mobil. Este foi o melhor resultado da história corporativa dos Estados Unidos: US$ 45 bilhões de lucro no ano. Trimestralmente falando, marcou queda de 33% no lucro do último quarto de 2008.

Por aqui, os investidores ainda contavam com diversas referências isoladas, como a aquisição dos ativos da Rio Tinto no Brasil pela Vale, ou a repercussão da injeção de R$ 1 bilhão admitida pela Sadia. Analistas consideraram caro o US$ 1,6 bilhão pago pela Vale, fator que penalizou a ação. Por outro lado a Sadia figurou entre os destaques positivos.

Dólar a R$ 2,309
Preservando o sinal do último fechamento, o dólar comercial encerrou esta sexta-feira com alta de 0,52% na comparação com o real, cotado a R$ 2,3090.

O Banco Central voltou a intervir no mercado cambial para conter o avanço da divisa norte-americana e realizou um leilão de dólares no mercado à vista durante a tarde. A taxa de corte para a venda da moeda ficou em R$ 2,315.

A moeda norte-americana acumulou 1,2% de desvalorização frente ao real no mês.

Ibovespa cai no dia, mas sobe na semana e no mês
Apesar de a pressão externa determinar recuo de 0,85% para o Ibovespa nesta sexta-feira, o índice conseguiu fechar a semana com saldo positivo de 3,06% e 4,66% de alta no acumulado de janeiro. Encerrou, assim, a 39.300 pontos. A sexta-feira movimentou R$ 3,2 bilhões.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:



Cód.AtivoCot R$% Dia% AnoVol1


BRKM5 Braskem PNA 5,71 -4,83 +2,88 4,88M


VCPA4 VCP PN 13,61 -4,56 -24,09 9,84M


NETC4 Net PN N2 14,71 -4,54 +10,68 11,14M


EMBR3 Embraer ON 8,69 -3,87 -1,36 11,38M


CESP6 Cesp PNB 12,50 -3,70 -17,16 13,58M




As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:



Cód.AtivoCot R$% Dia% AnoVol1


KLBN4 Klabin PN 3,50 +9,72 +5,74 5,34M


SDIA4 Sadia PN 3,32 +3,75 -11,47 47,91M


VIVO4 Vivo Part PN 33,00 +3,61 +18,70 19,49M


PRGA3 Perdigão ON 32,00 +3,56 +7,60 20,08M


JBSS3 JBS ON 4,80 +2,13 -2,64 10,22M


As ações mais negociadas, dentre as que compõem o Índice Bovespa, foram :



CódigoAtivoCot R$Var %Vol1Vol 30d1Neg




PETR4 Petrobras PN25,030,00559,71M549,96M 20.034




VALE5 Vale Rio Doce PNA 28,01-1,72472,66M463,50M 16.556




BBDC4 Bradesco PN 20,80-1,19112,13M125,40M 5.169




VALE3 Vale Rio Doce ON 32,50-1,60107,71M124,32M 4.967




GGBR4 Gerdau PN 15,03-1,0593,29M91,46M 8.681

* - Lote de mil ações
1 - Em reais (K - Mil | M - Milhão | B - Bilhão)


As ações da Braskem lideraram o movimento negativo do dia, caindo mais de 4% na semana. Por outro lado, as ações da Klabin lideraram isoladas as altas do índice, em recuperação à forte queda da véspera, após a Raymond James cortar projeções para os preços da celulose de eucalipto no decorrer deste ano.

Renda Fixa
No mercado de renda fixa, os juros futuros encerraram em baixa na BM&F Bovespa. O contrato com vencimento em janeiro de 2009, que apresenta maior liquidez, encerrou apontando taxa de 11,17%, baixa de 0,08 ponto percentual frente à apresentada na sessão anterior.

No mercado de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40, bônus mais líquido, encerrou cotado a 124,05% de seu valor de face, o que representa uma queda de 0,64%.

O risco-país, calculado pelo conglomerado norte-americano JP Morgan, fechou cotado a 407 pontos-base, queda de 2 pontos em relação ao fechamento anterior.

Bolsas dos EUA sofrem baixa
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500, que engloba as 500 principais empresas norte-americanas, fechou em baixa de 2,28% e atingiu 826 pontos.

Seguindo esta tendência, o índice Nasdaq Composite desvalorizou-se 2,08%, a 1.476 pontos.Da mesma forma, o índice Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, caiu 1,82%, para 8.001 pontos.

Na Europa, o índice DAX 30 da bolsa de Frankfurt registrou baixa de 2,03% e atingiu 4.338 pontos.No mesmo sentido, o índice CAC 40 da bolsa de Paris desvalorizou-se 1,19%, chegando a 2.974 pontos. Já o FTSE 100, da bolsa de Londres, caiu 0,97%, a 4.150 pontos.

Veja os indicadores previstos para a segunda-feira
Na segunda-feira (2), a FGV (Fundação Getulio Vargas) publica o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) referente à quarta quadrissemana de janeiro, enquanto o Banco Central revela o relatório semanal Focus, que compila a opinião de consultorias e instituições financeiras sobre os principais índices macroeconômicos.

O Ministério de Comércio Exterior reporta a Balança Comercial referente ao mês de janeiro, que mede a diferença entre exportações e importações contabilizadas durante o período.

Nos Estados Unidos, ênfase para os índices Personal Income e Personal Spending do mês de dezembro, que avaliam a renda individual dos cidadãos norte-americanos e os gastos dos consumidores, assim como para o núcleo do PCE, medida de inflação mais acompanhada pelo Fed.

O Departamento de Comércio publica o Construction Spending de dezembro, que mede os gastos decorrentes da construção de imóveis. Sai o ISM Index referente ao mês de janeiro, responsável pela mensuração do nível de atividade industrial no país.
Fonte: Notícias de economia das agências especializadas
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Economia da má fé

Paul Krugman
Do New York Times

À medida que se inicia o debate sobre o plano de incentivo da economia do Presidente Barack Obama, uma coisa é certa: Muitos dos oponentes do plano não estão argumentando com boa fé. Os conservadores não querem, e não querem mesmo, ver um segundo New Deal e certamente não querem ver o ativismo do governo reconhecido. Então, eles estão pegando qualquer vareta que conseguem achar com a qual possam derrubar propostas para um aumento nos gastos públicos.

Alguns destes argumentos são zombarias óbvias. John Boehner, o líder das minorias da Câmara dos Representantes, já fez parte das manchetes com esta tirada: Olhando para um plano de US$800 bilhões para reconstruir infra-estrutura, manter serviços essenciais e outros, ele ridicularizou uma cláusula que aumentaria os serviços de planejamento familiar da Medicaid - e chamou-a de um plano para "gastar centenas de milhões de dólares em anticoncepcionais".

Mas as zombarias óbvias não representam tanto perigo aos esforços da administração de Obama para fazer com que um plano supere os obstáculos quanto os argumentos e declarações que são igualmente fraudulentas, mas possam parecer plausíveis na sua superfície para aqueles que não saibam se virar com números e conceitos econômicos. Então, como um serviço público, deixe-me tentar desmascarar alguns dos maiores argumentos antiincentivo que já surgiram. Toda vez que você ouvir alguém citando um destes argumentos, escreva a ele ou ela para chamá-lo de propagandista desonesto.

Primeiro, há o tema de discussão fictício de que o plano de Obama custará US$275.000 por emprego criado. Por que é fictício? Porque envolve tomar o custo de um plano que se prolongará por vários anos, criando milhões de empregos a cada ano, e dividi-lo pelos empregos criados em apenas um destes anos.

É como se um adversário do programa de almoço da escola tomasse uma estimativa do custo daquele programa pelos próximos cinco anos, então o dividisse pelo número de almoços oferecidos em apenas um destes anos e afirmasse que aquele programa era muito esbanjador, porque ele custa US$13 por almoço. (O custo real de um almoço escolar grátis, falando nisso, é de $2,57.)

O custo real por emprego do plano de Obama provavelmente estará mais perto de US$100.000 do que US$275.000 - e o custo líquido será de apenas US$60.000, uma vez que você leve em consideração o fato de que uma economia mais forte significa maior renda com impostos.

Em seguida, escreva para qualquer um que afirme que é sempre melhor reduzir impostos do que aumentar os gastos públicos, porque os contribuintes, não os burocratas, são os melhores juízes de como gastar o seu dinheiro.

Aqui está como pensar sobre este argumento: Ele implica que devemos desligar o sistema de controle de tráfego aéreo. Afinal de contas, aquele sistema é pago com taxas nas passagens aéreas - e certamente seria melhor deixar o povo que viaja manter o seu dinheiro ao invés de entregá-lo para os burocratas do governo. Se isto significasse muitas colisões no ar, bem, estas coisas acontecem.

O propósito é que ninguém realmente acredita que um dólar de redução de impostos é sempre melhor do que um dólar de gastos públicos. Enquanto isto, está claro que quando se trata de incentivo econômico, os gastos públicos oferecem muito mais retorno do investimento do que reduções de impostos - e portanto custa menos por emprego criado (veja o argumento fraudulento anterior) -, pois uma grande parcela de qualquer redução de impostos será simplesmente economizada.

Isto sugere que os gastos públicos, ao invés da redução de impostos, deveria ser o centro de qualquer plano de incentivo. Mas ao invés de aceitar aquela implicação, os conservadores buscam refúgio em um argumento absurdo contra o gasto público em geral.

Por fim, ignore qualquer um que tente fazer alguma coisa com o fato de que o principal consultor econômico tenha, no passado, favorecido políticas monetárias ao invés das políticas fiscais como uma resposta a recessões.

É verdade que a resposta normal a recessões seja reduções na taxa de juros por parte da Reserva Federal, não gastos públicos. E esta poderia ser a melhor opção neste momento, se estivesse disponível. Mas não está, porque estamos em uma situação não vista deste a década de 1930: As taxas de juros que a Reserva Federal controla já estão efetivamente em zero.

É por isso que estamos falando de incentivo fiscal em larga escala: É o que resta no arsenal de políticas, agora que a Reserva Federal gastou a sua munição. Qualquer um que citar argumentos velhos contra incentivos fiscais sem mencionar que ou não sabe muito sobre o assunto - e, portanto, não tem assunto para trazer ao debate - ou está sendo deliberadamente tacanho.

Estas são apenas alguns dos argumentos antiincentivo essencialmente fraudulentos por aí. Basicamente, os conservadores estão jogando qualquer dificuldade que conseguem contra o plano de Obama, esperando que alguma delas funcione.

Mas sabe de uma coisa: A maioria dos americanos não está ouvindo. A coisa mais animadora que ouvi nos últimos tempos foi a resposta de Obama divulgada às objeções republicanas quanto a um plano econômico orientado a gastos: "Eu venci". Ele realmente venceu - e deveria desconsiderar os esperneios daqueles que perderam.

Paul Krugman é economista, professor da Universidade de Princeton e colunista do The New York Times. Ganhou o prêmio Nobel de economia de 2008. Artigo distribuído pelo New York Times News Service.

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