O côncavo e o convexo
Quem é o culpado?
Todos os anos, desde 1984, o Institute for Management Development (IMD), de Lausanne (Suíça), publica o World Competitiveness Yearbook. Acaba de ser distribuído o referente a 2008, em que são classificados 55 países de acordo com quatro grupos de grandes componentes.
Cada um é composto de dezenas de informações colhidas nos países por instituições de seriedade e competência reconhecidas. No Brasil, por exemplo, a colaboradora associada é a Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte.
As informações são ranqueadas a partir do número 1 (a melhor). Para os 55 países, o número de fatores analisados dentro de cada uma das classificações foi o seguinte.
1. Desempenho econômico (80).
2. Eficiência governamental (73).
3. Eficiência do setor privado (70).
4. Quantidade e qualidade da infra-estrutura (108).
Apenas para dar um exemplo, o grupo eficiência governamental envolve informações de 73 itens, distribuídos em cinco grandes categorias:
- finanças públicas (12),
- política fiscal (14),
- estrutura institucional (15),
- regulação do setor privado (21), e
- organização da sociedade (11).
Na classificação geral dos 55 países, o Brasil ocupa a posição 43, assim distribuída:
- eficiência governamental (51),
- infra-estrutura (50),
- desempenho econômico (41), e
- eficiência do setor privado (29)
Como é evidente, a interpretação dessa imensa quantidade de informações é sempre sujeita a discussão, mas a sua dinâmica (a evolução dos rankings no tempo) certamente dá uma idéia de como caminhou cada país com relação aos demais.
Se sua taxa de evolução é maior ou menor do que a dos outros, o que é uma informação interessante mesmo quando ele, visto separadamente, tenha melhorado na classificação.
Os quatro gráficos mostram a evolução nos últimos dez anos dos 26 países da amostra com mais de 20 milhões de habitantes (1999/ 2008). Relativamente:
melhoramos no desempenho geral,
- pioramos dramaticamente no desempenho do governo,
- melhoramos espetacularmente no desempenho do setor privado, e
- pioramos ligeiramente na infra-estrutura, que também depende do governo.
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Já Joelmir Beting, em seu blog, tergiversa:
O EMPRESÁRIO, O ECONOMISTA E O CONSUMIDOR
Três pesquisas divulgadas esta semana indicam baixo astral entre os empresários da indústria, preocupados com a queda de demanda nos próximos meses; dos economistas, atentos à retração da atividade econômica, e dos consumidores, que, depois de até gastar mais no terceiro trimestre, se preparam para um fim de ano com mais cautela.
Detalhe: tanto os empresários como os economistas acham que a crise deve se atenuar (?), dentro de meio ano ou, no mais tardar, no final de 2009. O empresárioMenos confiante que antes se revelam os 1.112 empresários industriais ouvidos em novembro pela FGV na pesquisa Índice de Confiança da Indústria: queda de quase 20%, caindo o indicador de 104,4 para 84,1 pontos este mês, o menor desde julho de 2003.
Essa piora, segundo a FGV, sinaliza desaceleração de atividade econômica em novembro e maior disseminação de expectativas pessimistas em relação aos próximos meses. O indicador é formado pelo Índice da Situação Atual (ISA) e pelo Índice de Expectativas (IE), os dois em marcha à ré em novembro: no ISA, de 109,7 para 85,3 pontos, e no IE, de 99,2 para 82,8 pontos.
Mudou bastante a percepção dos empresários em relação à demanda por produtos industriais: os satisfeitos com esse nível eram 17,9% em outubro e agora, apenas 4,6%. O número dos que o consideram fraco subiu, no intervalo, de 12,5% para 29,4%.
Para os próximos meses, 23,3% dos industriais antecipam melhora nos negócios (antes, 38,1%) e para 27,7%, as coisas vão piorar (antes, 11,0%): aqui também, o pior resultado neste quesito desde dezembro de 1998. Até outubro, segundo o Indicador Ipea de Produção Industrial , a produção industrial crescia, com avanço de 3,3% sobre um ano antes em todos os setores - exceto o de autoveículos que, depois de 19 meses seguidos de alta, apresentou variação negativa sobre o resultado de outubro 2007.
Mais afetadas por certa saturação da demanda e pelos primeiros efeitos da crise internacional na oferta de crédito, as montadoras diferem da "indústria que, em geral, mantém bom desempenho. Na comparação com janeiro-outubro de 2007, a expansão da produção foi de 6,4%, este ano", diz o estudo, que, entretanto, aponta desaceleração mais significativa no terceiro trimestre.
"Durante o mês de outubro, alguns setores ligados à exportação sofreram com a diminuição das linhas de financiamento externo. Somado a isso, a queda na demanda mundial e nos preços das commoditties começam a afetar negativamente as quantidades exportadas", diz o estudo, segundo nota do IPEA.
Entretanto, continua, "com a série de medidas adotadas pelo governo para restabelecer a confiança no mercado financeiro, a fim de normalizar as concessões de crédito, espera-se que a retração na produção industrial não se intensifique e suavize, com isso, um possível impacto negativo na demanda".
O economista
Saiu também o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE), novo indicador da Fecomercio, em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil: em novembro, 78,6 pontos; em outubro estava em 86,5 pontos - e pela quarta vez seguida, o indicador baixa, revelando aumento do pessimismo dos economistas ante a atual conjuntura econômica mundial.
O índice varia de 0 a 200, indicando pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima desse patamar; mensalmente é ouvida uma centena dentre os mais conceituados economistas brasileiros.
Anotaram os economistas: acelera-se o ritmo de deterioração (de 82,2 para 60,4 pontos em novembro, queda de 26,5%), comprometendo o nível de atividade interna, mas já há alguma expectativa mais positiva para os próximos 12 meses, com este item passando de 90,8 para 96,8 pontos, alta de 6,7%).
Analistas da Fecomércio comentam que o otimismo para os próximos meses dependerá da intensidade dos reflexos das variáveis macroeconômicas sobre a economia brasileira. O primeiro ponto está relacionado ao impacto que o curso dos juros e do câmbio venha a ter sobre o estado geral das expectativas, mais especificamente do acesso ao crédito, bem como o comportamento da taxa de inflação.
O consumidor
Outra pesquisa, divulgada esta pela Latin Panel, especializada em análises de hábitos de consumo, revela que no terceiro trimestre deste ano, os brasileiros consumiram 2% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
A classe AB teria sido a grande responsável pela expansão registrada no período, contribuindo com um aumento de 5% no volume consumido. As classes DE também apresentaram crescimento de consumo, de 2%, enquanto que a classe C se manteve estagnada.
Em relação ao segundo trimestre deste ano, os meses de julho, agosto e setembro também evoluíram, o que, segundo a pesquisa, reflete uma importante recuperação, já que três meses antes o nível de consumo havia recuado 5%, em função da alta nos preços.
E a Fecomércio conclui, com outro levantamento: 22% dos paulistanos vão usar seu 13º em compras (no ano passado, 25%); mais de 40% preferem poupar ou vão ter de pagar dívidas acumuladas no ano.
(28/11/2008)
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