Banco Nossa Caixa S/A: Liberdade ainda que tardia

Banco do Brasil fecha compra da Nossa Caixa por R$ 5,4 bilhões

O Banco do Brasil fechou nesta quinta-feira a compra da Nossa Caixa, banco estadual de São Paulo. A negociação foi concluída por R$ 5,386 bilhões e é o primeiro passo do BB no sentido de retomar a liderança de mercado perdida após a fusão entre o Unibanco e o Itaú.

O pagamento será realizado em espécie dividido em 18 parcelas de R$ 299,250 milhões a partir de março de 2009, corrigidas pela taxa Selic até o pagamento das respectivas parcelas. Pelo acordo, cada ação foi avaliada em R$ 70,63.


O Banco do Brasil negocia ainda a compra do BRB (Banco Regional de Brasília) e de metade do banco Votorantim, de propriedade da família Ermírio de Moraes. Caso concretize esses negócios, poderá voltar a ser a maior instituição financeira do país. a instituição aprovou a compra do Banco do Piauí.

Na última terça-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo quer que o Banco do Brasil volte a ser o maior banco do país, posto que ele perdeu com a fusão do Itaú com o Unibanco.

"O Banco do Brasil era o principal banco do Brasil e com a fusão do Itaú e do Unibanco passou a ser o segundo. Nós queremos que o Banco do Brasil seja muito maior do que qualquer outro banco no Brasil", disse Lula na terça-feira.

Na semana passada, durante a divulgação dos resultados do BB, o presidente da instituição, Lima Neto afirmou que o banco tem interesse em crescer no mercado de São Paulo -- maior do país e onde o BB ocupa a 4ª colocação em número de agências-- e além da expansão orgânica (por meio dos próprios negócios) no país.

Ele antecipou isso só ser possível com aquisições e que tal posição já existia antes mesmo do início da crise financeira e da fusão Itaú-Unibanco.

Unibanco e Itaú anunciaram no começo do mês a fusão de suas operações financeiras, o que formará o maior banco do país e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul. A união é resultado de 15 meses de negociação.

Segundo as duas instituições, o total de ativos combinado é de mais de R$ 575 bilhões -

contra R$ 403,5 bilhões do Banco do Brasil, e R$ 348,4 bilhões do Bradesco, de acordo com dados de junho do Banco Central.

A compra da Nossa Caixa pelo BB também frustra os planos do Bradesco, que também se moveu em direção ao banco estadual, vista como uma das poucas possibilidade de ampliar sua presença no mercado. Com a fusão entre Itaú e Unibanco, o Bradesco deixou de ser a maior instituição financeira privada do país.

A possibilidade de compra de bancos estaduais, sem licitação, foi possível por meio de um medida provisória, que permite ao BB e à Caixa Econômica Federal adquirem outras instituições financeiras.

Balanço
O Banco do Brasil encerrou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 1,867 bilhão, um crescimento de 36,9% sobre o mesmo período de 2007. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o crescimento foi de 13,6%.

Nos nove primeiros meses deste ano, o lucro líquido do banco foi de R$ 5,9 bilhões, 52,5% de crescimento em relação ao observado no mesmo período de 2007. Os ativos totais do BB cresceram 10,2% no trimestre, e 26,5% em 12 meses, alcançando R$ 444,7 bilhões.

Já a Nossa Caixa teve lucro líquido de R$ 69,8 milhões no terceiro trimestre, ante prejuízo líquido de R$ 67,9 milhões no mesmo período do ano passado. Nos acumulado do ano, o lucro somou R$ 596 milhões, alta de 87,5% sobre os nove primeiros meses de 2007. Os ativos totais da Nossa Caixa, segundo o balanço do terceiro trimestre, totalizaram R$ 53,43 bilhões.

Comentário: Uma ótima notícia para São Paulo, para o mercado, para os clientes, para os funcionários e para o Brasil

FATO RELEVANTE

Em conformidade com o § 4º do artigo 157 da Lei nº 6.404, de 15 dezembro de 1976, e o disposto na Instrução CVM nº 358, de 3 de janeiro de 2002, o Banco Nossa Caixa S.A. (“Companhia”) vem tornar público que o Estado de São Paulo, acionista controlador da Companhia, enviou nesta data a seguinte notificação à Companhia:

"1. O Estado de São Paulo, na qualidade de acionista controlador do Banco Nossa Caixa S.A. (“Companhia”), vem comunicar a Vossa Senhoria que nesta data foi celebrado memorando de entendimentos (“Memorando de Entendimentos”) entre o Estado de São Paulo e o Banco do Brasil S.A., companhia aberta, com sede na SBS Q-4 BLOCO C LOTE 32 - ED. SEDE III, na Cidade de Brasília, DF, inscrito no CNPJ/MF sob o n.º 00.000.000/0001-91 (“Banco do Brasil”), pelo qual o Estado de São Paulo e o Banco do Brasil (“Partes”) chegaram a um acordo para a alienação do controle acionário da Companhia do primeiro para o segundo (“Alienação do Controle”), para subseqüente incorporação.

2. Uma vez implementada a condição precedente estabelecida no Memorando de Entendimentos, as Partes se obrigaram a celebrar contrato de compra e venda (“Contrato de Compra e Venda”) das 76.262.912 ações de emissão da Companhia de titularidade do Estado de São Paulo, pelo preço total de R$ 5.386,5 milhões (cinco bilhões, trezentos e oitenta e seis milhões e quinhentos mil reais), resultando no valor de R$ 70,63 (setenta reais e sessenta e três centavos) por ação, em 18 (dezoito) parcelas mensais, iguais e sucessivas, vencendo-se a primeira em 10 de março de 2009, sendo as parcelas corrigidas pela taxa SELIC desde a data de assinatura do Memorando de Entendimentos, até o respectivo pagamento.

3. O valor da operação foi calculado com base em avaliação econômico-financeira elaborada por consultores contratados pelo Estado, a qual levou em consideração, entre outras metodologias, as perspectivas de rentabilidade futura e o fluxo de caixa descontado da Nossa Caixa.

4. O Memorando de Entendimentos estabelece que o Contrato de Compra e Venda será celebrado sob duas condições suspensivas, a saber:

(i) a aprovação da Alienação do Controle pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, e (ii) a aprovação prévia ou ratificação da aquisição do controle da Companhia por assembléia dos acionistas do Banco do Brasil.

5. A conclusão da operação está sujeita ainda a:

(i) a aprovação da operação pelo Banco Central do Brasil e

(ii) realização pelo Banco do Brasil de oferta pública para aquisição das ações com direito a voto de propriedade dos demais acionistas da Companhia, assegurando-lhes o mesmo preço por ação pago ao Estado de São Paulo.

6. Considerando a natureza jurídica de economia mista de ambas as companhias envolvidas, e para a preservação adequada do interesse público, o Memorando de Entendimentos prevê a posterior incorporação societária da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, com a manutenção da prestação de serviços para o Estado de São Paulo.

7. A operação, na forma em que contratada, preserva ainda os interesses do público relacionado às empresas, incluindo empregados, correntistas, acionistas e outros parceiros.

8. Finalmente, o Memorando de Entendimentos ficará sem efeitos caso a aprovação legislativa de que trata o item 4 (i) acima não seja obtida até o dia 10 de março de 2009, salvo no caso das partes resolverem pela prorrogação de tal prazo de comum acordo.”

São Paulo, 20 de novembro de 2008.
Jorge Luiz Avila da SilvaDiretor de Finanças e de Relações com Investidores


O Banco Nossa Caixa agradece e dá as boas vindas ao seu novo controlador.

Parabéns a Lula e ao Banco do Brasil

Estão de parabéns o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a direção do BB pela aquisição da Nossa Caixa.

Lula não deu ouvidos ao PT, que teme o fortalecimento de Serra para 2010. Serra não deu ouvidos aos porta-vozes dos banqueiros, que desejavam um leilão de venda amplo, com a participação dos bancos privados.

Que coisa feia! O PT de mãos dadas com os banqueiros contra o fortalecimento do Banco do Brasil!

A absorção da Nossa Caixa é estratégica para que o Banco do Brasil possa competir nestes tempos de consolidação, que é o outro nome da oligopolização do mercado bancário.

A operação permite ao governo de São Paulo obter recursos para investimentos, sempre importantes mas agora vitais, por causa da crise. E o dinheiro foi conseguido sem privatizar.

Serra aplicou em si próprio uma vacina contra prováveis ataques daqui a dois anos (se ele for candidato). Como é que vão acusá-lo de "privatizante"? Daí a razão por que o PT está incomodado. Não é só por causa do dinheiro adicional nos cofres paulistas.

O Brasil precisa, hoje mais do que antes, de bancos estatais que estejam preparados e dispostos a emprestar dinheiro para fazer a economia andar. Até porque no Brasil é mesmo uma moleza.

Banco pode sobreviver muito bem sem emprestar, como estamos vendo. Basta cobrar caprichadamente nas tarifas e investir em títulos públicos parte do compulsório gentilmente doado pelo Banco Central.

Funcionários da Nossa Caixa não serão demitidos, diz BB

O Banco do Brasil informou que foi mal interpretado ontem sobre o fechamento de 30 agências da Nossa Caixa no Estado de São Paulo. Em uma reunião com representantes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, o presidente do BB, Antônio Lima Neto, afirmou que não haverá demissões de funcionários da Nossa Caixa e que, durante o processo de integração da instituição paulista, serão avaliadas as possibilidades de manutenção das atuais agências ou remanejamento para outras localidades.

"Em princípio, não pensamos em fechar as agências e não se fala em demissão, até porque o banco tem planos de se expandir", informou a assessoria do BB.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino, o presidente do BB assumiu compromisso de manutenção dos empregos, mas a entidade vai buscar garantir isso por escrito durante o processo de negociação para a aprovação do projeto de venda da Nossa Caixa na Assembléia Legislativa em São Paulo.

"O presidente se comprometeu em preservar os empregos, os direitos e trabalhar em um processo de incorporação tranqüilo", disse Marcolino.

A Nossa Caixa possui 14.708 funcionários e o Banco do Brasil, 84.258.

No entanto, salta aos olhos o enorme desequilíbrio na distribuição dos funcionários da Nossa Caixa quando comparados os que, efetivamente, trabalham nas unidades de negócios e os que se mantêm nos departamentos e regionais de negócios.

O Banco Nossa Caixa encerrou o 3T08 com 14.318 funcionários, dos quais 10.559 operacionais e 3.759 administrativos. Ou seja, os custos administrativos no banco superam qualquer linha de racionalidade, esses 26,25% de apadrinhados esbanjam incopetência e arrogância no relacionamento com os 74% restantes que, bravamente, revertem positivamente os Demonstrativos de Resultados Gerenciais, que são absorvidos e negativados pelas despesas departamentais.

A nova direção do Banco do Brasil terá que se atentar para essas distorções que há décadas permanecem intocáveis no âmbito da administração do banco paulista.

Neste trimestre, houve 811 desligamentos e 421 contratações resultando em uma redução de 390 pessoas no quadro de funcionários do Banco em relação ao final do segundo trimestre de 2008.

Ressalte-se outro equívoco denominado "Cadastramento de Rede" promovido por sua direção em que ocorreu um esquema de promoções à revelia de perfis, conhecimentos e experiência profissionais, no qual foram "premiados" alguns poucos funcionários alinhados com a mediocridade que sempre caracterizou a administração atual e que, até o momento, não souberam esclarecer quais os critérios que originaram tamanha discórdia entre a expressiva maioria dos empregados, e a mais completa omissão do COREP, Conselho de representante de funcionários presidido pela esposa do dep. David Zaia (PPS/SP).

A falta de ética e profissionalismo das Diretorias de Redes de Distribuição (Daniele Luneta) e de Recursos Humanos (Marly Juskevicius) verificada num flagrante processo de estrangulamento das capacidades deságuou numa enxurrada de denúncias, e posterior intervenção do Sindicato dos Bancários junto às áreas responsáveis pelo tal "Cadastramento de Rede" como foi divulgado no site SPBancários:

Concurso interno revolta bancários da Nossa Caixa
Funcionários questionam o método utilizado pela empresa para avaliar promoções

São Paulo - O Sindicato está recebendo queixas dos bancários sobre o processo seletivo interno, denominado Cadastramento de Rede 2008, colocado em prática de forma unilateral pela Nossa Caixa para promoção no Plano de Cargos e Salários (PCS).

Os funcionários apontam falhas em todo o processo, como inscrições não efetivadas, informações sobre datas e locais de provas desencontradas e gerentes que participaram de banca avaliadora e que deram treinamento direcionado a seus subordinados. Além disso, as entrevistas com psicólogos eram acompanhadas pelos gestores, causando constrangimento entre os funcionários.

Sempre defendemos a realização de concursos internos para acabar com favorecimentos. A Nossa Caixa fez um processo repleto de falhas e provocou a revolta de muitas pessoas que esperaram anos para serem promovidas e se sentiram prejudicadas”, destaca o diretor do Sindicato Paulo Rangel.

O dirigente lembra que o Sindicato havia reivindicado ao presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz de Melo Santos, que a seleção não fosse realizada, justamente por conter problemas. Mesmo assim, Milton manteve o processo.

Há denúncia de que houve, inclusive, vazamento de informações para que alguns funcionários fossem aprovados. Foi criada uma situação onde todos desconfiam de todos, piorando ainda mais o clima entre os bancários que já estavam apreensivos com as negociações do processo de incorporação da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil”, acrescenta Rangel, afirmando que o Sindicato voltará a procurar o banco para cobrar solução dos problemas.

Jair Rosa (SPBancários) - 03/09/2008

Sindicato questiona manobra da Diretoria de Rede da Nossa Caixa
Trabalhadores não devem participar de reunião convocada durante a greve

Se não vai para a agência nem para a concentração por estar em greve, também não vai para nenhuma reunião convocada pelo banco. Essa é a resposta que o Sindicato deu para a Diretoria de Rede (DRD) do Banco Nossa Caixa que tem convocado os trabalhadores para participar de reuniões em plena greve da categoria.

"A intenção de Daniele Luneta, responsável pela DRD, é desmobilizar os bancários. Por isso a nossa resposta tem de ser contundente: ninguém deve ir para essas reuniões. Se tiver qualquer tipo de pressão, os bancários devem denunciar ao Sindicato", diz a diretora do Sindicato Raquel Kacelnikas.

A dirigente afirma ainda que não existe qualquer orientação da direção do banco para inibir a participação dos bancários na greve. "Em vez de tentar desmobilizar os bancários, o Daniele tem de despertar para a realidade e verificar os motivos que tem levado o funcionalismo da Nossa Caixa e desencadear uma das mais fortes greves da sua história e em todo o estado. A questão que está colocada não é apenas a salarial, mas contra o assédio moral, a falta de funcionários, o desrespeito descabido contra os trabalhadores. Toda essa revolta represada está sendo colocada para fora", acrescenta Raquel.

Jair Rosa (SPBancários) - 14/10/2008


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