Basiléia III, o retorno

Possíveis aspectos da nova ordem financeira mundial
De FRANKFURT (Reuters) - Líderes globais cogitam criar uma nova ordem financeira mundial em consequência da crise financeira que ameaça lançar a economia global na recessão.
Dirigentes da União Européia se encontrarão na sexta-feira em Bruxelas, e os presidentes de Bancos Centrais e ministros de Finanças do G20 (bloco de países industrializados e emergentes) se reúnem em São Paulo, no fim de semana, como preparação para a cúpula do G20 no dia 15 em Washington.
O objetivo dessas reuniões é definir possíveis mudanças na arquitetura financeira global estabelecida na conferência de Bretton Woods, em 1944, quando foram criados o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, e estabeleceu os fundamentos para o dólar se tornar a moeda-padrão do mundo.
A cúpula de Washington será a primeira de uma série de reuniões destinadas a aplicar as lições aprendidas com a atual crise, a pior no planeta desde a Grande Depressão, na década de 1930.A seguir, algumas possíveis características do novo sistema financeiro.
Regras mais rígidas:
- Ministros europeus defendem princípios para reformular de alto a baixo o mercado mundial de capitais e como bancos e agências de rating de crédito são administradas.
- A UE diz que "colegiados supervisores" deveriam ser rapidamente estabelecidos para todas as empresas transnacionais importantes;
- mecanismos de controle de risco em instituições financeiras deveriam ser melhorados;
- um código de conduta deveria ser adotado contra riscos excessivos;
- e deveria haver mais prudência e responsabilidade na administração.
"Temos em mente que não devemos super-regular, nos exceder, mas claramente também queremos garantir que não deixemos brechas ou buracos negros nos regulamentos em que produtos, agentes ou territórios sejam deixados sem regulamentação", disse a ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde.
Rebaixamento do dólar
- O dólar é a base das finanças mundiais desde 1944, quando a conferência de Bretton Woods decidiu por um sistema cambial vinculado, em que o dólar seria a divisa de reserva efetiva.
- Embora isso tenha acabado em 1971, quando o dólar deixou de ser conversível em ouro e deu lugar ao atual modelo de livre flutuação das moedas, o dólar continuou sendo a moeda internacionalmente preferida, embora o euro já venha num segundo lugar muito próximo.
- Países com a Itália querem muito ampliar essa base.
"Hoje o dólar é a moeda de Bretton Woods, mas agora poderia haver outras combinações. O debate sobre o câmbio está sendo reaberto", disse o ministro da Economia da Itália, Giulio Tremonti, em 15 de outubro.
Instituições mais fortes
- O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, diz que o principal papel de supervisão deveria ser confiado ao FMI e ao Fórum de Estabilidade Financeira (FSF), que não têm autoridade para punir. Ele sugeriu que Arábia Saudita, China e outros países relativamente ricos ajudem a angariar as centenas de bilhões de dólares necessários para reforçar os recursos do FMI.
- A Europa defende uma ampliação do FSF, entidade formada por agências reguladoras, bancos centrais e autoridades financeiras do G7 (países industrializados) e outras grandes economias, assim como as instituições financeiras internacionais e os agrupamentos supervisores.
O fórum é dirigido pelo presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi.
Verbas públicas
- As autoridades tentam atenuar o impacto da desaceleração econômica com apoio aos bancos, crédito mais barato e medidas de estímulo, que até agora já somaram US$ 4 trilhões e devem gerar déficits públicos no mundo todo.
- O governo alemão definiu na quarta-feira um pacote de medidas para injetar 50 bilhões de euros (US$ 64,2 bilhões) na sua economia, a maior da Europa, e para preservar cerca de 1 milhão de empregos. No mês passado, já havia aprovado um pacote de resgate bancário de meio trilhão de euros.
- O economista James Nixon, do Société Générale, disse que as autoridades monetárias estão adotando modelos mais antigos, como o estímulo fiscal direto, para ajudar a combater a crise.
"Voltamos a um ambiente onde é preciso buscar soluções mais keynesianas, que estão fora de moda há 30, 40 anos" disse ele.
O keynesianismo (relativo ao economista britânico John Maynard Keynes) é uma teoria econômica que prega um papel ativo do governo na economia, realizando gastos públicos para promover o crescimento.
Emergentes influentes

- O Banco Mundial e o FMI são dominados pelos membros do G8
- EUA, Japão, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Itália, Canadá e Rússia
-, embora países como a China atualmente tenham uma economia maior do que vários deles.
- Partidários de uma reforma dizem ser essencial que os países em desenvolvimento assumam um papel mais amplo no sistema financeiro global, inclusive no FMI.
- O Banco Mundial propõe a expansão do G8 para incluir economias em acelerada expansão como China, Índia, Brasil, México, Arábia Saudita e África do Sul. Dessa forma, o bloco representaria 62% do PIB global.
- "Em qualquer nova arquitetura que surgir da reunião de Washington, precisamos ter representantes adequados, inclusive países emergentes por um lado e, é claro, a Europa do outro," disse o comissário (ministro) europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín Almunia.
- Os países árabes do Golfo também reivindicam maior participação na definição das políticas econômicas globais, e a UE defende que grandes economias emergentes, como Índia e China, tenham mais presença no FMI e no G8.
Investidor deve manter a calma, dizem especialistas
A queda acentuada na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) assustou muitos investidores de primeira viagem, que perderam dinheiro com a reação do mercado internacional ao pedido de concordata do tradicional banco norte-americano Lehman Broters.
Nos últimos anos, o mercado viveu um 'céu de brigadeiro', que deu a ilusão aos investidores de que o mercado financeiro é tranquilo”, avalia o professor do Laboratório de Finanças (Labfin) da Fundação Instituto de Administração (FIA), Leonel Pereira.
Segundo o professor, quem tem investimentos no mercado financeiro não deve vender as ações nesse momento por causa da queda dos preços. “Não é hora de tirar o dinheiro da bolsa, para quem pretende ficar nesse tipo de investimento por mais tempo”, acredita.
O professor do curso de administração e finanças da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) Keyler Carvalho Rocha concorda. “O melhor é não fazer nada, ficar hibernando até melhorar”, recomenda.
Quem comprou ações em época de alta já realizou prejuízos, mas pode se recuperar porque o valor real (no jargão econômico, o preço justo) das empresas é maior do que as suas ações apontam hoje”, argumenta.

Rocha argumenta que as empresas brasileiras vêm tendo um bom desempenho e, portanto, suas ações não devem se manter em queda acentuada por um período muito longo.
Ele alerta, porém, que ainda não é possível saber como a crise internacional vai afetar o mercado brasileiro. “Comprar ações agora pode ser um sucesso, porque elas podem se valorizar num curto período, mas também pode ser um grande risco”, avalia.

Pereira, do Labfin, acredita que a perspectiva para este semestre é negativa. “Dois fatores podem levar a Bovespa a cair nos próximos meses: a queda no preço das commodities [matérias primas] e a instabilidade no mercado financeiro norte-americano”, explica.
Por isso, ele acredita que ainda não é um bom momento para comprar ações. “O ideal é esperar a volatilidade do mercado se reduzir e esperar as ações caírem ainda mais antes de investir”, recomenda.

Já Rocha, da FEA, acredita que o momento é propício para quem quiser investir uma parte do dinheiro que possui hoje em outro tipo de aplicação. “Nós não temos bola de cristal, então não há como prever se a bolsa ainda vai cair mais ou se vai se recuperar. Mas uma coisa é certa, as ações das grandes empresas brasileiras, como Petrobras, Vale e Gerdau, estão a preço de pechincha. As empresas valem mais que isso”, afirma.

Os dois professores concordam que não é o momento para colocar no mercado financeiro todo o dinheiro que o investidor tiver à disposição. “O melhor é deixar pelo menos uma parte em aplicações de renda fixa, como CDB ou títulos públicos”, recomenda Pereira, do Labfin.

Segundo ele, o momento de turbulência que os mercados vivem hoje é um bom teste para que o investidor avalie se tem perfil para aplicar na bolsa ou se deve preferir outro tipo de investimento menos instável. “Se esta queda assustou tanto, talvez seja a hora de 'colocar a viola no saco', realizar o prejuízo e investir em outra aplicação, porque o mercado de ações é assim”, diz.
Coment: Os professores seguem à risca a chamada lógica linear obtusa. George Sorus não daria esses mesmos conselhos, certamente.
Enquanto isso...
A ata do COPOM (Comitê de Política Monetária) – divulgada agora de manhã – continua se espelhando em equívocos passados para tentar projetar o futuro.

É curioso como parte relevante do mainstream econômico continua a se valer desse método em momentos de profunda inflexão econômica.

Valeria a pena ler mais George Sorus?
Segundo Nassif, "o homem que conseguiu, a partir do conhecimento do mercado, da formação de preço e da formação de expectativas, melhor explicar essa falsa racionalidade da ortodoxia econômica". Vale ressaltar que se trata de teses de um mega-investidor (especulador), e não de práxis governamentais, das quais resultam consequências em larga escala seja no mercado, seja na economia real.

Mas, Sorus divide a realidade em duas partes:
- A primeira, a chamada análise científica, supostamente neutra, que tenta explicar a realidade com bases em conceitos supostamente científicos.
- A segunda, que ele chama de manipulativa, que é o conjunto de agentes com interesses específicos, tentando adaptar a realidade aos seus objetivos.

A primeira seria o que os economistas chamam de “fundamentos” da economia; a segunda, o que caracterizariam como “expectativas”.

Nesses tempos de economicismo desvariado, considera-se que o mercado sempre se comportaria de forma racional. Um ou outro agente poderia errar mas, estando um ponto fora da curva, trataria de se adequar no momento seguinte.

Sorus rebate a idéia da racionalidade. Esses dois pontos:
– a interpretação racional e a manipulativa da realidade
– são rua de mão dupla.

Suponha que os agentes tenham uma percepção incorreta dos fundamentos da realidade e apostem que, a médio prazo, virá uma recessão. Mesmo que os fundamentos apontem em outra direção, esse movimento defensivo fará os empresários segurarem gastos e investimentos e alterará a realidade.

Como é impossível estabelecer correlações precisas entre esses dois universos – o da realidade e o manipulativo – os cabeções continuam no velho modelito de pegar o passado e projetar para frente.

É evidente que outubro significou uma profunda mudança nas expectativas empresariais no mundo todo e, em menos dimensão, mas ainda significativamente, no Brasil.
No entanto, a ata do COPOM continua analisando a progressão do NUCI (Nível de Utilização da Capacidade Instalada), dados de emprego para insistir na história do PIB potencial (o limite de crescimento para a economia sem gerar inflação).

Como o Brasil tem uma tendência histórica a comprar badulaques de segunda mão, vai dar um trabalho danado promover esse aggiornamento no pensamento econômico hegemônico brasileiro.
Coment: Em economia, toda projeção de cenário futuro é no fundo uma torcida.
Segundo a France Presse, BRUXELAS, 7 Nov 2008 (AFP) - A União Européia (UE) acertou nesta sexta-feira, em Bruxelas, uma posição comum sobre uma reforma do sistema financeiro mundial para a reunião de cúpula do próximo dia 15, em Washington, anunciou Nicolas Sarkozy, presidente francês e presidente do bloco.

"Chegamos a uma posição comum bastante detalhada antes da cúpula de Washington", afirmou Sarkozy ao fim de um encontro de líderes da UE, em Bruxelas.

"Estamos todos de acordo coma necessidade absoluta de uma coordenação das políticas econômicas na Europa", acrescentou.

Além disso, a UE deseja que uma segunda cúpula do G20 seja realizada cem dias depois da de 15 de novembro, ou seja, no final de fevereiro de 2009.

Sarkozy informou ainda a seus sócios europeus sua decisão de oferecer à Espanha um dos lugares da França para participara na cúpula do G20 e também defenderá a participação da Holanda nesse encontro.
Da EFE, Washington, 7 nov - A Câmara de Representantes dos Estados Unidos quer aprovar o mais rápido possível um segundo plano de estímulo econômico para combater a crise que constará de duas fases, sendo a primeira delas uma injeção de entre US$ 60 bilhões e US$ 100 bilhões.

Em entrevista ao "Wall Street Journal", a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, antecipou os principais pontos de ação deste plano, que os democratas preparam há muito tempo e o qual recebeu um grande impulso para que seja ratificado este mês.

O plano prevê uma injeção imediata de até US$100 bilhões na economia americana, seguida de uma segunda fase que inclui uma "redução permanente" dos impostos, o que ocorrerá a partir do começo do ano, já com o presidente eleito Barack Obama na Casa Branca.

O futuro líder americano disse ser favorável a um segundo pacote de estímulo econômico durante a campanha eleitoral, assim como a um corte nos impostos para a classe média.

A urgência com a qual Pelosi quer atuar para levar à frente o plano de estímulo ocorre em um momento delicado vivido pela economia americana e mundial em geral.

Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou terá uma contração de 0,7% no próximo ano, após revisar em oito décimos seu cálculo anterior.

Também baixou em oito décimos sua previsão de crescimento mundial, até 2,2%, devido à desaceleração da economia no último mês, e previu a primeira contração anual dos países avançados desde a Segunda Guerra Mundial.

Já Pelosi revelou boa parte do plano de resgate no mesmo dia em que foi divulgado que os Estados Unidos perderam 240 mil postos de trabalho em outubro e que o índice de desemprego subiu quatro décimos, até 6,5% da força de trabalho, o mais alto em 14 anos.

Desde que Obama foi eleito o próximo presidente dos EUA e os democratas arrasaram nas eleições para o Congresso, o Dow Jones Industrial, índice mais importante de Wall Street, caiu mais de 900 pontos.

"A economia precisa de algo (uma ação) o mais rápido possível", disse Pelosi, que terá ainda que negociar com o novo líder dos EUA os detalhes do plano, principalmente no que diz respeito à segunda fase.

Ela prefere um corte dos impostos, e não uma devolução, já que acredita que a primeira opção surte um efeito mais rápido na economia.

Obama se reunirá hoje com seus assessores econômicos para falar sobre a crise financeira.
Da reunião participarão os ex-secretários do Tesouro Robert Rubin e Lawrence Summers, o ex-presidente do Federal Reserve Paul Volcker e o presidente do Google, Eric Schmidt, entre outros.

Detalhe, o multimilionário investidor Warren Buffett participará via conferência telefônica

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