O eleitor de Serra/Kassab tem o transporte que merece
A agência Estado, em 11/11/08, fez a seguinte manchete: Nossa Caixa libera R$ 4 bi para bancos de montadoras
O governador de São Paulo, José Serra, anunciou hoje, ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o banco estadual Nossa Caixa vai liberar R$ 4 bilhões para cerca de 15 financeiras de montadoras, a fim de que os recursos sejam destinados à compra financiada de veículos pelos consumidores.
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o crédito é essencial para o setor automotivo, dado que 70% das vendas aos clientes são realizadas a prazo. "Esses recursos são essenciais para a retomada das vendas desse segmento importante da economia e poderão ser concedidos às financeiras imediatamente", afirmou Serra, em solenidade no Palácio dos Bandeirantes.
Hoje, 17/11/08, a manchete é esta:
Mercado de veículos tem calote recorde
Dívidas com atraso de mais de 90 dias somam R$ 4,6 bi, segundo o BC
Segundo a AE, após recordes seguidos de produção e venda nos últimos meses, o setor automotivo bate mais uma marca. Só que, desta vez, a notícia não é boa e pode ser considerada um dos primeiros e mais dramáticos exemplos do efeito da crise econômica na vida das pessoas.
Em setembro, a inadimplência nos financiamentos para a compra de veículos atingiu o maior patamar da série histórica: 3,83% dos empréstimos apresentavam atraso superior a 90 dias. Isso quer dizer que a dívida pendente dos brasileiros soma R$ 4,6 bilhões.
Esse valor que os bancos têm a receber já é superior à ajuda dada recentemente pelo governo federal ao setor, de R$ 4 bilhões.
Nas concessionárias e financeiras, o clima é de muita preocupação com a crise que parecia tão distante meses atrás. A sensação é que a roda do setor - que só andava para frente e em alta velocidade - desacelerou o ritmo e começa a dar sinais de que pode começar a dar ré.
Números do Banco Central comprovam o clima de fim de festa.
A inadimplência cresce sem parar desde janeiro e, se forem somados os atrasos mais curtos - superiores a 15 dias, a dívida pendente salta para R$ 13,4 bilhões, ou 11,23% de todos os financiamentos para compra de veículos. Além disso, os novos financiamentos estão rareando.
Em setembro, os bancos concederam, na média diária, R$ 207 milhões em crédito para a compra de carros. O valor é muito menor que o recorde recente, visto em dezembro de 2007, quando os empréstimos somavam R$ 308 milhões por dia.
Motivos para essa ressaca parecem não faltar: clientes com endividamento acima do razoável, consumidores que não previam gastos gerados pelo carro e a piora do mercado de crédito explicam a dificuldade em se manter o carnê em dia.
"Com a situação mais difícil, o consumidor prefere deixar de pagar uma parcela alta e que não seja tão prioritária. Nesse caso, o carro se encaixa perfeitamente: as parcelas somam algumas centenas de reais e, no limite, a pessoa pode devolver o bem e usar o transporte público", diz o professor do Ibmec-SP, Ricardo José de Almeida.
Para o especialista em finanças pessoais, é provável que a crise tenha atingido inicialmente o consumidor de menor renda - das classes C e D - que, muitas vezes, comprou seu primeiro carro nos últimos meses.
Era exatamente esse cliente que era disputadíssimo por montadoras e bancos até o começo do ano.
Nas concessionárias, além de balões coloridos e clima de festa, os consumidores sentiam-se atraídos por condições inéditas de financiamento. Houve parcelamento em até 100 meses. Com prazos elásticos, os pagamentos mensais diminuíram e muitos tiveram coragem de entrar, pela primeira vez, em uma concessionária para fechar negócio.
"Esse cliente entrou no empréstimo porque a parcela cabia no bolso, mas ele passou a comprometer praticamente todo o orçamento. Numa situação desfavorável, como a atual, as despesas podem crescer, o salário continua o mesmo e surge a inadimplência", explica Ricardo Almeida.
Para muitos desses novos motoristas, gastos corriqueiros gerados por um veículo - como um conserto eventual, seguro ou o IPVA - não estavam previstos e passaram a extrapolar o orçamento. Para quem estava nessas situações meses atrás, era possível pedir socorro aos bancos com o crédito pessoal ou o consignado. Mas a crise tornou bancos mais criteriosos na liberação desses recursos e o juro, mais alto.
"Há muitos casos de pessoas que estão usando o cheque especial para completar o salário ou famílias que pagam dívidas com novas dívidas. Isso é uma bola de neve que acaba virando inadimplência em algum momento", diz o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.Rodrigo Del Claro, diretor da Crivo, consultoria de análise de crédito que presta serviço à maioria do setor de financiamento automotivo, diz que os números do BC só não são piores porque parte das instituições continua, a despeito da crise, aumentando suas operações nas classes C e D, o que tem mantido o crescimento do crédito no setor.
"Algumas financeiras, que estão mais dispostas a tomar mais risco, continuam crescendo principalmente nesse segmento."
Coment.: Pra variar, mau direcionamento do dinheiro público. Enquanto o transporte público agoniza e a população sofre com o descaso tanto do governador como do prefeito em relação à precariedade de linhas de ônibus e metrô.
Quer saber: Cada eleitor de Serra/kassab tem aquilo que merece.
O governador de São Paulo, José Serra, anunciou hoje, ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o banco estadual Nossa Caixa vai liberar R$ 4 bilhões para cerca de 15 financeiras de montadoras, a fim de que os recursos sejam destinados à compra financiada de veículos pelos consumidores.
De acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, o crédito é essencial para o setor automotivo, dado que 70% das vendas aos clientes são realizadas a prazo. "Esses recursos são essenciais para a retomada das vendas desse segmento importante da economia e poderão ser concedidos às financeiras imediatamente", afirmou Serra, em solenidade no Palácio dos Bandeirantes.
Hoje, 17/11/08, a manchete é esta:
Mercado de veículos tem calote recorde
Dívidas com atraso de mais de 90 dias somam R$ 4,6 bi, segundo o BC
Segundo a AE, após recordes seguidos de produção e venda nos últimos meses, o setor automotivo bate mais uma marca. Só que, desta vez, a notícia não é boa e pode ser considerada um dos primeiros e mais dramáticos exemplos do efeito da crise econômica na vida das pessoas.
Em setembro, a inadimplência nos financiamentos para a compra de veículos atingiu o maior patamar da série histórica: 3,83% dos empréstimos apresentavam atraso superior a 90 dias. Isso quer dizer que a dívida pendente dos brasileiros soma R$ 4,6 bilhões.
Esse valor que os bancos têm a receber já é superior à ajuda dada recentemente pelo governo federal ao setor, de R$ 4 bilhões.
Nas concessionárias e financeiras, o clima é de muita preocupação com a crise que parecia tão distante meses atrás. A sensação é que a roda do setor - que só andava para frente e em alta velocidade - desacelerou o ritmo e começa a dar sinais de que pode começar a dar ré.
Números do Banco Central comprovam o clima de fim de festa.
A inadimplência cresce sem parar desde janeiro e, se forem somados os atrasos mais curtos - superiores a 15 dias, a dívida pendente salta para R$ 13,4 bilhões, ou 11,23% de todos os financiamentos para compra de veículos. Além disso, os novos financiamentos estão rareando.
Em setembro, os bancos concederam, na média diária, R$ 207 milhões em crédito para a compra de carros. O valor é muito menor que o recorde recente, visto em dezembro de 2007, quando os empréstimos somavam R$ 308 milhões por dia.
Motivos para essa ressaca parecem não faltar: clientes com endividamento acima do razoável, consumidores que não previam gastos gerados pelo carro e a piora do mercado de crédito explicam a dificuldade em se manter o carnê em dia.
"Com a situação mais difícil, o consumidor prefere deixar de pagar uma parcela alta e que não seja tão prioritária. Nesse caso, o carro se encaixa perfeitamente: as parcelas somam algumas centenas de reais e, no limite, a pessoa pode devolver o bem e usar o transporte público", diz o professor do Ibmec-SP, Ricardo José de Almeida.
Para o especialista em finanças pessoais, é provável que a crise tenha atingido inicialmente o consumidor de menor renda - das classes C e D - que, muitas vezes, comprou seu primeiro carro nos últimos meses.
Era exatamente esse cliente que era disputadíssimo por montadoras e bancos até o começo do ano.
Nas concessionárias, além de balões coloridos e clima de festa, os consumidores sentiam-se atraídos por condições inéditas de financiamento. Houve parcelamento em até 100 meses. Com prazos elásticos, os pagamentos mensais diminuíram e muitos tiveram coragem de entrar, pela primeira vez, em uma concessionária para fechar negócio.
"Esse cliente entrou no empréstimo porque a parcela cabia no bolso, mas ele passou a comprometer praticamente todo o orçamento. Numa situação desfavorável, como a atual, as despesas podem crescer, o salário continua o mesmo e surge a inadimplência", explica Ricardo Almeida.
Para muitos desses novos motoristas, gastos corriqueiros gerados por um veículo - como um conserto eventual, seguro ou o IPVA - não estavam previstos e passaram a extrapolar o orçamento. Para quem estava nessas situações meses atrás, era possível pedir socorro aos bancos com o crédito pessoal ou o consignado. Mas a crise tornou bancos mais criteriosos na liberação desses recursos e o juro, mais alto.
"Há muitos casos de pessoas que estão usando o cheque especial para completar o salário ou famílias que pagam dívidas com novas dívidas. Isso é uma bola de neve que acaba virando inadimplência em algum momento", diz o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida.Rodrigo Del Claro, diretor da Crivo, consultoria de análise de crédito que presta serviço à maioria do setor de financiamento automotivo, diz que os números do BC só não são piores porque parte das instituições continua, a despeito da crise, aumentando suas operações nas classes C e D, o que tem mantido o crescimento do crédito no setor.
"Algumas financeiras, que estão mais dispostas a tomar mais risco, continuam crescendo principalmente nesse segmento."
Coment.: Pra variar, mau direcionamento do dinheiro público. Enquanto o transporte público agoniza e a população sofre com o descaso tanto do governador como do prefeito em relação à precariedade de linhas de ônibus e metrô.
Quer saber: Cada eleitor de Serra/kassab tem aquilo que merece.
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