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Cadernos: A desejada morte do editor

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Editores By José Saramago   V oltaire não tinha agente literário. Não o teve ele nem nenhum escritor do seu tempo e de largos tempos mais. O agente literário simplesmente não existia. O negócio, se assim lhe quisermos chamar, funcionava com dois únicos interlocutores, o autor e o editor. O autor tinha a obra, o editor os meios para publicá-la, nenhum intermediário entre um e outro. Era o tempo da inocência. Não quer isto dizer que o agente literário tenha sido e continue a ser a serpente tentadora nascida para perverter as harmonias de um paraíso que, verdadeiramente, nunca existiu. Porém, direta ou indiretamente, o agente literário foi o ovo posto por uma indústria editorial que havia passado a preocupar-se muito mais com um descobrimento em cadeia de best-sellers que com a publicação e a divulgação de obras de mérito. Os escritores, gente em geral ingênua que facilmente se deixa iludir pelo agente literário do tipo chacal ou tubarão, correm atrás de promessas de vulto

Israel: São os judeus antropófagos?

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"Bem fazem as nações que chamamos civilizadas  em não meter no espeto  os inimigos vencidos"   (Voltaire) ANTROPÓFAGOS N ão resta dúvida que existam antropófagos. O atual governo de Israel não nos deixa mentir. Na antigüidade não foram os ciclopes os únicos a se alimentarem às vezes de carne humana. Conta Juvenal que entre os egípcios - esse povo tão sábio, tão famigerado por suas leis, esse povo tão piedoso que adorava crocodilos e cebolas - os tentiritas comeram certa vez um inimigo que lhes caiu nas mãos. Não o diz de oitiva: estava no Egito, porto de Têntiro, quando se cometeu o crime quase aos seus olhos. E lembra, ao relatar o caso, os gascões e saguntinos, que outrora se alimentaram de carne dos próprios compatriotas. Voltaire nos conta que, ainda em 1725, trouxeram-se quatro selvagens do Mississipi a Fontainebleau - com os quais teve a "honra" de falar-lhes. Diz que havia entre eles uma dama do país, a quem lhe perguntou se havia comido gente. Respond

Dica: Como escolher o tesoureiro ideal

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Literatura Pertinente, em dias atuais, a receita de Voltaire para se escolher, dentre tantos candidatos, um tesoureiro que beire à honestidade: A DANÇA  Foto: A jóia da Coroa Por François Marie Arouet Setoc devia ir para assuntos comerciais , à ilha de Serendib; mas o primeiro mês de seu casamento, que é, como se sabe, a lua de mel, não lhe permitia deixar a esposa, nem supor que jamais pudesse deixá-la: pediu a Zadig que fizesse a viagem em seu lugar. “Ai! — suspirava este. — Devo ainda colocar maior distância entre mim e a bela Astartéia?! Mas estou na obrigação de servir a meus benfeitores”. Assim disse, chorou e partiu. Não demorou muito em Serendib sem que fosse considerado um homem extraordinário. Tornou-se árbitro. de todas as questões entre os negociantes, amigo dos sábios e conselheiro do pequeno número de pessoas que ouvem conselhos. O rei manifestou desejos de o ver e ouvir. Reconheceu logo o valor de Zadig; confiou na sua sabedoria e fez dele seu amigo. A familiaridade e

Contos: O invejoso

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Clássicos                                                                               O INVEJOSO "A inveja tem a vantagem de corroer o invejoso por dentro "  François-Marie Arouet (*) Z adig procurou consolo, na filosofia e na amizade, dos males que lhe causara a sorte. Possuía, num arrabalde de Babilônia, uma casa arranjada com excelente gosto, onde acolhia todas as artes e divertimentos dignos de um homem de bem. De manhã, franqueava a biblioteca a todos os sábios; e a mesa, de noite, à gente de boa companhia. Mas logo viu como são perigosos os primeiros. Explodiu entre eles uma grande querela acerca da lei de Zoroastro que proibia comer grifo. — Como proibir carne de grifo — diziam uns, — se esse animal não existe? — Tem de existir — diziam outros, — visto que Zoroastro não quer que o comam. Zadig procurou harmonizá-los, dizendo: — Se houver grifos, não os devemos comer; se não os houver, muito menos os comeremos; e assim